Da mesma forma que a criança pequena se desespera com a ausência da mãe, o adulto sente-se desesperado diante da possibilidade da perda do objeto de desejo, em que idealisticamente projeta o seu “gozo”. Sente-se fragilizado e vulnerável, o gatilho do medo outrora experienciado é acionado e o ciúme evidencia a fraqueza e o temor. Quanto maior a dependência menor será a auto-estima, maior o sentimento de vulnerabilidade e mais patológico pode vir a ser o ciúme.
Portanto, lembrando a psicanalista e sexóloga Regina Navarro Lins “a existência do ciúme está ligada a imagem que temos de nós mesmos. Quanto pior for a impressão que alimentamos de nós mesmos mais teremos que conviver com o medo de ser abandonado, de ser trocado por outro. Quanto mais intenso o sentimento de inferioridade, maior será a insegurança e mais forte o ciúme”.
O ciúme possui pouco espaço para se manifestar em pessoas que se consideram interessantes e com auto-estima elevada. Amar, respeitar, valorizar a si mesmo, portanto, precisa sempre vir em primeiro plano.
Para nos livrarmos do sentimento de ciúme precisamos estar mais focados em nós mesmos, depender menos dos outro em todas as áreas da vida, buscar o sentimento de completude interna, não se permitir ser metade de ninguém.
Amamos de forma mais verdadeira quando nos sentimos plenos em nós mesmos. Aqueles cujo amor romântico os leva a desejar ser “a metade da laranja” mais cedo ou mais tarde poderão ter que “saborear” o azedume do limão.
Quem se sente enciumado alimenta-se da revolta causada pela suposta felicidade do outro, fruto da sua projeção, enquanto amarga em seu interior o sentimento de perda mal digerido. E isso até mesmo quando na prática tal perda não se confirma ou pode significar um verdadeiro ganho, uma libertação de uma relação fracassada.
A imaginação corre solta, tanto para a projeção do hipotético desmoronamento da sua felicidade, se é que de fato ela existia, quanto para se sentir impotente diante da insuportável realização do outro.
A cura desse sentimento aniquilador e destrutivo é possível, mas só para quem ousar ter a coragem de perceber que o grande problema não é a perda – real ou imaginaria – do outro, mas a constatação do que está em escassez em si mesmo, que necessita urgentemente ser reconhecido e transformado.
Oliveira Fidelis Filho
Extraído de : http://espiritualidadeterapeutica.blogspot.com.br/2011/12/medo-e-ciume.html
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