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quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

A ortodoxia espírita. Os riscos do discurso ortodoxo ao lidar com a espiritualidade.





O ortodoxo espírita não tem vergonha de assim se definir, ele acha mesmo que a prisão intelectual que se encontra é o verdadeiro espiritismo.

O discurso ortodoxo não tem um autor, ele parte de setores da sociedade, na forma como o ortodoxo apreendeu o conhecimento espírita. Ao receber o conhecimento espírita o ortodoxo recebe uma visão distorcida sobre o que seja a pureza doutrinária. Oriundo, seja nessa vida, seja em outra, do cristianismo, tende a repetir a forma ortodoxa de apreender as informações religiosas/espirituais, um processo total, em que não podem haver dualidades. Ele não percebe que a construção cognitiva da realidade é uma construção, e, por isso mesmo, encarnados e desencarnados constroem a realidade através de signos, formas simbólicas de entendimento da realidade, que se modificam conforme as vivências sociais e culturais de cada ser. E que os médiuns, por sua vez, apreendem os saberes com filtros de percepção que passam pela sua cultura, tradições, afinidades e compreensões da realidade, portanto, sempre será algo passível de ser aumentado, dilatado, ampliado, questionado e revisado.  Kardec já nos avisava sobre o caráter progressivo da Doutrina espírita. 

A rigor, nossa sociedade é fundamentada pela colonização portuguesa e todo seu arcabouço cultural católico ocidental que advoga possuir a verdade. Os porta vozes da verdade religiosa eram e são os cardeais. Pessoas dotadas intelectualmente e que possuíam à verdade.

O formato ortodoxo, portanto, não é novo. Ele parte da tradição ocidental das religiões de livro sagrado: Catolicismo, Judaísmo, protestantismo, pentecostalismo, islamismo.

Onde à verdade está escrita num local. Todo aquele que se atreve a falar algo, a supor algo, a descrever algo que não está no livro sagrado é um herege, um heresiarca, uma heresia (do latim haerĕsis, por sua vez do grego αἵρεσις, "escolha" ou "opção") é uma forma de pensar contrário ou diferente do credo oficial,  do sistema doutrinal ortodoxo que define o que é a verdade e portanto se arroga no direito de dizer o que faz ou não parte da doutrina.

Pois bem, o ortodoxo espírita se firma em alguns textos, de alguns livros de Kardec, para fazer brilhar seu intelectualismo e banir dos arraiais espíritas tudo e todos que “ELE” acha não estarem seguindo a reta doutrina.

A defesa da pureza doutrinária faz parte da história do espiritismo. Sendo uma doutrina espiritualista que fala da reencarnação, da evolução espiritual dos seres, da tradição religiosa ocidental, da lei de ação e reação, tem muitas coisas em comum com muitos outros grupos religiosos, místicos, esotéricos, paracientíficos, mediúnicos. A pureza doutrinária surge como uma forma necessária de distinguir o que pertence ao cânon espírita e o que não pertence, distinguindo, a partir das diretrizes básicas espíritas, seus princípios,  o conteúdo espírita do que não é.

  Esta diferenciação, deve sempre  ser feita, logicamente, a partir  do paradigma espírita, que surge  partir dos estudos, pesquisas e análises de Allan Kardec. Através de lúcida análise das experiências mediúnicas, Kardec pôde adentrar na ralidade extrafísica da vida, de forma lógica e racional pela primeira vez na história da humanidade. A partir de seus estudos surgiram métodos para entendermos o fenômeno espírita. Kardec publiciza o mundo espiritual, através de seu trabalho descobrimos que Jesus é de fto, um grande mestre da humanidade e seus ensinos são as sínteses do que precisa o homem para evoluir. Esse constructo maravilhoso é a Doutrina Espírita. 

Kardec através de uma extensa pesquisa sobre o fenômeno medianímico começa a nos fazer entender a realidade espiritual que nos cerca. Os princípios que norteiam a Doutrina Espírita não foi fruto de um achismo de Kardec. De opiniões pessoais místicas que ele pudesse ter ante da Doutrina. Não. Surge a partir da PESQUISA realizada por Kardec com a mediunidade. Pesquisa que ocorria com médiuns próximos a ele, em Paris, mas com a investigação do fenômeno mediúnico que ocorria em toda parte. Sobretudo através de cartas, jornais, livros, periódicos espiritualistas, que circulavam na Europa e na América do Norte. Assim, através do contato com o mundo espiritual Kardec pôde, pouco a pouco, tatear na ralidade espiritual da vida. E através dos informes do espíritos pôde coordenar e publicar o resultado d suas investigações, nos legando o espiritismo. Assim, Kardec firmou os PRINCÍPIOS BÁSICOS  da Doutrina espírita. Toda análise sobre preza doutrinária prcisa estar baseada na coerência dos princípios, e não nos detalhes dos informes, quando estes não batem de frente com os princípios. 

A igualdade de pensamentos entre as pessoas é impossível, pelo menos no atual nível de nossa evolução. Por isso, devemos nos unir nos príncipios que fundamentam o conhecimento espírita. Esses princípios permitem que percorremos todos os fenômenos sociais, históricos e culturais humanos, analisando-os a partir de uma nova percepção da realidade, o paradigma espírita. 

Unidos nos princípios somos espíritas. As divergências sempre ocorreram. Mas se entendemos os objetivos do Espíritismo as divergências não devem ser estímulos a separatividade, a perseguição,  ao torpedeamento das tarefas nobres alheias. 

Portanto, o que define se algo é espírita ou não são os príncipios que lhes regem e não a opinião pessoal de um erudito ortodoxo. Portanto os informes mediúnicos que explodiram no mundo após o fenômeno mediúnico existiram sob duas formas básicas: dentro do paradigma espírita ou fora do paradigma espírita. 

Questões e novidades que chegam sem alterar, de fato, seus princípios pertencem ao conjunto de experiências e relatos úteis que nos chegam e nos auxiliam a entender a realidade espiritual da vida.   Cada espírito é detentor, de uma bagagem específica, assim ele transmite o que pode e percebe da realidade espiritual. Sem que isso seja uma ruptura com os princípios básicos. 

Quando um espírito desencarnado informa estar numa região de trevas ou que vive numa cidade espiritual muito humanizada, nada há que se choque com qualquer princípio básico da doutrina. Ao contrário, lhes corrobora, e se junta a milhares de informes mediúnico existentes desde a antiguidade que relatam a existência das duas coisas. 

Agora as teorias da queda de Ubaldi e Roustaing, teorias filosóficas que bebem muito do docetismo e do gnosticismo que abundava no eclético período helenístico da antiguidade e a afirmação de Pietro Ubaldi de que o espírito pode deixar de existir, são por si só, um arcabouço filosófico próprio. Por serem especulação filosófico-mediúnica que se choca com o princípio básico da evolução, dando a ele um significado diferente, até mesmo o contrariando, por isso mesmo, são uma outra coisa. Possuem outros princípios, que por serem análises sobre a criação, caem num abstracionismo teológico, filosófico, cuja a única possibilidade é o da crença ou não crença.

Independente se espíritas gostem e aceitem as teorias Rusteni-ubaldianas, elas por conflitarem em pontos básicos dos princípios espíritas e por não terem universalidade entre as diversas comunicações mediúnicas, dentro e fora do espiritismo, não lhe pertence. São, portanto, anti-doutrinárias. 




Da mesma forma que os inúmeros rituais e das matanças de animais do candomblé, dos rituais católicos de batismo, genuflexão, confissão, etc. Do uso de dança e rodopios para o desenvolvimento da mediunidade, bem como o uso de charutos, bebidas alcóolicas na umbanda. Da teoria ateísta e não reencarnacionista do budismo, da teoria da reencarnação a cada 1200 anos e dos cascões astrais da Teosofia, da teoria da evolução espiritual avançada a seus adeptos e da necessidade de todos os seres humanos, um dia, serem seus adeptos e seguirem seus pressupostos da conscienciologia, da teoria rosacruz e também teosófico da mediunidade ser algo ilusório e pouco evoluído.

Todos esses temas citados, por colidirem  com algum dos princípios básicos da Doutrina Espírita, de seu sistema filosófico, não lhe pertencem. São decorrências naturais dos estudos e das instruções dos espíritos superiores, se há religiões, crenças, grupos espiritualistas que adotam princípios que são estranhos ou desnecessários, segundo tusdo que pudemos colher dos espíritos superiores, deve-se deixar claro que não se trata de prática espírita, respeitando Às pessoas de outras crenças que as adotem.  Afinal, cada escola de pensamento é constituída por um conjunto de crenças, práticas, postulado, experiências, paradigmas, que motivam seus adeptos, vestindo a realidade com seus princípios que estimulam a este adepto, que lhe é afim. Que ele, adepto dessa ou daquela escola, “sente” ser esta à verdade, para ele.

Mas isso não os torna nossos inimigos. Não ironizamos para combatê-los, não os denegrimos. Apenas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Um espírita, em nível pessoal pode, por que a liberdade de consciência lhe permite isso. Ser simpático a uma ou outra coisa das ideias dessas escolas, ideias estas que podem estar ínsitas nos princípios espíritas ou podem ser contrários aos princípios espíritas. 

 Se o adepto espírita possuir um bom conhecimento dos princípios que norteiam a percepção espírita da realidade,  saberá distinguir o que é abrangido pela filosofia espírita ou o que, segundo os postulados espíritas não é possível, necessário ou a melhor forma sobre. 

Essa visão heterodoxa foi utilizada por Kardec ao buscar informações. Tudo que convergia ele trazia para ser visto, confrontado com os princípios básicos espíritas já admitidos. Daí que mesmos nessas escolas podem haver informes que sem colidirem com os princípios, ajudam a melhor entender a realidade espiritual. Isso, inclusive, sendo estudado pelos espíritos no mundo espiritual. É o caso do "duplo etérico",  descoberto experimentalmente por Albert de Rochas, no início do século XX, havia sido citado por teósofos no século XIX, André Luiz o cita na obra Nos Domínios da mediunidade por que ele ajuda sobremaneira no entendimento dos fenômenos anímicos e mediúnicos, sendo tema de estudos no plano espiritual, os espíritos falam sobre ele, respaldando os informes teosóficos do século XIX, em duas uma, ou ele existe ou não existe. Se existe e os espíritos  e médiuns pelo mundo inteiro, dentro e fora do espiritismo, o veem, percebem e manipulam,  nos demonstrando que, sim,  ele existe (universalidade), sendo que a sua existência não colide com nenhum princípio básico do espiritismo, antes nos ajuda a entender melhor o complexo perispiritual dos seres vivos. Que fazer?
Ignorar as novas informações por não constarem nas obras de Kardec?
Kardec faria isso?


O ortodoxo adotará a seguinte postura: isso não deve ser falado,  escrito, pesquisado, estudado, por que não está em Kardec. Essa postura de fechar as portas para o saber espiritual está mais afinada com a tradição dogmática da Igreja do que com as práticas e textos  de Allan Kardec.


 Então sim, existe a necessidade da pureza doutrinária, ou seja, do entendimento dos postulados básicos de uma doutrina para distingui-la de outras, do que lhe caracteriza, de como funciona seus princípios e seu paradigma. Mas uma vez que está ciência tenha um paradigma, os pesquisadores partem deste para olhar a realidade espiritual que é infinita. Este olhar espírita pela realidade espiritual do universo não pode sofrer a castração daqueles que, por terem a limitação do pensamento ortodoxo, querem limitar a ciência espírita aos limites daquilo que lhes agrada. No caso, livros sagrados, interpretações de versículos, manter a platéia presa às suas limitações perceptivas da realidade espiritual, ou seja, um atavismo sério oriundo do domínio da religião feito por sacerdotes. Os porta vozes dos deuses ou do livro sagrado. 


 Ao saber os princípios que norteiam uma ciência espiritual a pessoa estará em condições  de saber, enfim, se está escola espiritual  lhe satisfaz, se a  motiva, se essa escola consegue dar a pessoa uma estrutura de entendimento a qual lhe motive para aproveitar esta encarnação de forma positiva e feliz.


Outra coisa que precisamos falar é sobre como os espíritos, sendo pessoas de diferenciados níveis evolutivos, sociais e culturais passam informações diferenciadas, sendo sempre útil seus informes, não podendo ter por parte de uma pessoa que se defina espírita um apriorismo antipático aos médiuns pois isso limita o estudioso da realidade do mundo espírita. Nos alerta Kardec:

“As comunicações que se obtêm de Espíritos muito superiores,(...) são preciosas pelo alto ensinamento que encerram. Esses Espíritos adquiriram um grau de perfeição que lhes permite abranger uma esfera de ideias mais extensa, penetrar mistérios que ultrapassam a capacidade vulgar da humanidade, e, por conseguinte, de nos iniciar, melhor do que outros em certas coisas. Não se segue disso que as comunicações de Espíritos de uma ordem menos elevada não tenham utilidade; longe disso: o observador nelas haure mais de uma instrução. Para se conhecer os costumes de um povo, é preciso estudá-lo em todos os graus da escala. Quem não o tivesse visto senão sob uma face, conhecê-lo-ia mal. A história de um povo não é a do seu rei e das sumidades sociais; para julgá-lo, é preciso vê-lo em sua vida íntima, em seus hábitos privados.”

Kardec, de forma lúcida e brilhante, deixa claro que a comunicação mediúnica em espiritismo é objeto de aprendizado. Primeiro ponto. Que as percepções da realidade espiritual são diferenciadas segundo o grau de elevação do espírito. Segundo ponto. E que, independente do grau, na escala de progresso que este espírito ocupe, sempre haverá ensinos interessantes a haurir dali.

Na introdução de A Gênese, Kardec nos informa:

“(...)Era preciso, primeiramente, que as ideias destinadas a lhes servirem de base houvessem atingido a maturidade e, além disso, também se fazia mister levar em conta a oportunidade das circunstâncias.
O Espiritismo não encerra mistérios, nem teorias secretas; tudo nele tem que
estar patente, a fim de que todos o possam julgar com conhecimento de causa.
Cada coisa, entretanto, tem que vir a seu tempo, para vir com segurança. Uma
solução dada precipitadamente, primeiro que a elucidação completa da questão,
seria antes causa de atraso do que de avanço.”

Ou seja, a informação espírita é gradativa. Ela vem conforme as circunstâncias psíquicas, culturais, sociais, permitem. Cada coisa tem que vir ao seu tempo, para vir com segurança. Isso por que a doutrina espírita tem como objeto de investigação o mundo espiritual que é uma imensidade. Se a investigação da natureza pela ciência se desdobra em inúmeras ciências e matizes, o mundo espiritual que é maior e bem mais complexo que o mundo material tem na Doutrina espírita como uma ciência espiritual  que o investigue.
, daí que os postulados de Kardec sobre concordância dos ensinos dos espíritos constituírem as raízes de método para se analisar os ensinos dos espíritos. Nos ensina Kardec:

“(...)Ela é( a Doutrina Espírita), e não pode deixar de ser, a resultante do ensino coletivo e concorde por eles dado. Somente sob tal condição se lhe pode chamar doutrina dos Espíritos.
Doutra forma, não seria mais do que a doutrina de um Espírito e apenas teria o
valor de uma opinião pessoal.
Generalidade e concordância no ensino, esse o caráter essencial da
doutrina, a condição mesma da sua existência, donde resulta que todo princípio
que ainda não haja recebido a consagração do controle da generalidade não
pode ser considerado parte integrante dessa mesma doutrina. Será uma
simples opinião isolada, da qual não pode o Espiritismo assumir a
responsabilidade.”

Kardec está nos falando de princípios. Novos princípios precisam da concordância dos espíritos. Sempre dentro da lógica. Princípios não são meros informes, que sempre auxiliam ao entendimento da realidade espiritual. Também na mesma Gênese, Kardec esclarece: “(...)a Ciência é obra
coletiva dos séculos e de uma multidão de homens que trazem, cada qual, o seu
contingente de observações aproveitáveis àqueles que vêm depois.”

Realizamos estes recortes com o intuito do leitor se  inteirar do pensamento de Allan Kardec, pesquisístico, lógico, desapaixonado, portanto heterodoxo, aberto. Não preso a preconceitos e sistemas. Isso para que façamos um paralelo aos ortodoxos espíritas brasileiros da atualidade. Fechados, afeitos a letra de livros, em geral sem contato com o mundo maior e que ridicularizam sistematicamente toda e qualquer médium que tenha fornecido material mediúnico no Brasil e no mundo que contrarie seus ideias fixas pré-concebidas.  Eles são contra. Simples assim. Abundam a internet para combater a mediunidade produzida nos centros espíritas.

Se você os alertar sobre o critério da concordância, ignoram, apontando letras e versículos meticulosamente escolhidos para combater, diminuir, ironizar. Se não conseguem com textos escolhidos, partem para as ciências dos homens. Usam e desusam numa atitude antipática e a priori, o que lhes tira qualquer validade cientifica seria, por que são a priori contra qualquer médium conhecido. De Chico Xavier, Yvonne, a qualquer outro. O apriorismo ácido, irreverente, desrespeitoso, denuncia que eles, os ortodoxos espíritas estão presos ao fundamentalismo. A um fundamentalismo que se origina no ocidente, a partir da ideia de que há uma certeza absoluta, e eles a possuem, portanto, toda e qualquer apresentação da mediunidade, produzida no brasil, a sua experiência mediúnica, a minha, a de qualquer um não é válida, por que apesar de não conflitar com os princípios básicos, eles, os ortodoxos, que são pessoas muito intelectualmente e inteligentes
Sabem o que é verdadeiro apenas sentado em seu gabinete. Você não tem que sair dele  para examinar a forma como as coisas espirituais são. Você não tem que fazer qualquer pesquisa, por que você a priori sabe que não presta e, portanto, só pode ser mentira.

Comparem com a postura de Allan Kardec logo no início da Revue Spirite de 1858:

“(...)Por multiplicadas que sejam nossas observações pessoais, e as fontes em que as
haurimos, não dissimulamos nem as dificuldades da tarefa, nem a nossa insuficiência.
Contamos, para isso suprir, com o concurso benevolente de todos aqueles que se interessam
por essas questões; seremos, pois, muito reconhecidos pelas comunicações que queiram bem
nos transmitir sobre os diversos objetos de nossos estudos; apelamos, a esse respeito, a sua
atenção sobre os pontos seguintes, sobre os quais poderão fornecer documentos:
1. Manifestações materiais ou inteligentes, obtidas em reuniões às quais assistiram;
2. Fatos de lucidez sonambúlica e de êxtase;
3. Fatos de segunda vista, previsões, pressentimentos, etc.
4. Fatos relativos ao poder oculto atribuído, com ou sem razão, a certos indivíduos;
5. Lendas e crenças populares;
6. Fatos de visões e aparições;
7. Fenômenos psicológicos particulares que ocorrem, algumas vezes, no instante da
morte;
8. Problemas morais e psicológicos para resolver;
9. Fatos morais, atos notáveis de devotamento e abnegação, dos quais possa ser útil
propagar o exemplo;
10. Indicação de obras, antigas ou modernas, francesas ou estrangeiras, onde se
encontrem fatos relativos à manifestação de inteligências ocultas, com a designação e,
se possível, a citação das passagens. Do mesmo modo, no que concerne à opinião
emitida sobre a existência dos Espíritos e suas relações com os homens, pelos autores
antigos ou modernos, cujo nome e saber podem dar autoridade.”

Percebem?

Kardec faz uma análise positiva do fenômeno mediúnico. Ele não é contra o mesmo, ao contrário, ele é um buscador. Um pesquisador. Ele não tem a verdade no bolso e a quer impor, como querem fazê-lo os ortodoxos. Ele é um pesquisador.

Kardec mesmo nos orienta ao falar dos detratores do espiritismo, e os ortodoxos, por suas próprias posturas falaciosas e agressivas o são, ao movimento espírita pelo menos, Kardec nos informa cm clareza:

(...)Se é lógico duvidar daquilo que não se conhece, é sempre imprudente contestar as ideias novas, que podem, cedo ou tarde, dar um humilhante desmentido à nossa perspicácia: a história aí está para prová-lo. Aqueles que, em seu orgulho, se apiedam dos adeptos da Doutrina Espírita, estarão, pois, tão alto como creem? Esses Espíritos, dos quais zombam, prescrevem fazer o bem e mandam querer mesmo aos inimigos; eles nos dizem que se rebaixa pelo desejo do mal. Quem é, pois, o mais elevado, aquele que procura fazer o mal ou aquele que não guarda no seu coração nem ódio, nem rancor?
(Kardec, A. 1858, Revista Espírita)

Pois bem amigos, aí Kardec nos traz o princípio de análise tirado do evangelho de Jesus, a árvore se olha pelo fruto. Que frutos Yvone Pereira, Frederico Junior, Divaldo Pereira Franco, Chico Xavier, Raul Teixeira, Suely Caldas Schubert, Peixotinho, Fábio machado, Altivo Pamphiro e tantos outros médiuns deram?

Que frutos Hermínio de Miranda, Cairbar Schutel, Leon Denis, Antônio Freire, MiIlecco, Jorge Andrea, Hernani Guimarães de Andrade, Jacob Mello deram e dão?

Que frutos os ortodoxos com seu negacionismo, sua ironia, sua análise enviesada de obras que eles antipatizam dão? Quantas lágrimas enxugam? Quantos espíritos desencarnados em má situação resgatam?

Você se desdobra, sai do corpo, vê uma cidade espiritual, toda branquinha, com vilas bem bonitinhas. O ortodoxo vem e diz para você,  isso não existe, não pode existir por que isso não está no livro tal ou qual? Você viu por que você leu Nosso Lar.

Mas a pessoa nem conhecia a obra de Chico Xavier. O que os ortodoxos estão fazendo nesse simples situação, no caso real, que ocorreu com pessoa bem próxima a mim? Uma limitação. O ortodoxo está dizendo que não pode ser por que ELE NÃO ACEITA.



Ele, apesar de se definir como espírita não rompeu com a estrutura dogmática ortodoxa que lhe dita os comportamentos que estão profundamente arraigados em sua personalidade. Eles precisam de um conhecimento fixo, datado, publicado e hermeticamente fechado por que isso lhes dá conforto. Incapazes de uma verdadeira ruptura paradigmática aceitam o conhecimento novo, mas lhe apreendem da forma velha.

Eles querem fazer reforma. Que nada mais é que um retorno ao que ELES ACHAM, sejam os padrões verdadeiros da tradição. Vem com amargura a incapacidade de ditar as normas do movimento espírita, por isso o tom agressivo e irônico a todos aqueles que concordarem ou respaldarem com sua vivência mediúnica a mediunidade de seu maior desafeto, Chico Xavier.  

O sectarismo crasso é construído de forma inteligente, por que são inteligentes boa parte dos escritores de internet da ortodoxia espírita. Saberiam com maestria defender seus postulados diante deste artiguete. Sabemo-lo. Nosso intuito não é dirigi este texto a eles. Mas aos espíritas que por vezes, ao verem o autodomínio das obras básicas que estes possuem, não percebem o alcance de esterilidade que discursos que visam dinamitar Emmanuel, Chico Xavier e outros possuem.

Como já disse alhures, não se trata aqui de divinizar médiuns, tão pouco de manifesto chiquista, simplório e também limitado. Mas de entender uma coisa óbvia. Se uma pessoa, médium, adentra os arraiais espíritas, busca servir às pessoas com esta mediunidade, dá a sua vida ao serviço assistencial durante mais de 70 anos ininterruptos. Psicografa, apesar de possuir apenas ensino primário, obras como Parnaso de Além Túmulo. Com centenas de espíritos de  poetas brasileiros e portugueses em seu estilo. Psicografa Romances de profundo conteúdo histórico, literário e moral. Além disso, esse mesmo médium psicografa ao longo de mais de 50 anos mensagens psicografadas comprovadas de entes queridos, com riqueza de detalhes superinteressantes. Pois bem, se este médium é depois de ter feito isso e muito mais, ridicularizado, escrachado, banido, diminuído por pessoas que se definem como espírita,  esses ortodoxos, o que este discurso está dizendo?
Que o fenômeno mediúnico não é algo possível, crível, possível. Se CHICO Xavier que se dedicou toda a sua vida à Doutrina espírita e teve comprovado milhares de vezes suas capacidades mediúnicas é ridicularizado sem piedade pelos adeptos da ortodoxia da pureza doutrinária deles, que mediunidade é possível?


Que possibilidade temos nós da prática mediúnica?



Essa investida contra Chico, Divaldo, Yvonnne, é um a investida contra as possibilidades do fenômeno mediúnico, engessando a Doutrina espírita não em um livro ou livros de Kardec, mas naquilo que ELES, os ortodoxos, escolhem em Kardec para seguir.

Você tira a mediunidade do espiritismo e coloca em seu lugar os porta vozes, zelosos da doutrina, super intelectualizados que ditarão o que existe ou não existe no mundo espiritual. Eles, com essa postura irascível e apriorística, se arvoram em detentores de toda a verdade possível sobre o mundo espiritual, expulsando qualquer informação que chegue a qual eles não concordam.

Apesar de ser inteligentes, se posicionarem como críticos intelectuais, eles, devido a uma não ruptura com o modo discursivo dogmático, o qual em alguns casos eles ajudaram a construir, no campo do dogmatismo religioso do ocidente, ao longo dos últimos 1800 anos, o ortodoxo  quer banir a pesquisa, a ciência espírita, e no seu lugar colocar-se como aquele que define o que pode e o que não pode ser lido, debatido, falado, escrito, psicografado nos arraiais espíritas. Ele não se atém aos princípios gerais, ele se atém a informes, palavras, livros, temas. Ele não quer saber se algo existe ou não, como o centro de forças (chakras), por exemplo, ele quer que isso não seja visto, falado, pesquisado, escrito, por que isso é orientalismo, por que isso não está nas obras básicas, eles propõem um engessamento intelectual e pesquisístico da realidade do mundo espiritual. Eles não querem saber, pesquisar, aprender, eles já sabem tudo que querem saber, por que está escrito, o novo é visto como ameaça a Doutrina, mesmo que este novo não seja um novo princípio básico, que quase nunca é. São detalhismos, informes, experiências que como vimos Kardec buscava. O ortodoxo não busca, para ele a posição confortável é o que ele pode ter sobre controle. Informações novas destroem seu mundo.

Por isso mesmo é comum o ortodoxo sair da Doutrina Espírita, ele passou boa parte do tempo, enquanto se definia como espírita, combatendo, quando percebe que não irá acabar com a mediunidade, sai. ´s vezes até mesmo caindo num ceticismo, que era já a raiz de sua percepção da realidade.

Por tudo que já foi dito, creio ter deixado claro que o caminho da ortodoxia é um caminho que nega o espiritismo. Ele é contraditório, ácido, amargo e combativo. Uma pessoa pode ter uma ideia pessoa sobre uma obra, um informe, um dado em um livro, ok, mas se isso faz com que ele se torne um irônico, o mova ao combate, use textos para dizer não pode etc. Ele está no caminho ortodoxo quem se tomado como regra levaria a longo praz a implosão do espiritismo, sendo este liquidado rapidamente. Os espíritos continuariam sua manifestação mediúnica na terra através da Umbanda e da conscienciologia com os eventuais prejuízos que essas percepções da realidade espiritual trazem e perderíamos o manancial puro e maravilhoso que a espiritualidade iniciou com Kardec. 











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