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sábado, 12 de janeiro de 2013

SAWABONA SHIKOBA



 Flávio Gikovate.



“Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o início deste milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor. O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência em que um responsabiliza o outro pelo seu bem estar. A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século.
O amor romântico parte de um pressuposto de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos. Muitas vezes ocorre um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características, para se amalgamar ao projeto masculino. A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raíz: o outro tem que saber fazer o que eu não sei. Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéias prática de sobrevivência e pouco romântica, por sinal.
A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente. Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras. O outro, com o qual estabelece um elo, também se sente fração. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem.
O homem é um animal que vai mudando o mundo e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja financeira ou moral. A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado. Visa a aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguem trabalhar sua individualidade. Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva. A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem. Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado.
Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém. Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.
Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal. Na solidão, o indivíduo entende que harmonia e paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro. Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.
O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado. Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém. Algumas cvezes temos de aprender a nos perdoar a nós mesmos…
Caso tenha ficado curioso(a) em saber o que significa SAWABONA, é um cumprimento usado no sul da África que quer dizer: “Eu te Respeito, eu te Valorizo, você é importante para mim“. Em resposta, as pessoas dizem SHIKOBA, que é: “Então, eu existo para você“. 


(Sawabona, ou como é encontrado com mais frequencia nos textos em inglês, sawubona, é uma palavra de origem zulu, utilizada como comprimento, cujo significado geral é “olá”. Dizemos em zulu: "Sawubona. Ninjani?  O significado literal, pelo que pesquisei, é “eu vejo você”.
Encontrei, também, uma entrevista de Pontso Pakkies onde ele dá o testemunho de sua compreensão da palavra, desde a infância até 'a vida adulta, muito interessante e de onde, talvez, Gikovate tenha retirado sua definição. Associo ao que Flávio Gikovate escreveu em seu texto e ao que Pakkies testemunhou.
Ver alguém é mais que olhar. É reconhecer uma presença. Ver um outro diante de mim e, ao mesmo tempo em que reconheço a singularidade de sua presença, só o faço pelo reconhecimento do semelhante em mim.) 
Observações feitas por Nina em :
http://clubedasalmasinquietas.blogspot.com.br/2004/06/sawabona-ou-sawubona.html


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