“Senhor, mostra-me Maya, a ilusão do mundo, que torna possível o impossível”.
O Senhor lhe disse: “Mas, Narada, porque você quer conhecer Maya, a ilusão do mundo?”
Narada insistiu: “Senhor, estou feliz aqui, mas quero conhecer as ilusões do mundo material”.
O Senhor concordou e, alguns dias depois, saiu em viagem na companhia de Narada. Andaram bastante e depois de algum tempo Ele disse: “Narada, tenho sede; por favor, consegue-me um copo d’água em alguma parte”.
E assim, Narada saiu em busca de água. Não a encontrando perto, andou até encontrar uma casa. Bateu na porta e uma encantadora jovem, cuja beleza o cativou, abriu a porta.
Ela começou a lhe falar com doces palavras e lhe encantou. Eles se apaixonaram e se casaram. Com o passar do tempo, tiveram filhos e foram felizes.
Algum tempo depois, com a morte do sogro, Narada assumiu os negócios da família. Tornou-se muito próspero, com muitas posses e usufruiu uma boa vida com sua esposa e filhos.
Um dia, porém, manifestou-se uma epidemia na região e Narada decidiu abandonar o lugar e ir viver em outra parte. Assim, com a esposa e seus filhos saíram da casa.
Mas uma grande tempestade aconteceu e ao atravessarem a ponte sobre um rio, uma forte correnteza arrastou os filhos, um após o outro, e depois também a esposa se afogou.
Lutando para sobreviver, ele também foi arrastado e bateu com a cabeça em uma pedra e desmaiou. Quando voltou a si, Narada sentou-se à margem do rio e começou a chorar desconsoladamente.
Ele não se conformava e lamentava muito, pois antes ele tinha tudo, amor, filhos, dinheiro, posição, prosperidade e de repente, perdeu tudo.
Justamente nesse momento, ele ouviu uma voz: “Narada onde está meu copo de água? Há meia hora você saiu para trazê-lo e não voltou”.
Ao ouvir a voz do Senhor e ao vê-Lo, Narada se lembrou do Senhor, de seu pedido de compreender Maya, a ilusão do mundo. Lembrou que tinha vindo na Terra apenas para pegar um copo de água para o Senhor e que, iludido pelas ilusões do mundo, se esqueceu do que tinha vindo fazer aqui.
E, exclamou: “Senhor, agora compreendo tudo e me inclino diante de Ti e diante a Tua maravilhosa Maya”.
Vamos, agora, contemplar juntos esse conto:
Você entendeu qual é esse copo d’água que Narada veio buscar?
Você percebeu, que mesmo sendo um sábio, ele se esqueceu do propósito de sua vinda na Terra, iludido pelas ilusões do mundo?
Esse conto nos mostra como somos iludidos pelos prazeres dos sentidos, pelo poder de posse, pelo apego, pela ilusão de achar que só viemos ao mundo para desfrutar, para simplesmente comer, dormir, viajar, casar, ter filhos e uma vida de abundância e riqueza.
Tudo isso faz parte da vida, e é importante sermos bem-sucedidos e felizes no amor, na família, na vida profissional, viajar e apreciar a beleza do mundo.
Porém, não viemos ao planeta Terra, essa escola abençoada e, muitas vezes de difícil aprendizado, apenas para nascer e morrer, para passear e passar o tempo.
Nossa vinda aqui tem um propósito muito maior: viemos buscar evolução espiritual, desenvolvimento de virtudes como paciência, bondade, compaixão, amor incondicional, altruísmo, força interna, coragem e alegria interior.
Muitas pessoas são envolvidas pela vida mundana, pela futilidade, pelos afazeres do dia-a-dia, pelo conforto, pelo trabalho, pelo poder, pelas competições, e perdem o foco, perdem o sentido da vida. Elas se esquecem porque vieram nesse planeta.
O mundo moderno, com o consumismo exagerado, aumenta os desejos e sentido de posse. Acham que só serão felizes possuindo tudo o que desejam, e não compreendem que a verdadeira felicidade é interna.
Todos nós buscamos a felicidade e merecemos ser felizes, prósperos e felizes no amor. Precisamos, porém, entender que a verdadeira felicidade vem de um coração agradecido, de estarmos felizes com o que temos agora, com uma mente em paz.
Cada um de nós veio nesse mundo para cumprir seu Dharma (dever), -
Esse Dharma, o dever que está à nossa frente, que apenas nós podemos realizar, é o copo d’água que viemos buscar na Terra. É como uma nota musical que somente nós podemos ressoar nessa maravilhosa orquestra universal.
Descubra você também qual o é o copo d’água que deve levar desse mundo. Qual é seu dever com o marido ou com a mulher, com os filhos, com os pais, parentes e amigos? Qual é sua função na sociedade, no trabalho? Como deve ser sua atitude de ser útil e ajudar ao meio ambiente? Como pode ajudar os mais necessitados, tanto materialmente como espiritualmente, com compreensão e paciência? Fique em paz!
Namastê! Deus em mim saúda Deus em você!
Emilce Shrividya Starling
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