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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Declaração do Dalai Lama sobre a sobre a Questão de sua Reencarnação



Declaração do Dalai Lama sobre sua reencarnação

Muito interessante essa mensagem de S.S O Dalai-Lama sobre sua próxima reencarnação,
demonstrando muita lucidês sobre o momento em que vive. O Dalai abre-se para a democracia ao mesmo tempo que está ciente dos usos que a China (ditadura liberal - o pior dos mundos) quer fazer. Manipulando para empurrar um futuro Dalai Lama falso, submisso às suas vontades.


para mostrar que a china está equivocada e mentido e que ela não tem nenhum moral para dizer quem é a próximo Dalai:



Declaração de Sua Santidade o Décimo-Quarto Dalai Lama, Tenzin Gyatso, sobre a Questão de sua Reencarnação

Introdução.

Meus compatriotas do Tibete, no país e fora dele, a todos que seguem a tradição budista do Tibete e a todos que possuem ligação com o Tibete e os tibetanos: em virtude da sabedoria dos nossos antigos reis, ministros e estudiosos, os ensinamentos completos do Buda, abarcando os ensinamentos das escrituras e conhecimentos dos Três Veículos e dos Quatro Conjuntos do Tantra, bem como suas matérias e disciplinas correlatas, floresceram generosamente na Terra da Neve. O Tibete serviu como fonte para o mundo das tradições culturais budistas e correlatas. Em especial, contribuiu de forma significativa para a felicidade de um sem número de seres na Ásia, inclusive aqueles na China, Tibete e Mongólia.
Nos esforços para manter a tradição budista no Tibete, desenvolvemos uma tradição exclusiva de reconhecimento das reencarnações dos estudiosos, o que contribuiu imensamente para o Darma e os seres sencientes, em especial para a comunidade monástica.
Desde que foi reconhecido e confirmado o onisciente Gedun Gyatso como reencarnação de Gedun Drub no século quinze e estabeleceu-se o Gaden Phodrang Labrang (a instituição do Dalai Lama), reconheceram-se sucessivas reencarnações. O terceiro na linhagem, Sonam Gyatso, recebeu o título de Dalai Lama. O Quinto Dalai Lama, Ngawang Lobsang Gyatso, estabeleceu o Governo Gaden Phodrang em 1642 e se tornou o chefe espiritual e político do Tibete. Durante mais de 600 anos desde Gedun Drub, reconheceu-se uma série de reencarnações inequívocas na linhagem do Dalai Lama.
Os Dalai Lamas têm agido como chefes espirituais e políticos do Tibete durante 369 anos desde 1642. Agora, voluntariamente, terminei com esta prática,


com o orgulho e satisfação de que poderemos usufruir de um sistema democrático de governo como o que floresce em grande parte do mundo. Com efeito, já em 1969 deixei claro que as pessoas que tem esta incumbência (de encontrar as encarnações) é que deveriam decidir se as reencarnações do Dalai Lama deverão continuar no futuro. Porém, na ausência de diretrizes nítidas, caso as pessoas interessadas manifestem um forte desejo pela continuação dos Dalai Lama, haverá um risco evidente do mau uso do sistema de reencarnação com finalidade de aproveitamento para fins de interesses de agenda política. Logo, desde que permaneça física e mentalmente são, me parece importante a elaboração de diretrizes nítidas para o reconhecimento do próximo Dalai Lama, não deixando espaço para a dúvida e engano. Para a inteira compreensão destas diretrizes, faz-se necessário entender o sistema de reconhecimento de um Tulku bem como os conceitos básicos atrás do mesmo. É do que tratarei de explicar rapidamente a seguir.
As vidas passadas e futuras
Para aceitar a reencarnação ou a realidade dos Tulkus, devemos aceitar a existência das vidas passadas e futuras. Os seres sencientes chegam a esta vida presente desde vidas anteriores e renascem após a morte. Aceita-se esta espécie de renascimento contínuo em todas as antigas tradições espirituais e escolas de filosofia indianas, salvo os Charvakas, que era um movimento materialista. Alguns pensadores modernos negam as vidas passadas e futuras alegando que não podemos vê-las. Outros não tem conclusão clara ou ponto de vista definido nesta questão.
Embora muitas tradições religiosas aceitem o renascimento, há diferenças em seus conceitos quanto ao objeto do renascimento, como ocorre o renascimento, e a forma de transitar entre duas vidas. Algumas tradições religiosas aceitam a ideia de uma vida futura, porém rejeitam o conceito das vidas passadas.
De modo geral os budistas acreditam que o nascimento não tem início e que uma vez alcancemos a liberação do ciclo de existência, ao superarmos nosso carma e as emoções destrutivas, não renasceremos sujeitos a estas condições. Logo, os budistas acreditam que há um fim do renascimento como resultado do carma e das emoções destrutivas, porém a maioria das escolas filosóficas budistas não aceita que o continuo mental tenha um fim. A rejeição do renascimento passado e futuro entrariam em conflito com o conceito budista da base, caminho e resultado, o qual deve ser explicado tomando-se como base a mente disciplinada ou indisciplinada. Se aceitamos este argumento, deveremos logicamente aceitar que o mundo e seus habitantes surgem sem causas e condições. Logo, desde que você se considere budista, é necessário aceitar o renascimento passado e futuro.
Para os que se lembram de suas vidas passadas, o renascimento é uma experiência nítida. No entanto, a maioria dos seres normais esquecem suas vidas passadas ao passar pelo processo da morte, do estado intermediário e do renascimento. Visto que os renascimentos passados e futuros lhes parecem um pouco nebuloso, devemos utilizar a lógica apoiada em evidência para comprovar os renascimentos passados e futuros.
Há uma série de argumentos lógicos diferentes enunciados nas palavras do Buda e comentários posteriores para comprovar a existência de vidas passadas e futuras. Em síntese, resumem-se em quatro pontos: a lógica de que as coisas são precedidas por coisas de natureza semelhante; a lógica de que as coisas são precedidas de uma causa efetiva ( substancial) ; a lógica de que a mente se tornou familiarizada as coisas do passado, e a lógica de se ter adquirido experiência das coisas que aconteceram no passado.
Em última instância, estes argumentos têm como premissa a ideia que a natureza da mente, sua clareza e consciência, devem ter a clareza e consciência como sua causa efetiva.( substancial). Um objeto inanimado, ou nenhuma outra entidade pode ser sua causa substancial.
Isto é autoexplicativo.




Mediante a análise lógica concluímos que um nova fluxo de clareza e consciência não será capaz de surgir sem causa ou a partir de causas não correlatas. Ao observarmos que a mente não é produzida em laboratório, deduzimos também que não há nada que venha a eliminar a continuidade da clareza e consciência sutil.
Até onde sei, nenhum psicólogo, físico ou neurocientista moderno conseguiu observar ou prever a produção da mente a partir da matéria ou sem uma causa.
Há pessoas capazes de lembrar sua vida passada recente ou até muitas das vidas passadas, podendo também reconhecer lugares e parentes destas vidas. Não é apenas algo que aconteceu só no passado. Mesmo hoje, há muita gente no Oriente e no Ocidente que se lembram de incidentes e experiências de suas vidas passadas. Negar este fato não é forma honesta e imparcial de realizar uma pesquisa, pois é afirmar uma posição contrária a esta evidência. O sistema tibetano de reconhecer as reencarnações é um modo autêntico de investigação com base nas lembranças pelas pessoas de suas vidas passadas.
De que maneira ocorre o renascimento
Há duas maneiras de alguém renascer após a morte: o renascimento sob o domínio do carma e das emoções destrutivas, e o renascimento através do poder da compaixão e das preces. Com relação à primeira, por causa da ignorância cria-se o carma negativo e positivo, sendo que seus vestígios permanecem na consciência. Estes são reativados através do desejo e da busca, impelindo-nos rumo à próxima vida. A seguir renascemos involuntariamente nos reinos superiores ou inferiores.
É esta a maneira dos seres normais circularem sem parar através da existência, como a roda que gira. Mas mesmo sob tais circunstâncias, os seres normais pela diligencia e convicção, aspirando criar causas através de praticas positivas e virtuosas em seu dia a dia e se familiarizando com tais causas, por ocasião da morte poderão reativa-las e reforça-las e proporcionarão os meios para o renascimento em um reino superior da existência.

Por outro lado, os Bodisatvas superiores, que atingiram o caminho da visão, não renascem através do vigor de seu carma e emoções destrutivas, mas sim devido ao poder de sua compaixão pelos seres sencientes e com base em suas preces em benefício dos outros. São capazes de escolher seu lugar e hora de nascimento, bem como seus futuros pais. Este gênero de renascimento, unicamente em benefício dos outros, é o renascimento através da força da compaixão e das preces.
O significado de Tulku
Parece que o costume tibetano de colocar o epíteto 'Tulku' (o Corpo de Emanação do Buda) nas reencarnações reconhecidas, começou quando os devotos usaram o mesmo como título honorífico, porém com o passar do tempo esta se tornou uma expressão comum. De modo geral, a expressão Tulku se refere a um aspecto específico do Buda, um dos três ou quatro constantes do Veículo Sutra. De acordo com a explicação destes aspectos do Buda, mesmo uma pessoa totalmente dominada pelas emoções destrutivas e pelo carma, possui o potencial de atingir o Corpo da Verdade (Darmakaya), que compreende o Corpo da Verdade da Sabedoria e o Corpo da Verdade da Natureza.
O primeiro se refere à mente iluminada do Buda, que vê tudo diretamente e com precisão, como realmente é, em um instante. Isento de toda emoção destrutiva e de seus vestígios, através do acúmulo do mérito e de sabedoria durante um longo período de tempo.
O segundo, o Corpo da Verdade da Natureza, se refere à natureza vazia daquela mente onisciente e iluminada. Juntos, formam os aspectos dos Budas. No entanto, com não são acessíveis diretamente aos outros, mas apenas entre os próprios Budas, torna-se imperativo, para auxiliá-los, que os Budas se manifestem em formas físicas acessíveis aos seres sencientes.
Logo, o aspecto físico em última instância de um Buda é o Corpo de Gozo Completo (Sambogakaya), acessível aos Bodisatvas superiores e tem cinco características específicas tal como residir no Céu Akanishta. A partir do Corpo de Gozo Completo,
manifestam-se os inúmeros Corpos de Emanação ou os Tulkus (Nirmanakaya) dos Budas, os quais aparecem como deuses ou humanos e são acessíveis até para os seres comuns. Ambos os aspectos físicos da Buda são designados Corpos de Forma, destinados aos outros.
O Corpo de Emanação é tríplice: a) o Corpo de Emanação Supremo como o Buda Shakyamuni, o Buda histórico, que manifestou as doze ações de um Buda, a exemplo de ter nascido no local que selecionou e assim por diante; b) o Corpo de Emanação Artístico que serve aos outros ao aparecer na forma de artesãos, artistas e assim por diante; e c) o Corpo de Emanação Encarnado, através do qual os Budas aparecem em diversas formas, como seres humanos, divindades, rios, pontes, plantas medicinais e árvores, para auxiliar os seres sencientes. Destes três tipos do Corpo de Emanação, as reencarnações dos mestres espirituais reconhecidos e conhecidos no Tibete como 'Tulkus', acham-se na terceira categoria. Entre estes Tulkus poderão ser encontrados muitos que realmente se acham na categoria de Corpos de Emanação Encarnados dos Budas, o que, no entanto, não necessariamente se refere a todos eles. Entre os Tulkus do Tibete, há os que são reencarnações dos Bodisatvas superiores, os Bodisatvas nos caminhos da acumulação e da preparação, bem como de mestres que evidentemente ainda deverão percorrer estes caminhos. Assim, confere-se o título de Tulku aos Lamas reencarnados, baseados em sua semelhança com seres iluminados ou por sua conexão com determinadas qualidades dos seres iluminados.
Como pronunciou Jamyang Khyentse Wangpo:
"A reencarnação é o que ocorre quando alguém renasce após o falecimento do antecessor; a emanação é quando ocorrem manifestações sem o falecimento da fonte."
O reconhecimento das Reencarnações
A prática de reconhecer quem é quem através da identificação de sua vida anterior, ocorreu quando o próprio Buda Shakyamuni estava vivo. Há muitos relatos nas quatro Seções Agama do Vinaya Pitaka, as Histórias Jataka, o Sutra dos Sábios e dos Tolos, o Sutra dos Cem Carmas e assim por diante, nos quais o Tathagata revelou o funcionamento do carma, relatando em inúmeros contos como os efeitos de determinados carmas criados na vida passada, são sentidos por uma pessoa em sua vida atual. Ademais, nas histórias das vidas dos mestres indianos que viveram depois do Buda, muitos destes revelaram seu local de nascimento anterior. Há muitos contos do gênero, porém o sistema de reconhecimento e denominação de suas reencarnações não aconteceu na Índia.
O sistema de reconhecimento das reencarnações no Tibete
O reconhecimento de vidas passadas e futuras é relatado na tradição nativa tibetana o Bon, antes da chegada do budismo.A partir da difusão do budismo no Tibete, praticamente todos os tibetanos acreditam nas vidas passadas e futuras. A investigação das reencarnações de muitos mestres espirituais que desenvolveram o Darma, bem como o costume de rezar com devoção aos mesmos, floresceu no Tibete. Uma série de escrituras autênticas, livros nativos tibetanos, a exemplo do Mani Kabum e dos Ensinamentos Quíntuplos Kathang, e outros como Os Livros dos Discípulos Kadam e a Guirlanda de Jóias: Respostas a Indagações, relatadas pelo glorioso e incomparável mestre indiano Dipankara Atisha no século 11 no Tibete, descrevem histórias sobre a reencarnação de Arya Avalokteshvara, o Bodisatva da compaixão.
No entanto, a atual tradição de reconhecimento formal das reencarnações dos mestres teve início no século 13, com o reconhecimento de Karmapa Pagshi como reencarnação de Karmapa Dusum Khyenpa por seus discípulos, conforme a sua previsão. Desde então houve dezessete encarnações de Karmapa em mais de 900 anos. Da mesma forma , o reconhecimento de Kunga Sangmo como reencarnação de Khandro Choekyi Dronme no século 15, houveram também mais de dez encarnações de Samding Dorje Phagmo. De modo que entre os Tulkus reconhecidos no Tibete, há praticantes tântricos monásticos e leigos, de ambos os gêneros.




Este sistema de reconhecer as reencarnações se difundiu com o tempo a outras tradições tibetanas budistas e Bon no Tibete. Há atualmente Tulkus reconhecidos em todas as tradições tibetanas budistas, como Sakya, Geluk, Kagyu e Nyingma, bem como Jonang e Bodong, que estão a serviço do Darma. No entanto pode-se dizer também que é evidente que alguns dentre estes Tulkus são uma vergonha.
O onisciente Gedun Drub que foi discípulo direto de Je Tsongkhapa, fundou o Monastério Tashi Lhunpo em Tsang e cuidou de seus alunos. Veio a falecer em 1474 aos 84 anos de idade. Embora no início não se houvesse feito esforços para identificar sua reencarnação, o povo foi obrigado a reconhecer uma criança de nome Sangye Chophel, nascida em Tanak, Tsang (1476), em razão suas surpreendentes e impecáveis lembranças de sua vida passada. Desde então, inicio-se uma tradição da procura e reconhecimento das sucessivas reencarnações dos Dalai Lamas pelo Gaden Phodrang Labrang, e mais tarde pelo Governo de Gaden Phodrang.
As formas de reconhecimento das reencarnações
Após a criação do sistema de reconhecimento dos Tulku foi criada, se começou a desenvolver uma série de procedimentos para este fim. Dentre estes, alguns dos mais importantes referem-se à carta profética do antecessor bem como as demais instruções e indicações que poderiam acontecer, a descrição fiel pela reencarnação de sua vida passada; a identificação dos bens do antecessor e o reconhecimento das pessoas que lhe eram próximos. Fora estes outros métodos incluem pedir aos mestres espirituais confiáveis a sua adivinhação e consultar as previsões dos oráculos mundanos, que são proferidas através dos médiuns em transe, bem como observar as visões que se manifestam nos lagos sagrados dos protetores como o Lhamoi Latso, lago sagrado ao sul de Lhasa.
Quando ocorre mais de um candidato para reconhecimento como Tulku e se torna difícil a decisão, há o costume de tomar a decisão final mediante a adivinhação, empregando o método da bola de massa (zen tak) perante uma imagem sagrada, ao se invocar o poder da verdade.
A emanação antes do falecimento do antecessor (ma-dhey tulku)
Em geral uma reencarnação refere-se ao renascimento de alguém como ser humano após o seu falecimento. De modo geral, os seres sencientes normais não conseguem manifestar uma emanação antes da morte (ma-dhey tulku), mas os Bodisatvas superiores, podem se manifestar em centenas ou milhares e corpos ao mesmo tempo, conseguem manifestar uma emanação antes da morte. No sistema tibetano de reconhecimento de Tulkus, há emanações pertencentes ao mesmo fluxo mental do antecessor, emanações as quais acham-se ligadas a outros através do poder do karma e das preces, bem como emanações as que chegam em decorrência das bênçãos e denominações.
A principal finalidade do aparecimento de uma reencarnação é a continuação do trabalho não concluído pelo antecessor, para servir o Darma e os seres.
No caso de um Lama que seja um ser comum, ao invés de ter uma reencarnação pertencente ao mesmo contínuo mental, poderá ser reconhecida como sua emanação uma outra pessoa com ligações com o referido Lama através do carma puro e das preces. Por outro lado, é possível ao Lama nomear um sucessor que seja ou seu discípulo ou uma pessoa jovem, para ser reconhecido como sua emanação. Visto que estas opções são possíveis na hipótese de um ser normal, é viável a emanação antes da morte que não seja do mesmo continuo mental. Em determinados casos, um Lama superior poderá ter várias reencarnações ao mesmo tempo, a exemplo das encarnações do corpo, da voz, da mente e assim por diante. Houve recentemente conhecidas emanações antes da morte, como as de Dudjom Jigdral Yeshe Dorje e Chogye Trichen Ngawang Khyenrab.
O Uso da Urna Dourada.
A medida que a era de degenerescência avança, e que algumas encarnações de grandes Lamas são reconhecidas por motivos políticos, mais e mais são reconhecidos mediante meios inadequados e questionáveis, em decorrência do qual o Dharma sofreu enorme dano.
Durante o conflito entre o Tibete e os Gurkhas (1791-93) o Governo do Tibete precisou pedir apoio militar aos Manchus. Em decorrência, os militares Gurkhas foram expulsos do Tibete, porém posteriormente as autoridades Manchu elaboraram uma proposta de 29 pontos com o pretexto de tornar mais eficiente a administração do governo do Tibete. A proposta incluiu a sugestão de tirar a sorte em uma Urna Dourada, para decidir sobre o reconhecimento das reencarnações dos Dalai Lamas, dos Panchen Lamas e dos Hutuktus, título mongol dado aos Lamas superiores.
Assim este procedimento foi seguido para o reconhecimento de algumas reencarnações do Dalai Lama, Panchen Lama e demais Lamas superiores. O ritual a ser seguido foi elaborado pelo Oitavo Dalai Lama. Jampel Gyatso. Ainda assim , mesmo depois da introdução deste sistema, o procedimento foi dispensado para o Nono, Décimo-Terceiro e para mim mesmo, o Décimo-Quarto Dalai Lama.
Mesmo no caso do Décimo Dalai Lama, a reencarnação autêntica já tinha sido encontrada e na verdade o procedimento não foi observado, porém para agradar os Manchus apenas foi anunciado que observou-se o procedimento.
O sistema da Urna Dourada foi empregado de fato apenas nos casos dos Décimo-Primeiro e do Décimo segundo Dalai Lama. No entanto, o Décimo segundo Dalai Lama já tinha sido reconhecido antes do emprego do procedimento.Logo, houve apenas uma ocasião na qual reconheceu-se um Dalai Lama por este método. De igual forma, entre as reencarnações do Panchen Lama, com exceção do Oitavo e do Nono, não houve ocasiões do emprego deste método. O sistema foi imposto pelos Manchu, porém os tibetanos não tinham fé no mesmo por lhe faltar qualidade espiritual. Contudo, para seu emprego honesto, podemos considerá-lo semelhante ao modo de adivinhação com o uso do método da bola de massa (zen tak).
Em 1880 durante o reconhecimento do Décimo-Terceiro Dalai Lama como reencarnação do Décimo segundo , ainda existiam traços da relação Patrono/sacerdote entre Tibete e os Manchu. Mas este foi reconhecido como a reencarnação inequívoca pelo Oitavo Panchen Lama, pelas previsões dos oráculos de Nechung e Samye, bem como pela observação das visões que apareceram em Lhamoi Latso, e portanto o procedimento da Urna Dourada não foi observado. Vê-se isto com clareza mediante o testamento final do Décimo-Terceiro Dalai Lama do Ano do Macaco D'Água (1933) no qual o mesmo afirma:
"Como todos sabem, fui selecionado não na maneira de costume de sorteio na Una Dourada, porém a minha seleção era previsível e adivinhada. De acordo com estas adivinhações e profecias, fui reconhecido como a reencarnação do Dalai Lama e entronizado.
Ao ser reconhecido como a Décima-Quarta reencarnação do Dalai Lama em 1939, esta relação de Patronato entre Tibete e China já tinha terminado. Logo, não havia porque confirmar a reencarnação mediante o emprego da Urna Dourada. É fato conhecido que o Regente do Tibete e a Assembleia Nacional Tibetana observaram o procedimento de reconhecer a reencarnação do Dalai Lama, levando em conta as previsões dos Lamas superiores, oráculos e visões em Lhamoi Latso; Os chineses não tiveram nenhuma ingerência aqui. N o entanto, mais tarde algumas autoridades interessadas do Guomintang divulgaram mentiras nos jornais, declarando ter concordado em relevar o emprego da Urna Dourada e que Wu Chung-tsin presidiu minha entronização, e assim por diante. Esta mentira foi contestada por Ngabo Ngawang Jigme, Vice-Presidente da Comissão Permanente do Congresso Nacional do Povo, que na República Popular da China era tido como a mais progressiva das pessoas, na Segunda Sessão do Quinto Congresso do Povo da Região Autônoma do Tibete (31 de julho de 1989). Isto fica claro na conclusão de seu discurso, ao dar uma explicação detalhada dos acontecimentos e divulgar documentação comprobatória, quando pergunta:
"Qual a necessidade do Partido Comunista dar sequencia a e insistir nas mentiras do Guomintang?"
Estratégia desonesta e falsas esperanças
No passado recente houve casos de administradores irresponsáveis de influentes Monastérios, que empregavam meios impróprios para o reconhecimento das reencarnações, e que solaparam o Darma, a comunidade monástica e nossa sociedade. Ademais, desde a era Manchu as autoridades políticas da China têm empregado com diversos meios enganosos no budismo, utilizando-se de mestres budistas e os Tulkus como meio para atingir seus objetivos políticos, à medida que se imiscuíam em assuntos do Tibete e da Mongólia. Atualmente os governantes autoritários da República Popular da China, que na condição de comunistas rejeitam a religião mas ainda assim se envolvem em assuntos da religião, impuseram a chamada campanha da reeducação e declararam a Ordem Número Cinco sobre o controle e reconhecimento das reencarnações, que vigora desde 1º de setembro de 2007. Isto é um escândalo e uma desgraça. A imposição de diversos métodos impróprios de reconhecimento das reencarnações para erradicar nossas singular tradição cultural tibetanas esta causando danos difíceis de sanar.
A demais, dizem que estão esperando a minha morte para reconhecer o Décimo-Quinto Dalai Lama. Fica claro a partir de suas recentes regras e regulamentos, de declarações posteriores, que possuem uma estratégia pormenorizada para enganar os tibetanos, os seguidores da tradição budista do Tibete bem como a comunidade mundial. Logo, tendo a responsabilidade de proteger o Dharma e os seres sencientes, contrariando estas intrigas prejudiciais, declaro o seguinte.
A próxima reencarnação do Dalai Lama
Conforme já mencionado, a reencarnação é um fenômeno que ocorre ou mediante a opção da pessoa em questão ou ao menos através da força de seu carma, mérito e preces Assim sendo, a pessoa que vai reencarnar é a única que possui autoridade legítima sobre onde e como ela renascerá e como deverá ser reconhecida a reencarnação.
É fato que ninguém poderá obrigar a pessoa em questão, ou manipulá-la. É com certeza inadequado aos chineses comunistas, que rejeitam de forma explícita até a ideia das vidas passadas e futuras, para não citar o conceito do Tulkus reencarnado, se ocuparem do sistema de reencarnação e em especial das reencarnações dos Dalai Lamas e dos Panchen Lamas. Esta acintosa ingerência vai contra sua própria ideologia política e revela o seu duplo padrão moral. A continuar no futuro esta situação, não será possível aos tibetanos e aos que seguem a tradição budista do Tibete reconhece-la ou aceitá-la.
Quando me aproxime dos noventa anos de idade, consultarei os Lamas superiores das tradições budistas do Tibete e demais pessoas interessadas, seguidores do budismo do Tibete, para reavaliar se a instituição do Dalai Lama deverá ou não continuar. Tomaremos uma decisão com este fundamento. Caso seja resolvido que a reencarnação do Dalai Lama deverá continuar, e que há necessidade de se reconhecer o Décimo-Quinto Dalai Lama, a responsabilidade para tal residirá em primeiro lugar com as autoridades interessadas do Gaden Phodrang Trust do Dalai Lama.
Caberá a eles consultar os diversos titulares das tradições budistas do Tibete bem como os Protetores sob juramento do Dharma, os quais estão ligados de modo inseparável à linhagem dos Dalai Lamas. Dever-se-á buscar o conselho e orientação dos seres em questão e realizar os procedimentos de procura e reconhecimento, de acordo com a tradição. Deixarei instruções nítidas e por escrito sobre a matéria. Guardem em mente que com exceção da reencarnação reconhecida mediante tais métodos legítimos, não haverá reconhecimento ou aceitação de um candidato selecionado para fins políticos, por ninguém, inclusive na República Popular da China.

O Dalai Lama

Dharamsala



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