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domingo, 11 de agosto de 2013

O inferno da paixão




Por mais odes e romances ficcionais que sejam escritos, ou filmes e novelas sejam gravados enaltecendo a paixão, não se iluda! A história da humanidade está repleta de exemplos de desgraças e fatalidades causadas por essa doença. A paixão é um crime amoroso e social, pois que turva a mente, trai o instinto, deturpa a razão, e seu resultado será sempre o mesmo: desilusão.

Um homem apaixonado vê aflorarem seus sentimentos mais puros, mas sob uma forma que só lhe trará malefícios. Também vê seus instintos mais cruéis, antes sob controle, escaparem de suas jaulas e lhe furtarem a razão, sem que nada possa fazer para contê-los. Ele cria factoides em sua mente e os considera como verdadeiros, perde a racionalidade, vive cada sensação de forma tão intensa e descontrolada que passa até a somatizá-las. São as chamadas "borboletas no estômago", o "suor frio", as vertigens, e assim por diante. Efeitos que não diferem muito daqueles causados por drogas alucinógenas. A mulher, seu objeto de paixão, é sua deusa, sua tábua de salvação. Ela é perfeita, seu perfume é maravilhoso, sua meiguice e fragilidade são patentes. Ele venera o ar que ela respira, deseja seu corpo ardentemente, e ouvir sua voz eternamente.

"A paixão é uma forma de demência." - Nessahan Alita



Confundindo essas sensações com o amor verdadeiro, que é muito diferente, esse homem fragilizado desenvolverá um medo tétrico de perder a mulher que tanto "ama", e cometerá erros fatais na manutenção do relacionamento. Em outras palavras, perderá a mulher justamente por fazer de tudo para não perdê-la! Esses atos impensados em geral se encaixam em duas vertentes que, embora contraditórias, manifestam-se conjuntamente: A submissão e o cerceamento. Vejamos alguns exemplos:

Submissão, que ele demonstrará na tentativa de agradá-la, negando porém seu próprio instinto masculino:

Ele a tratará como uma divindade, com poder sobre a vida e a morte (dele);
A presenteará constantemente, com flores, chocolates, bolsas, e o que mais estiver ao seu alcance;
Deixará as decisões a cargo dela, tanto na vida cotidiana quanto na relação;
Será gentil, cavalheiro, amoroso e carinhoso ao extremo;
Evitará ou cessará inevitáveis discussões dando sempre razão a ela.

Cerceamento, que é a exacerbação de seu instinto protetor, mas com o objetivo de cercá-la, pelo medo de perdê-la:

Monitorará cada passo que ela der;
Investigará toda a vida da mulher, pregressa e presente;
Ficará atento a cada homem que esteja no mesmo ambiente em que os dois estiverem, para detectar possíveis olhares insinuantes;
Fará centenas de perguntas a ela, na tentativa de se certificar de seus sentimentos por ele, sua lealdade e honestidade;
Discutirá por conta de qualquer deslize dela, mesmo que tal deslize só tenha ocorrido na imaginação dele, mostrando um ciúme doentio, mas acabará sempre dando razão a ela;
Amigas dela serão consideradas mundanas, e amigos considerados ex-amantes/ex-namorados/ex-ficantes, ou então ameaças em potencial.

O apego e a paixão andam de mãos dadas, causando stress, pesadelos, e minando aos poucos a sanidade do homem, bem como sua saúde física.

Já a mulher, que fez de tudo para despertar a paixão no homem, por conta de seu utilitarismo e histrionismo, contribuirá para sua continuidade, a fim de alimentar o próprio ego, fazendo joguinhos emocionais com o apaixonado, de forma a instigá-lo a errar cada vez mais, quando então poderá culpá-lo, se dirá "cansada", e o jogará fora. Esse é o prêmio da paixão!

Aprenda com seus erros, exercite seu desapego, escolha corretamente a mulher com quem deseja se relacionar, e jamais se apaixone. Se você ainda não conhece o inferno, conhecerá se apaixonando!


Rooster

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