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sexta-feira, 19 de julho de 2024
Já se deu conta de sua conduta de obsessor?
JESUS” NUNCA FALOU PARA ALGUÉM FICAR DORMINDO DEPOIS DA MORTE
“JESUS” NUNCA FALOU PARA ALGUÉM FICAR DORMINDO DEPOIS DA MORTE, PORQUE “ELE” NUNCA NOS DEIXOU EM ESPÍRITO E VERDADE. ELE DISSE: "EU VIM PARA QUE TENHAM VIDA, VIDA EM ABUNDÂNCIA"...
"Há um terrível engano na informação que depois da “Desencarnação”, o Espírito fica “Dormindo”, esperando a volta de Jesus, que vai soar a “Trombeta” e julgar os “Vivos e os Mortos”, porque “Jesus” é o Governador do Orbe Terreno e nunca nos deixou em Espírito e Verdade. Se observar bem, Ele está aí ao seu lado e ao lado de todos que acreditam na sua extrema Bondade e Misericórdia. Se não acredita nisso, por que rezar pedindo ajuda a Ele? Milhares de Irmãos que estavam “Dormindo”, são Socorridos nos Trabalhos Mediúnicos do nosso Grupo Socorrista Obreiros do Senhor Jerônimo Mendonça Ribeiro, completamente inconsciente, em verdadeiro estado de paralisia cerebral, fato que dificulta extremamente o “Despertamento”.
Não existe um “Tribunal” para julgar nós “Seres Humanos”, Encarnados e Desencarnados, pelas nossas misérias humanas, pois Deus sabe do nosso atraso Espiritual e sempre nos dá novas oportunidades, através da maravilhosa “Lei da Reencarnação”, que sempre dá: “A cada um, segundo suas próprias Obras”, que é o mesmo: “A cada um, segundo seu próprio Merecimento”. O Verdadeiro Juiz, somos nós mesmos, que somos julgados, todos os dias, através da nossa “Consciência”, recebendo dela o “Veredito” de acordo com a extensão dos “Débitos”.
Por exemplo, se tiramos a vida de um Irmão, através de um tiro de revólver, assim que tomarmos “Consciência” do nosso delito, nós mesmos nos condenamos e pedimos para Reencarnarmos sem o Braço, para não tiramos novamente a Vida de um Irmão. Se fomos “Alcoólatra”, pedimos para vir com enormes problemas de Saúde, fato comprovado, todos os dias, através de milhares de crianças que Reencarnam com “Cirrose Hepática”.
Diz a doutrina espírita que, depois da morte, há uma nova vida: esta é uma jornada certa e cheia de revelações para os espíritos desencarnados. Agora, descubra mais sobre o lado de lá. Há quem diga que a morte é a única certeza que temos na vida. Para os adeptos do espiritismo, no entanto, há uma certeza ainda mais significativa: o fato de que, depois da morte do corpo físico, o espírito se liberta, tornando-se consciente e verdadeiramente vivo.
Mas, afinal, como é essa tal de vida espiritual? Para onde vamos, o que fazemos, com o que nos preocupamos quando chegamos ao lado de lá? Segundo os kardecistas, há várias respostas possíveis.
Após a morte, os caminhos de cada um se abrem conforme diferentes circunstâncias, desde a forma como morremos até a maneira como agimos na Terra.
Uma coisa é certa: cada ser une-se a outros que possuem o mesmo padrão vibratório de pensamento. Assim, todos têm possibilidade de desenvolver-se ao lado de seus semelhantes, como em uma escola, até que estejam aptos a alcançar níveis superiores da espiritualidade.
Recém-chegados. Como o espírito é totalmente ligado ao pensamento, a consciência da vida após a morte não é a mesma para todos.
Seja por desconhecimento do mundo espiritual ou, simplesmente, porque sofreram morte repentina, muitos recém-chegados nem sequer têm noção de que desencarnaram. Em casos assim, é muito comum manter o indivíduo dormindo enquanto ele é preparado, por espíritos socorristas, para receber e entender a notícia da morte sem grandes choques.
Segundo os ensinamentos de Allan Kardec, há também os casos de pessoas que morrem por problemas de saúde ou acidentes violentos e, ao chegar do outro lado, acabam indo para verdadeiros hospitais, a fim de que se recuperem completamente da doença.
“Quem desencarna doente continua o tratamento no mundo espiritual até estar curado”, explica Regina Helena Tuma Carlini, uma das diretoras da Federação Espírita do Estado de São Paulo.
Os socorristas, segundo Regina, podem ser espíritos próximos, como parentes desencarnados há mais tempo, grandes amigos e, também, aqueles que já trabalhavam no auxílio ao próximo na vida terrena, como médicos e enfermeiros que já passaram pela aprendizagem do outro lado da vida, evoluíram e, agora, podem auxiliar os que chegam."
"Você tem certeza que quer encarnar na Terra?"
"Você tem certeza que quer encarnar na Terra?"
- Totalmente. A decisão é tomada.- "Você está ciente dos desafios que enfrentará?"
- Eu nunca encarnei naquele planeta antes, então não sei o que realmente significam os conceitos de "medo", "dor", "solidão" ou "tristeza". Talvez o que mais me preocupa seja o da "morte" ... Não entendo a idéia de deixar de existir para sempre: isso é impossível, mas os humanos acreditam que é assim. Seja como for, minha alma quer "descer" e experimentar tudo isso, trazer minha luz e contribuir com meu ser para a mudança de consciência.
- Quando você está lá embaixo, limitado pelo corpo físico e se perguntando o que faz naquele lugar, "entenderá" ... Desse estado de consciência, você não pode nem intuir o que significa experimentar densidade e limitação.
- "Eu assumo o desafio ...
- Então, se essa é a sua vontade, só posso lhe desejar uma feliz viagem pelo mundo tridimensional e lembrá-lo de que estaremos com você, a partir desta dimensão, observando e guiando você. Se você conseguir abrir o seu coração o suficiente, uma tarefa que não é nada simples, você será capaz de "ouvir" e perceber nossos sinais.
- "E qual é a melhor maneira de abrir o coração?"
- "Preste atenção nele." Escute sua voz interior. Deixe-se ir e deixe ir a resistência de que as coisas na Terra não são como você deseja ... Aceite, em resumo, como você é. Somente dessa maneira você pode aceitar os outros e honrar o aprendizado deles. A paz e o amor que surgirão em você como resultado dessa aceitação automaticamente o colocarão em "contato" conosco.
- "Ok, eu vou manter isso em mente."
- "Não, meu amigo ... você vai esquecer." São as regras. Você terá que se lembrar disso na medida que seu corpo físico, já contaminado com julgamentos, apegos e crenças negativas, cresce e se torna adulto. A luz da sua alma deve emergir através das trevas do medo, desconfiança e incompreensão. Confie, nosso amado: temos certeza de que você será capaz de alcançá-lo.
- O que é isso?
- "É a barriga da sua mãe terrena." E aquele pequeno embrião com membros que você pode ver por dentro é o corpo físico no qual você encarnará. Boa viagem, alma das estrelas!
Guido Antonio Barreto
quinta-feira, 18 de julho de 2024
Anna Blackwell defende Kardec e a reencarnação perante as acusações de Aksakof
Anna Blackwell
Conforme publicação no blog de Vital Cruvinel, o pesquisador Alexander Aksakof publicou artigo que traz duras críticas a obra e a pessoa de Kardec, o que não poderia ter ficado sem resposta dado o seu teor agressivo. E não ficou!
Passados alguns dias da publicação deste artigo, Anna Blackwell, que traduziu o Livro dos Espíritos para o Inglês, publicou na mesma revista The Spiritualist a sua resposta. Esta também está reproduzida no jornal eletrônico Psypioneer (edição de fevereiro de 2009).
Vejamos a tradução disponibilizada no blog:
Excelentíssimo senhor, ocupada como eu sou, devo pedir-lhe que me permita oferecer algumas observações em referência ao artigo do senhor Aksakof no número do The Spiritualist que acabo de receber.
Por mais que a opinião do senhor Aksakof seja contrária, a maioria de seus leitores certamente irá concordar comigo que "o ponto essencial da crítica de qualquer livro" é saber o que o livro contém, e examinar seus pontos de vista, argumentos e conclusões. Se o senhor Aksakof tivesse feito isso em relação às obras de Allan Kardec, ele poderia ter se poupado do trabalho de escrever seu artigo; pois ele teria visto primeiro, que, invariavelmente, Allan Kardec define sua obra como tendo sido o estabelecimento de uma forma coerente e sistemática das observações que foram realizadas, mais ou menos vagamente, por eminentes pensadores de todas as épocas desde a mais remota antiguidade até os dias atuais, mas que tem sido estabelecida de forma mais completa, clara, e consistente, através da instrumentalidade dos médiuns modernos. Em segundo lugar, que, longe de "apresentar a Reencarnação como um dogma", ele sempre a trata como uma questão a ser resolvida exclusivamente pelo argumento e pela razão. Em terceiro lugar (e isto me leva à essência do referido artigo), que ele repete, mais de uma vez, que todos os seus livros foram compilados por ele a partir das comunicações simultâneas dos médiuns em todas as partes do mundo. Agora, é evidente que, sendo este o caso, era impossível para Allan Kardec citar os nomes de todos os médiuns cujas comunicações foram usadas na compilação dos livros; e ele decidiu (aliás, a pedido de muitos deles) não citar o nome de nenhum deles. O senhor Aksakof está mal informado em relação ao início e à primeira aparição de O Livro dos Espíritos; pode ser visto no prefácio, onde eu apresento as declarações que me foram dadas sobre o assunto pela esposa de Allan Kardec, e por seus amigos mais íntimos, bem como os resultados do meu conhecimento pessoal sobre ele. É possível que alguns trechos do conteúdo adicional introduzido na "edição revista" (que permaneceu como a forma definitiva de O Livro dos Espíritos) podem ter sido obtidos pelos dois médiuns cujas declarações do senhor Aksakof teriam recebido por regra; mas eles não devem ter tido nenhuma participação na primeira produção da obra que esse senhor atribui a eles. E a sugestão de que "os espíritas tenham enterrado vivos estes dois médiuns", como a fábula que coloca Allan Kardec como integrante do L'Univers, é muito absurda para uma refutação séria.
A afirmação do senhor Aksakof de que "as manifestações físicas são sempre contrárias à reencarnação" é desmentida pelos fatos. No meu caso, as indicações relativas às minhas existências passadas me foram dadas através de vários dos nossos melhores médiuns de efeitos físicos e, em alguns casos, não aceito por eles (como uma vez, pelo senhor Home, em transe), em outros (como no da jovem senhora Marshall), para sua grande surpresa; e um imenso número de pessoas poderiam testemunhar experiências semelhantes. Além disso, "John King", como já salientei no Espiritualismo e Espiritismo, tem afirmado repetidamente que ele viveu na terra nos reinados da rainha Elizabeth e de Charles II; e sua filha "Katie" fez, você vai se lembrar, uma conjectura semelhante, ao príncipe Emile de Sayn-Wittgenstein, de estar ligada a ele em uma de suas encarnações anteriores. O último número do The Medium também contém uma consideração extremamente interessante, da afirmação de suas reencarnações pelo "espírito materializado" de "Thomas Ronalds", e isso em um grupo de assistentes que não parece ser favorável à doutrina da pluralidade de nossas existências terrestres, das quais, no entanto, abundante confirmação de um caráter semelhante sem dúvida está por vir tão logo este ramo da arte da manifestação se torne comum entre os povos do mundo espiritual.
Quanto à acusação de que o jovem médium francês, Camille Brédif, agora fazendo um bom serviço na Rússia, não foi mencionado na Revista Espírita, o senhor Aksakof parece não ter consciência do fato de que a atual fase de Camille na mediunidade, como a do coitado do Firman, só foi desenvolvida no ano passado e, como conseqüência direta da visita do senhor Williams a Paris; antes desta visita a influência que torna a "materialização" possível, não parece ter atravessado o Canal da Mancha, e a mediunidade de Camille produziu apenas raps, com o movimento de objetos em sessões escuras, que não se pode dizer que tenha feito muito para convencer os céticos.
Igualmente infeliz é a afirmação do senhor Aksakof de que Allan Kardec tenha "ignorado" o senhor Home e as manifestações obtidas por seu intermédio; se ele tivesse lido O Livro dos Médiuns, ele teria visto que elas são tratadas neste trabalho.
O senhor Aksakof diz que Pezzani e Cahagnet acolheram a doutrina da reencarnação antes de Allan Kardec; mas por que é que ele se refere apenas a esses dois? No The Testimony of the Ages eu tenho dado uma lista "tão extensa quanto o meu braço" de modernos escritores que têm, como "precursores", preparado o caminho para a completa apresentação da lei de nossas existências sucessivas de que Allan Kardec foi destinado a elucidar mostrando, não mais como uma simples idéia filosófica, mas como parte integrante do plano geral da Providência para todos os tempos, mundos, e reinos. O trabalho específico de Allan Kardec, como ele mesmo define, é o de um comparador, conferidor, compilador; mas, não obstante, apresenta, na sua totalidade, um conjunto filosófico, que é reconhecido como novo, original, único por todos os que tomaram o trabalho de verificar por si mesmos o que realmente é.
O senhor Aksakof conclui seu artigo comentando, muito verdadeiramente, que é "mesmo necessário ressaltar que tudo que ele afirmou não afeta a questão da reencarnação considerada por seus próprios méritos"; para cuja admissão acrescento que o problema em questão, levantado pelos livros que estou me dedicando em trazer ao alcance do mundo de fala inglesa, acabará por ser resolvido, única e exclusivamente, pelos seus próprios méritos, apesar de todos os esforços dos seus adversários em tirar o foco da questão, ignorando o próprio conteúdo desses livros, e substituindo a análise desapaixonada da sua argumentação pelo descrédito desprovido de provas, e pela repetição de afirmações infundadas ou distorcidas não tendo nada a ver com a questão em causa, inicialmente vindos à tona pela inveja e ciúme, e que foram tratados por Allan Kardec, durante a sua vida, com a magnanimidade do silencioso desprezo.
Anna Blackwell.
Wimille, Pas de Calais, 15 de julho de 1875
Fonte:
http://decodificando-livro-espiritos.blogspot.com.br/2010/04/uma-controversia-com-anna-blackwell.html
Pesquisa derruba teses acerca das adulterações das obras de Kardec
Pesquisa derruba teses acerca das adulterações das obras de Kardec
por Orson Peter Carrara
Entrevista
Orson Peter Carrara entrevista o pesquisador Carlos Seth Bastos
Natural de São José dos Campos e residente em Jacareí, ambos municípios do interior paulista, Carlos Seth Bastos (foto) tem formação em Engenharia eletrônica, está aposentado e preside o Centro Espírita Amor a Jesus, em sua cidade. Entrevistamo-lo sobre as pesquisas históricas especialmente relacionadas com as polêmicas acerca das adulterações das obras de Kardec.
Como se tornou espírita?
Buscando ajuda para um problema familiar.
O que mais lhe chama atenção no pensamento espírita?
A lógica filosófica.
De onde lhe veio o interesse pela pesquisa histórica?
Ao longo destes mais de 30 anos como espírita, depois de muito estudar Allan Kardec e André Luiz, resolvi fazer uma análise crítica dos estudos científicos dedicados às questões espíritas, por exemplo, as experiências de quase morte, as experiências fora do corpo, a precisão mediúnica, as marcas de nascença como evidências reencarnatórias etc., mas infelizmente a quantidade de estudos e os resultados encontrados não eram muito relevantes, mostrando que ainda se levará um bom tempo para que convirjam à prova dos fundamentos espíritas. Neste processo de análise acabei por incorporar o método hipotético-dedutivo, isto é, o método científico, a muitas das futuras pesquisas históricas. Como muito pouco se sabia sobre os médiuns utilizados por Kardec, resolvi então concentrar os esforços para enriquecer a historiografia espírita. Estas pesquisas acabaram desdobrando-se também para o período pré-Kardec, e para o pós-Kardec, cobrindo pouco mais de 100 anos, de 1804 até 1905.
De suas pesquisas acerca das chamadas adulterações de obras básicas, podemos afirmar que o próprio Kardec fez alterações que depois foram confundidas com adulterações?
Exatamente! A confusão surgiu por uma suposição formulada em função da indisponibilidade de uma edição específica da Gênese, que teria de ser analisada para completar a pesquisa. Explico melhor. Quando a autora de “O Legado de Allan Kardec”, Simoni Privato, investigou a questão, ela se deparou com um documento relevante - a Declaração de Impressão de fevereiro de 1869. Por ela soubemos que, cerca de um mês antes de Kardec falecer, a tipografia registrou, em seu nome, um aviso para o governo francês de que iria imprimir dois mil exemplares de A Gênese. Privato também demonstrou que a 4ª edição da obra foi publicada ainda em 1868 e a 5ª somente em 1872. Logo, que edição saiu em 1869, cumprindo o último pedido autorizado por Kardec? Ela não informou no livro, já que não localizou nenhuma edição daquele ano. E sem ter acesso a esta edição faltante, sua investigação permanecia inconclusiva.
Uma publicação póstuma se torna adulteração somente se restar comprovado que a atualização não foi feita pelo autor. Esse foi o caso que Privato procurou demonstrar ter ocorrido. Na impossibilidade de folhear a edição de 1869 e checar seu conteúdo, ela desenvolveu uma interpretação jurídica. Observando que um registro previsto em lei estava ausente - o Depósito Legal - ela supôs que este deveria ser feito somente se o conteúdo da obra tivesse sofrido alteração. Dizemos "supôs" porque o Decreto Imperial de dezembro de 1810 (legislação apresentada no seu livro) cita a necessidade do registro, mas não indica restrição a casos específicos, e Privato também não informou em qual artigo e em qual outra lei francesa consta o que ela afirmou (sabemos que essa regra é a definida para o Depósito Legal no Brasil, segundo a lei vigente hoje).
Foi essa suposição, somada aos documentos por ela encontrados, que levou Privato à conclusão pela adulteração. Para ela, a falta desse registro indicaria que os exemplares da edição desconhecida de 1869 teriam necessariamente o mesmo conteúdo da quarta e, por isso, Kardec não teria publicado nem autorizado a publicação do conteúdo atualizado. Sendo baseada numa suposição, a pesquisa de Privato nunca chegou de fato a ser conclusiva, embora alguns a tenham adotado como verdade incontestável.
Que elementos novos você trouxe para elucidar a questão?
A edição de A Gênese, publicada em 1869, peça que faltava para completar essa história, foi encontrada, em fevereiro de 2020, numa biblioteca na Suíça. De posse desse exemplar, pudemos conhecer e analisar a última edição autorizada por Kardec, da mesma forma que Privato analisou as demais. Trata-se da 1ª impressão da 5ª edição. A constatação de que seu conteúdo é idêntico ao da 5ª edição de 1872 é a primeira demonstração que contraria a suposição de Privato e, portanto, a tese concluída a partir dela.
Ainda assim, a confusão entre alteração e adulteração persistiu, decorrente de alguns pesquisadores terem assumido que a Declaração de Impressão de Fevereiro de 1869 seria o pedido da 4ª edição e, por consequência, esta edição seria de 1869. Esse é o mesmo argumento usado para desqualificar a 5ª edição de 1869 e considerá-la clandestina, já que esta não teria sequer Declaração de Impressão. A proposta desta linha de pesquisa discorda do demonstrado por Privato de que a 4ª edição de A Gênese é de 1868 e da ausência de informação da edição correspondente ao último pedido de impressão, sem comprovar por que eles estariam certos e ela equivocada, caindo, portanto, no terreno da suposição.
Não nos furtamos à análise jurídica para verificar se a suposição de Privato sobre o Depósito Legal tinha ou não fundamento. Consultamos todas as alterações ao Decreto Imperial de 1810 e localizamos, no artigo 14 da lei de 21 de outubro de 1814, que o registro do Depósito Legal da edição era obrigatório para todas as Declarações de Impressão, mesmo que seu conteúdo fosse igual ao depositado anteriormente (e foi o que observamos em registros de diversas edições idênticas de outras obras de Kardec). Assim, a suposição de Privato se mostrou infundada. O que ela de fato descobriu foi que a tipografia descumpriu a lei. O debate sobre a edição de 1869 poder ou não ser comercializada, segundo a legislação da época, não influencia na identificação do autor das alterações, que é o foco da nossa pesquisa.
Aliadas a essas demonstrações, diversas fontes diretas, baseadas em documentos históricos, não deixam quaisquer dúvidas sobre a autoria de Kardec. Por exemplo, numa carta de setembro de 1868 ele deixa claro que já tinha feito as alterações na 5ª edição de A Gênese e que 50% da obra já estava impressa, a fim de passar por revisão [1]. Como reforço, faltava encontrar outros elementos que corroborassem esta declaração do próprio Kardec. Foi o que fizemos, encontrando mais de 20 provas, algumas circunstanciais, outras bastante robustas.
O mesmo aconteceu com a tese de adulteração da 4ª edição de O Céu e o Inferno, que identificamos não ter fundamento, já que esta edição foi impressa em fevereiro de 1869, com Kardec em vida, e publicada cerca de quatro meses depois.
Como foram localizados esses documentos?
Localizamos várias fontes, entre manuscritos e impressos, de diferentes origens. Descreveremos aqui como encontramos as mais relevantes. A primeira, como já dissemos, é a própria edição de 1869 relativa à 5ª edição de A Gênese, que foi localizada na biblioteca da Universidade de Neuchâtel, na Suíça, graças a uma busca no WorldCat, considerado o maior catálogo digital do mundo. Uma vez localizada a obra, entramos em contato com o bibliotecário e finalmente obtivemos uma cópia digitalizada dela. A segunda fonte é a Declaração de Impressão de fevereiro de 1869, que é um documento apresentado pela tipografia ao governo, mostrando a intenção de começar a impressão em série de determinada obra, encontrada por Simoni Privato nos Arquivos Nacionais da França. Uma terceira prova é um inventário da Livraria Espírita de 1873, encontrado na Livraria Leymarie e adquirido pelo Museu AKOL. Nele vemos descrito que a 5ª e 6ª edições de A Gênese são de 1869 e a 4ª edição de O Céu e o Inferno foi impressa em fevereiro de 1869, portanto com Kardec ainda vivo. Este inventário é referido na ata da Assembleia Geral Ordinária de 1873 da Sociedade Anônima, assinada por Amélie Boudet, pelo Conselho Fiscal, e por Leymarie, pela administração. Os originais, disponíveis nos Arquivos Municipais de Paris, foram achados pelo colega Charles Kempf. A carta de setembro de 1868, na caligrafia de Kardec, pertence ao acervo de Canuto Abreu, de posse da FEAL. As atualizações da legislação de impressão da França, no século XIX, foram identificadas no Google Books. Manuscritos de diálogos entre Kardec e espíritos sobre A Gênese pertencem ao Museu AKOL.
Para os interessados em conhecer tais documentos históricos, onde procurar?
Para quem quiser tocar os documentos originais será preciso viajar até Neuchâtel e Paris, e ainda entrar em contato com o Museu AKOL e a FEAL. Para os que se satisfazem com cópias digitalizadas, todas elas estão disponíveis, junto com a nossa pesquisa, em várias mídias, por exemplo:
Nas redes sociais: link-1 (buscar na lupa por #AG e #OCEOI) ou youtube.com (buscar por "Investigação: O caso A Gênese", “As obras de Kardec foram adulteradas?”, “A Gênese e as novas descobertas” etc.);
No Museu AKOL: allankardec.online (buscar por “Em respeito a Kardec, A Gênese investigada”);
No Jornal de Estudos Espíritas: link-2.
O que foi mais expressivo para a pesquisa em sua busca? E agora, com os documentos catalogados, o que é mais marcante?
Até hoje, quase dois anos depois de iniciada a pesquisa, grande parte dos que tomaram conhecimento da tese da adulteração a desconhece totalmente, deixando-se levar por suposições carentes de fundamentos. Observamos também que uma parte do movimento espírita não está a par de que A Gênese foi atualizada, nem da suspeita de adulteração. Com isso, pessoas podem ter adquirido, sem saber, a tradução da 1ª edição de A Gênese, publicada por algumas editoras no Brasil e, caso não leiam a apresentação dos editores, não saberão que fizeram a escolha de desconsiderar a atualização da obra. Podem, inclusive, surpreender-se ao descobrir, em um grupo de estudo, que seu exemplar é diferente dos demais, que foi o que aconteceu com Carlos de Brito Imbassahy no início do século XXI, fato que o levou a acusar indevidamente Guillon Ribeiro de ter adulterado a tradução brasileira da obra.
De suas lembranças em todo esse trabalho, qual a mais emocionante?
Evidentemente foi o e-mail recebido do bibliotecário com as cópias das páginas que havia solicitado, e que eram a referência para termos certeza de que o livro encontrado em Neuchâtel correspondia à 5ª edição de A Gênese, embora datada de 1869, quando na época, em fevereiro de 2020, todos ainda acreditavam que tal edição seria de 1872.
Algo mais que gostaria de acrescentar?
Temos que reconhecer que todos podemos ter hoje opiniões, mas a história se faz com fatos e documentos, que é o que chamamos de fontes diretas ou fontes primárias. Não nos vinculamos a nenhuma federativa, portanto nossa independência nos permite prospectar sem qualquer viés a favor ou contra determinada hipótese. Simplesmente pesquisamos e publicitamos as informações que daí emergem. Chegamos a calcular a probabilidade de uma adulteração hipotética em menos de 1,6%, pois um improvável adulterador teria que ter obtido uma cópia do texto atualizado por Kardec (para ser adulterado por ele), ter tempo para escrever suas mudanças, convencer a tipografia a alterar os caracteres móveis da nova edição, reimprimir o que já estava impresso, convencer o profissional da estereotipia a refazer as matrizes (que já haviam sido feitas e pagas por Kardec), ter dinheiro para cobrir todos esses custos e agir sem ser descoberto por Amélie e demais espíritas próximos a Kardec, nem ser delatado pelos profissionais envolvidos, ou seja, praticar um crime perfeito.
Suas palavras finais.
Se já não nos consideramos mais necessitados ou doentes, como muitos que no início procuramos a ajuda do Espiritismo, seria bom buscarmos entender a evolução do pensamento de Kardec através da revisão, correção e ampliação das suas obras, feitas por ele mesmo. O conhecimento da História do Espiritismo é um importante auxiliar neste entendimento, pois compreendemos melhor as motivações, o contexto e os personagens envolvidos, mas tudo fundamentado na ciência e não em evidências temporais recortadas para a adequação às hipóteses de cada um.
[1] Carta de Kardec sobre A Gênese: uma análise de fonte primária, por Adair Ribeiro, Carlos Seth Bastos e Luciana Farias: para acessar, clique em link-3
kARDEC CONFIRMA ANDRÉ LUIZ SOBRE O SOFRIMENTO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO ESPIRITUAL
No seu "O céu e o inferno", após desconstruir a ideia de inferno no capítulo IV, afirma sobre o purgatório:
"O espiritismo não nega, pois, antes confirma, a penalidade futura. O que ele destrói é o inferno localizado com suas fornalhas e penas irremissíveis. Não nega, outrossim, o purgatório, pois prova que nele nos achamos."... (p. 65)
Certamente, Kardec não subscreve a ideia de purgatório, assim como não subscreve a ideia de anjos. Ele apenas diz que os princípios dessas ideias são coerentes com o pensamento espírita. Ao ler essa passagem, à qual remeto o leitor, perguntei-me: Ele se refere apenas ao sofrimento das pessoas encarnadas ou também ao purgatório como condição de sofrimento das pessoas desencarnadas? No mesmo texto, mais à frente se lê:
"Seja qual for a duração do castigo, na vida espiritual ou na Terra, onde que que se verifique, tem sempre um termo, próximo ou remoto."
O mestre francês está preocupado com a tese da justiça divina, e não com a descrição dos sofrimentos nesse capítulo, por isso critica diversas vezes a "irremissibilidade dos erros".
Ele ainda retorna à questão da circunscrição do espaço do "purgatório", e diz que:
"... eis por que mais naturalmente se aplica à Terra do que ao Espaço infinito onde erram os Espíritos sofredores" (p. 66)
Note o leitor que ele associa o conceito ao sofrimento, e por isso o amplia. Há muito sofrimento na Terra entre os encarnados, assim como existe sofrimento moral (ou psicológico) entre os desencarnados. Kardec não exclui o conceito de purgatório do "Espaço infinito", apenas o aproxima do sofrimento dos Espíritos encarnados.
Outra diferença entre o pensamento de Kardec e a tradição medieval cristã, é que o sofrimento não é o fim da inferioridade humana, mas meio, através do qual o Espírito pode conscientizar-se e empreender a reparação dos seus erros.
"Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências" (p. 93)
Outro ponto pouco conhecido, no mesmo livro, é o capítulo IV, que trata dos espíritos sofredores. Allan Kardec publica um ditado do espírito Georges, que explica como ficam os espíritos endurecidos e maus após a morte. Destaquei o seguinte parágrafo:
"Não elevam o olhar às moradas dos Espíritos elevados, consideram o que os cerca e, então, compreendendo o abatimento dos Espíritos fracos e punidos, se agarrarão a eles como a uma presa, utilizando-se da lembrança de suas faltas passadas, que eles põem continuamente em ação pelos seus gestos ridículos" (p. 263)
Essa é uma descrição de Georges sobre o mundo espiritual, no parágrafo posterior ele trata da ação desses espíritos na Terra, e trata da ação espiritual entre os homens.
Allan Kardec continua seu trabalho, identificando essa instrução nos relatos de espíritos em sofrimento.
Novel (p. 265-266), descreve sua perseguição pelos maus Espíritos no plano espiritual.
O Espírito de um boêmio (p. 269-270) segue com a influência da matéria no além túmulo, "sem que a morte lhes ponha termo aos apetites que a sua vista ... procura em vão os meios de os saciar."
O príncipe Ouran (p. 275) explica que "liberto da matéria, o sentimento moral aumentou-se, para mim, de tudo quanto as cruéis sensações físicas tinham de horrível".
Ferdinand Bertin (p. 279) assim descreve sua situação no mundo espiritual:
"Estou num medonho abismo! Auxilia-me... Oh! Meu Deus! Quem me tirará desse abismo?" E ele se sente ainda colhido pelo mar, onde faleceu.
Claire, descreve sua experiência no mundo espiritual: "Também eu posso responder à pergunta relativa às trevas, pois vaguei e sofri por muito tempo nesses limbos onde tudo é soluço e misérias. Sim, existem as trevas visíveis de que fala a Escritura, e os desgraçados que deixam a vida, ignorantes ou culpados, depois das provações terrenas são impelidos à fria região, inconscientes de si mesmos e do seu destino.
Palmyre (p. 306-308), que suicidou-se juntamente com o Sr. D., seu amante, ao descrever sua vida após a morte refere-se aos Espíritos que estão com ela no mundo espiritual, e diz que ouve "risos infernais e vozes horrendas que bradam: sempre assim!"
Se continuarmos a pesquisa, com certeza teremos mais elementos sobre as relações entre os Espíritos no mundo espiritual na obra de Kardec.
Este tipo de descrição da interação e das relações entre Espíritos inferiores ou superiores no mundo espiritual foi realizado também por médiuns brasileiros, como Francisco Cândido Xavier, Yvonne do Amaral Pereira, Divaldo Pereira Franco e também através da série Histórias que os espíritos contaram, escrita pelo estudioso Hermínio C. Miranda.
Jader Sampaio
Chico fala sobre o surgimento das obras de André Luiz
O SURGIMENTO E A VIBRAÇÃO DAS OBRAS DE ANDRÉ LUIZ
¨¨¨¨¨¨
Falou-me que projetavam trazer páginas que nos dessem a
conhecer aspectos da vida que nos espera no “outro lado”, e, desde então, onde
me concentrasse, via sempre aquele “cavalheiro espiritual”, que depois se
revelou por André Luiz, ao lado de Emmanuel. Assim decorreram quase dois anos,
antes do “Nosso Lar”.
“(…) Desde então, vejo que o esforço de Emmanuel e de outros
amigos nossos concentrou-se nele, acreditando, intimamente, que André Luiz está
representando um círculo talvez vasto de entidades superiores. Assim digo
porque quando estava psicografando o “Missionários da Luz”, houve um dia em que
o trabalho se interrompeu.
Levou vários dias parado. Depois, informou-me Emmanuel,
quando o trabalho teve reinício, que haviam sido realizadas algumas reuniões
para o exame de certas teses que André Luiz deveria ou poderia apresentar ou
não no livro. Em psicografando o capítulo Reencarnação, do mesmo trabalho, por
mais de uma vez, vi Emmanuel e Bezerra de Menezes, associados ao autor,
fiscalizando ou amparando o trabalho.”
“(…) A luz que, por vezes, me rodeia me amedronta. Vejo,
ouço, e me movimento, no círculo destes trabalhos, mas, podes, crer, vivo
sempre com a angústia de quem se sente indigno e incapaz. Cada dia que passa,
mais observo que a luz é luz e que a minha sombra é sombra. Reconhecendo a
minha indigência, tenho medo de tantas responsabilidades e rogo a Jesus me
socorra.”
Fragmentos de carta de Chico Xavier a Wantuil de Freitas em
1946.