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quarta-feira, 22 de julho de 2015

Kardec antevê os estudos sobre a Sincronicidade de Jung.

Na Revista Espírita de julho de 1868, Allan Kardec dá o seu parecer a respeito do assunto, no capítulo intitulado “A Ciência da concordância dos números e a fatalidade”. Diz o Codificador que, embora tenha visto alguns casos singulares de concordância entre as datas de certos acontecimentos, isto se deu em pequeno número, para tirar uma conclusão, mesmo aproximada. Acrescenta, porém, que, por não se ver razão para determinada coisa, não é motivo para dizer que ela não exista.

Explica Allan Kardec que há fatos sobre os quais tem uma opinião pessoal, mas que, neste caso, não tem nenhuma. Contudo, se existir uma Lei que regule a concordância dos acontecimentos, um dia ela será conhecida, pois o Espiritismo, que assimila todas as verdades, não irá repelir mais esta. Tendo sido exposta a questão aos Espíritos, estes disseram haver, no conjunto dos fenômenos morais, como nos fenômenos físicos, relações baseadas em números.

Dizem os Espíritos que a Lei da Concordância das datas não é uma quimera. É, porém, uma das coisas que serão reveladas mais tarde e nos darão a chave de muitos fatos que parecem anomalias. Em vista disto, Kardec levanta uma questão: se os acontecimentos que decidem a sorte da Humanidade, de uma nação, de uma tribo, têm vencimentos regulados por uma lei numérica, não é a consagração de uma fatalidade, como fica, então, o livre-arbítrio do homem?

O próprio Kardec responde que isto não entrava, de maneira alguma, o livre-arbítrio humano, pois todas as leis que regem o conjunto dos fenômenos da Natureza têm consequências fatais, inevitáveis, fatalidade esta indispensável à manutenção da harmonia universal. E explica que o homem que sofre estas consequências está submetido à fatalidade, em tudo quanto não depende de sua livre iniciativa.

Assim, por exemplo, diz Allan Kardec: o homem deve morrer fatalmente. Mas se, voluntariamente, apressa a sua morte, pelo suicídio ou pelos excessos, age em virtude de seu livre-arbítrio. Deve-se comer para viver: é a fatalidade; mas, se comer além do necessário, pratica um ato de sua livre vontade; numa cela, o prisioneiro é livre para mover-se à vontade, no espaço que lhe é concedido. Mas as paredes, que ele não pode transpor, restringem-lhe a liberdade; a disciplina é para o soldado uma fatalidade. Mas ele não é livre em suas ações pessoais.

Enfim, conclui Kardec, tendo o homem o livre-arbítrio, em nada entra a fatalidade em suas ações individuais; quanto aos acontecimentos da vida privada, que muitas vezes parecem atingi-lo fatalmente, têm duas fontes bem distintas: uns são a consequência direta de sua conduta na existência presente; ele não pode queixar-se senão de si mesmo e não da fatalidade, ou, como se diz, de sua má estrela. Os outros são inteiramente independentes da vida presente e perecem, por isto mesmo, devidos a uma certa fatalidade.

Altamirando Carneiro