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sexta-feira, 2 de março de 2012

Animus e Anima- Excertos de textos variados



A figura interior de mulher contida num homem e a figura de homem atuando na psique de uma mulher. Embora desiguais nos modos como se manifestam, anima e animus têm certas características em comum. Ambos são IMAGENS psíquicas. Cada qual é uma configuração que emana de uma estrutura arquetípica básica (ver ARQUÉTIPO). Como as formas fundamentais que subjazem aos aspectos “femininos” do homem e aos aspectos “masculinos” da mulher, são considerados como OPOSTOS. Como componentes psíquicos, são subliminares à consciência e funcionam a partir de dentro da psique inconsciente;

Jung postulou uma estrutura inconsciente que representa a parte sexual oposta de cada indivíduo; ele denomina tal estrutura de Anima no homem e Animus na mulher. Esta estrutura psíquica básica funciona como um ponto de convergência para todo material psíquico que não se adapta à auto-imagem consciente de um indivíduo como homem ou mulher.

Portanto, na medida em que uma mulher define a si mesma em termos femininos, seu Animus vai incluir aquelas tendências e experiências dissociadas que ela definiu como masculinas.

Todo homem carrega dentro de si a eterna imagem da mulher, não a imagem desta ou daquela mulher em particular, mas uma imagem feminina definitiva. Esta imagem é uma marca ou Arquétipo de todas as experiências ancestrais do feminino, um depósito, por assim dizer, de todas as impressões já dadas pela mulher. Uma vez que esta imagem é inconsciente, ela é sempre inconscientemente projetada na pessoa amada e é uma das principais razões para atrações ou aversões apaixonadas.

De acordo com Jung, o pai de sexo oposto ao da criança é uma importante influência no desenvolvimento da Anima ou Animus, e todas as relações com o sexo oposto, incluindo os pais, são intensamente afetadas pela projeção das fantasias da Anima ou Animus. Este Arquétipo é um dos mais influentes reguladores do comportamento. Ele aparece em sonhos e fantasias como figuras do sexo oposto, e funciona como um mediador fundamental entre processos inconscientes e conscientes. Ele é orientado basicamente para os processos internos, da mesma forma como a Persona é orientada para processos externos. É a fonte de projeções, a fonte da formação de imagens e a porta da criatividade na psique. (Não é surpreendente, pois, que escritores e artistas homens tenham pintado suas musas como deusas femininas.)

O confronto com a Anima ou o Animus traz, em si, todo o problema do relacionamento com o inconsciente e com a psique coletiva. A Anima pode acarretar súbitas mudanças emocionais ou instabilidade de humor num homem. Nas mulheres, o Animus freqüentemente se manifesta sob a forma de opiniões irracionais, mantidas de forma rígida. (Devemos nos lembrar de que a discussão de Jung sobre Anima e Animus não constitui uma descrição da masculinidade e da feminilidade em geral. O conteúdo da Anima ou do Animus é o complemento de nossa concepção consciente de nós mesmos como masculinos ou femininos, a qual, na maioria das pessoas, é fortemente determinada por valores culturais e papéis sexuais definidos em sociedade.)



Em virtude de suas conexões arquetípicas, anima e animus foram representados em muitas formas e figuras COLETIVAS: como Afrodite, Atena, Helena de Tróia, Maria, Sabedoria e Beatriz; ou como Hermes, Apolo, Hércules, Alexandre, o Grande, e Romeu. Na projeção, atraem atenção e fervor emocional como figuras públicas, mas também como amigos, amantes, viúvas e maridos, banais e comuns. Deparamos com eles como consortes em nossos sonhos. Como componentes personificados da PSIQUE, nos ligam e nos envolvem com a vida.


Jung resumiu anima / animus como “imagens da alma”. Posteriormente elucidou esta afirmação chamando a cada uma delas de não-eu. Ser não-eu para um homem corresponde, com muita probabilidade, a algo feminino e, porque é não-eu, está fora de si próprio, pertencendo à sua alma ou ao seu espírito. A anima (ou animus, conforme o caso) é um fator que acontece a um indivíduo, um elemento apriorístico de disposições, reações, impulsos no homem; de compromissos, crenças, inspirações em uma mulher – e, para ambos, algo que induz o indivíduo a tomar conhecimento do que é espontâneo e significativo na vida psíquica. Por trás do animus, alegava Jung, jaz “o arquétipo de significado; exatamente da mesma forma que anima é o arquétipo da própria vida (...)


A possessão pela anima ou pelo animus transforma a personalidade de modo a dar proeminência àqueles traços que são considerados psicologicamente característicos do sexo oposto. Em um ou outro caso, uma pessoa perde a individualidade, antes de tudo, e, conseqüentemente, tanto o encanto como os valores. Em um homem, ele fica dominado pela anima e pelo princípio de EROS com conotações de inquietação, promiscuidade, mau humor, sentimentalidade – o que quer se possa definir como uma emocionalidade irreprimida. Uma mulher sujeita à autoridade do animus e do LOGOS é controladora, obstinada, cruel, dominadora. Ambos tornam-se unilaterais. Ele é seduzido por pessoas inferiores e forma ligações pouco significativas; ela, sendo absorvida por um pensamento de segunda classe, marcha à frente sob a égide de convicções que não levam em conta os relacionamentos(...)


A Anima expressa as tendências psicológicas femininas na psique masculina. É a imago materna, já que a primeira projeção da anima do filho é em sua mãe (JUNG, 1986). Segundo Von Franz (1964, p. 177) são características da Anima, os “humores e sentimentos instáveis, as intuições proféticas, a receptividade ao irracional, a capacidade de amar, a sensibilidade à natureza e, por fim, mas nem por isso menos importante, o relacionamento com o inconsciente”. Algumas funções da anima seriam: a escolha da esposa, sensibilização da mente masculina aos seus valores internos, auxiliar no discernimento interno e mediar o contato do ego com o Self.
Já o Animus são os aspectos masculinos na psique feminina, correspondendo ao Logos paterno. Suas características são: as convicções, opiniões, argumentos, etc. Atender ao seu animus, auxiliar a mulher a ter mais iniciativa, coragem e objetividade em suas decisões, características essenciais do Logos (palavra, verbo, criação) (ibid.).
Esses dois arquétipos mediam nossas relações com o Outro, a alteridade, a diferença, a realização da polaridade (feminino e masculino) (MAGALHÃES, 1984). Eles geralmente são projetados para os indivíduos do sexo oposto. Por esse motivo, a forma como lidamos com o sexo oposto nos fornecem indícios sobre como lidamos com as nossas características femininas e masculinas.



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