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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Admirar o Amado


O poder da admiração


Por: Adriano Cesar de Oliveira Santos

Um dos grandes sentimentos que existem no ser humano, se não o maior, é a admiração. Muitos podem dizer que o maior sentimento é o amor, mas eu arriscaria dizer que o amor vem depois da admiração, pois nasce através dela.

A forma de admiração mais comum que conhecemos é a admiração física, pois ela se faz presente no primeiro contato que uma pessoa tem com a outra que é o visual, exceto no caso de portadores de alguma deficiência visual, mas aqui estamos falando da grande maioria da população.

O chamado ‘amor à primeira vista’ na verdade deveria se chamar ‘admiração à primeira vista’, pois o amor só nascerá de fato muito depois. Quando olhamos para uma pessoa do sexo oposto, ou não, e a admiramos profundamente tendo por base nossa concepção particular do que é belo, chamamos a isso erroneamente de ‘amor’.

Se não há admiração à primeira vista, então pode acabar ocorrendo à segunda ou terceira, quando houver um contato mais pessoal e a admiração nascer pela forma com que o outro se expressa em gestos ou palavras, por seus pensamentos, caráter, inteligência, posição em relação a vida ou alguns temas, entre outros fatores que podem desencadear essa admiração.

Mas o fato é que havendo admiração por outro ser humano, já caminhamos mais da metade do caminho para que à partir daí se manifeste o mais básico dos sentimentos de união, a amizade. Com a amizade os laços se estreitam, novos conhecimentos sobre a pessoa o qual se admira surgem e serão talvez incorporados, ou não, à admiração já existente.

E quando surge o amor?

O amor é o clímax da admiração e é um sentimento unilateral, que pode por vezes ser recíproco. O amor não é uma tormenta de sentimento, não é um fogo, algo que te deixa sem ar, que faz tuas pernas tremerem, que causa aquela sensação de frio na barriga. Todos esses sentimentos, sensações físicas e emocionais são mais cabíveis à paixão, que é passageira, pois da forma como chega arrastando tudo como um furacão e é capaz de mudar uma vida e gerar atitudes ‘loucas’, ela vai embora deixando para trás algumas vezes uma grande decepção por atitudes insensatas, tomadas em um momento de sentimentos à flor da pele.

“O amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É o contentamento descontente
É dor que desatina sem doer”

O trecho acima da música Monte Castelo, da banda Legião Urbana, que tem como fonte original uma poesia de Luíz Vaz de Camões, na verdade retrata a paixão e não o amor.

O amor é puro, sereno, sensato e tranquilo, é o irmão mais maduro, experiente e calmo da paixão, e sendo assim é o mais duradouro. O amor é acompanhado do desejo de estar junto, de preocupação, do querer bem, querer cuidar de quem se ama, de sentir-se bem apenas com o segurar de mãos, com a simples troca de olhares. Como disse, o amor é baseado na serenidade e não na tormenta.

Assim como o amor entre seres-humanos nasce pela admiração, o amor por objetos, trabalhos, animais, causas, entre outros, também nascem baseados no mesmo sentimento. Sendo assim, é fato que o caminho inverso ao amor ocorre pela perda da admiração, por qualquer que seja o motivo.

Quando você admira alguém por seus pensamentos e a postura desse alguém muda, há a perda dessa admiração. Quando você admira uma pessoa por sua beleza e essa pessoa se descuida no trato pessoal, há a perda da admiração. Quando você admira a empresa onde trabalha e fatos internos o desagradam, há a perda de admiração. Quando você admira um animal e este passa a ter atitudes desagradáveis, há a perda de admiração. E assim por diante.

Falando especifícamente da relação entre seres humanos, há necessidade da parte de quem é amado conhecer os fatores que causam admiração em quem ama, e consequentemente manter acessa essa fonte de admiração. É na falta de conhecimento do que gera a admiração ou na falta de visão em perceber que algo mudou nessa fonte geradora de admiração, que ocorre então a grande maioria dos términos de relação.

Grande parte das pessoas que buscam conquistar alguém que de alguma forma causou admiração, apresentam o melhor de si na tentativa de que a outra pessoa também sinta a mesma admiração, e nesse momento erramos de forma grave quando nos apresentamos como alguém que na verdade não somos, como em pensamentos e atitudes.


Ser aquele que somos ou aquele que devemos ser?!

Esse tipo de ‘mentira’ desnecessária pode ter o efeito desejado momentaneamente, porém, o que é do perfil da pessoa não muda e não se pode sustentar pensamentos ou atitudes que não condizem com a realidade, sendo assim, a decepção em ambas as partes ocorre pouco tempo depois.

Então, quando desejar conquistar o amor ou amizade de alguém, seja sincero e valorize suas qualidades que possam de fato gerar admiração, e quando necessitar manter uma relação de amizade ou amor já conquistadas nunca deixe de manter acessa essas qualidades, assim como nunca deixe de valorizar as qualidades que você admira na outra pessoa, pois assim ambas se sentem importantes.

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