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segunda-feira, 11 de abril de 2011

O caso Otilia Diogo e as materializações de Uberaba



O QUE EU VI EM UBERABA ATRAVÉS DE OTÍLIA DIOGO

Extraído do livro Materializações em Uberaba, de Jorge Rizzini. Ed. Livro Fácil - Nova Luz Editora. Fotos de Nedyr Mendes da Rocha (quem puder obter a edição de 1964, da Edicel, terá melhores fotos do que a atual)



Ectoplasma saindo da boca (blerg!) do médium Antônio Alves Feitosa e formando a aparição de Irmã Josefa, em Uberaba, 1965, na presença de Chico Xavier. Otília Diogo também aprticipou, e se encontrava sentada dentro da cabine.
Dias após fazer publicar em um semanário de São Paulo uma reportagem sobre Dna. Otília Diogo e as materializações através de sua mediunidade (éramos, então, chefe de reportagem da Edição Extra) foi o autor deste livro convidado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira a assistir, em Uberaba, sessões com a referida médium de efeitos físicos. Era o primeiro contato que teríamos com Dna. Otília Diogo, e ansiávamos por ele. Minha incumbência específica era registrar em um documentário cinematográfico o encontro da médium com os médicos, com Chico e Waldo, etc. e, assim ampliar a Filmoteca Allan Kardec, criada por nós.

No dia marcado, em companhia do psiquiatra Alberto Calvo, dirigi-me a Uberaba, levando comigo a aparelhagem de filmar. A sessão a que assisti foi realizada no pequeno consultório médico de Waldo Vieira. E em condições capazes de evitar possibilidade de fraude. Rigorismo absoluto, inclusive entre os próprios médicos. Basta recordar que a ninguém foi permitido entrar na sala dos trabalhos trazendo lenço e nem relógio no pulso. Ainda mais: fomos obrigados a entrar na sessão sem paletó... e sem gravata! Quanto a médium Otília Diogo, devia trocar de roupa: ao invés do vestido colorido, que usavam, devia ela vestir uma camisola negra, exclusivamente. A cautela se justificava: é que o espírito de Irmã Josefa se materializa como freira, vestida totalmente de branco. A jornalista associada, Wanda Marlene, foi incumbida pelos médicos de acompanhar dna. Otília Diogo ao compartimento contíguo ao consultório e fiscalizar, também, a troca de roupa. Era a primeira vez que a jornalista se defrontava com a médium.

No consultório do médico Waldo Vieira estavam instaladas nove máquinas fotográficas: os espíritos que porventura se materializassem seriam fotografados em nove ângulos diferentes para exame e confronto. No teto, o flash eletrônico. Viam-se, também, barômetros, balanças, etc. Frente às cadeiras, dispostas em fila para os assistentes, uma jaula de aço confeccionada em Uberaba; idêntica às que se vê nos jardins zoológicos e da qual (sem exagero) nem mesmo uma pantera ou um leão poderiam escapar. Jaula esta destinada aos médiuns.

Após verificação da temperatura do ambiente e pesagem de todos os presentes, foram introduzidos na referida jaula Otília Diogo, coberta por uma camisola de cor negra, e o Sr. Feitosa. Em seguida foram amarrados pelos próprios médicos. Nos pés, foram colocadas fortes correias com cadeados; nos pulsos, ao invés de correias, algemas policiais prendendo também o braço da cadeira. Algemas do tipo espanhol: quanto mais o preso procura libertar-se, mais apertam os pulsos.

Penalizou-me ver Dna. Otília Diogo naquela situação humilhante: vestida com roupa preta, dentro de uma jaula e algemada, como uma criminosa. Mas, a mesma pedira aos médicos rigor excessivo na fiscalização de sua pessoa, e esse pe-dido ela o fez com espontaneidade admirável, pois médium autêntica que é, sujeita-se a tudo, sem nada temer. Tudo pronto, os médicos sentaram-se em seus lugares. Waldo Vieira leu um trecho do Evangelho, abrindo em nome de Deus a reunião e, em seguida, foi apagada a lâmpada do consultório. A sala ficou em escuridão total.

A pedidos, Francisco Cândido Xavier, ao nosso lado, fez uma lindíssima prece, citando várias vezes o nome de Jesus. Terminada esta, a expectativa pareceu crescer. Algo aconteceria ou não? O mundo espiritual se faria presente ali?

Acredito que todos estivessem duvidando. Quanto a mim acostumado a ver embusteiros fantasiados de "fenômeno", confesso que, não sei porque, não acreditava nos dons mediúnicos de Dna. Otília... E muitíssimo menos nos do Sr. Feitosa. Aquelas algemas policiais... A jaula zoológica... Os dezenove médicos, todos atentos com os olhos arregalados...

Mas, para grande espanto nosso, de súbito ouvimos no lado esquerdo da jaula, onde se encontrava Dna. Otília Diogo, ruídos estranhos... Ruídos guturais. Deram a impressão de alguém estava a extrair algo da boca da médium. Dna. Otília gemia. Era o transe que se iniciava. Segundos depois, começou a liberação do ectoplasma; não apenas pela boca, mas também pelos ouvidos e nariz. Agora , o ruído que chegava até nós modificou-se: palavras initeligíveis passaram a ser proferidas. Palavras gritadas. Evidentemente, o espírito manifestante estava a experimentar a garganta recém-formada com o ectoplasma fornecido pela médium.




Materialização de Irmã Josefa. Clique aqui para ver mais fotos
Que estava por suceder? E, imediatamente, mãos invisíveis puseram em movimento a vitrola localizada fora da Jaula e, ato contínuo, sob a luz de uma pequenina lâmpada vermelha, diante dos dezenove médicos surgiu a materialização total do espírito de Irmã Josefa: magnífica, toda vestida de branco, com roupa de freira. Trazia uma luz na fronte e no tórax.

- Viva Jesus! - disse ela, alegre, e sua voz com timbre brilhante e, no entanto, suavíssimo (oposto ao da médium) ecoou pelo consultório.
- Viva Jesus! - responderam todos, deslumbrados com o fenômeno.
E Irmã Josefa tornou a repetir, com seu sotaque alemão:
- Viva Jesus!
E esparziu sobre todos gotas de perfume. O ambiente parecia etéreo, não obstante vinte e poucas pessoas respirando e transpirando dentro de uma pequena sala hermeticamente fechada a cadeados.
- Sabem porque estou aqui entre vocês, meus filhos? Para dar provas de que a morte não existe. Provas verdadeiras de que todos vocês são imortais.

E Irmã Josefa, mostrando-se muito feliz, deu em verdade provas magníficas. Permitiu dezenas de fotografias; entre elas, várias curiosas, como por exemplo, uma que mostra seu corpo ectoplásmico sendo interpenetrado pelas grades da jaula. Outro fenômeno curioso, foi o transporte de três fitas coloridas para o consultório. Essas fitas de pano foram colocadas na palma da mão de Chico Xavier e, entre Chico Xavier e Irmã Josefa havia uma distância de, pelo menos, três metros; o espírito, no entanto, para colocar as fitas na mão de Chico Xavier, não caminhou um passo! Seu braço ectoplásmico é que se alongou.
Nessa noite memorável, também se materializou através de Dna. Otília o espírito de Alberto Veloso, ex-médico da marinha. Materialização integral. Antes, fez-se anunciar no recinto esparzindo gotas de éter. Foi inúmeras vezes fotografado. Também o espírito de uma criança, sem se deixar ver, conversou com os presentes. Em seguida, materializou uma gaita e tocou-a, permitindo que nós outros (inclusive eu) a examinássemos. A gaita teria uns quinze centímetros de comprimento e cinco de altura.

Por tudo o que nos foi dado ver, podemos afirmar: dna. Otília Diogo nos faz lembrar as médiuns do passado Eusápia Paladino, que também era analfabeta, Mme. D'Esperance nos seus grandes momentos de mediunidade. Principalmente, D'Esperance; inclusive, pela sua comovedora simplicidade, fora do normal. Infelizmente, Antônio Alves Feitosa, dentro da jaula algemado, nada pode oferecer aos médicos no complexo campo da mediunidade.

Esse trabalho em Uberaba, dias depois foi repetido na residência do autor deste livro. Mas, em condições privilegiadas: não foi necessário o uso intermitente da lâmpada vermelha, que as materializações de Alberto Veloso e Irmã Josefa, em nossa sala de visitas, se verificaram sob a luz branca, indireta e contínua. Iluminação excessiva; e, no entanto, Alberto Veloso, nessa noite, apresentou-se diante de nós sem véus. Com uma nitidez espantosa.

Aqui termina o que podemos chamar de primeira fase do nosso histórico. Foi ela redigida a fim de que o leitor se inteire de fatos paralelos ao escândalo de O Cruzeiro e tome conhecimento de detalhes que vão esclarecer (ainda mais) certas questões que adiante serão levantadas.


OS REPÓRTERES DA REVISTA O CRUZEIRO EM UBERABA


Agora, é chegado o momento de tocarmos em um ponto fundamental: o intrometimento da revista O Cruzeiro nas experimentações de ectoplasmia, em Uberaba.

A primeira reportagem (a favor das experiências) com catorze páginas ilustradas, traz a assinatura de José Franco e foi feita com o sentido de conquistar a simpatia dos dezenove médicos que examinaram a médium Otília Diogo. Essa primeira reportagem, porém, nasceu como?

Por incrível que pareça, de um programa de televisão... O repórter assistiu ao programa organizado por Wanda Marlene na TV Itacorumy, ouviu o depoimento de alguns médicos, viu diversas fotografias pelo vídeo e foi aos estúdios buscar o material para a reportagem, que recebeu o nome de "Fenômenos de Materialização".

Aqui começa a irresponsabilidade da revista O Cruzeiro: publicar uma vasta reportagem sobre materialização de espíritos, ilustrada com quinze fotografias, algumas ocupando página inteira, sem que seu autor, José Franco, tivesse, pelo menos, conhecimento do local das sessões!

Absurdo, evidentemente, em se tratando de uma revista que pretende ser mais ou menos honesta. Mas, má fé já estava patente nessa primeira reportagem; porque José Franco, ao fim da mesma, deu destaque à seguinte "nota do repórter" e para a qual chamo a atenção do leitor:

"Não houve neste texto (escreve o repórter) do princípio ao fim, nenhuma frase que denunciasse a opinião do repórter. Esta será expedida em outra ocasião, se me for dada a oportunidade de presenciar, com os próprios olhos, as pesquisas que a numerosa equipe médica procede na cidade de Uberaba"

Os médicos (psicologicamente pressionados por essa reportagem) se viram obrigados a convidar José Franco para uma sessão experimental com Dna. Otília Diogo. José Franco respondeu que se faria acompanhar de uma testemunha, um outro repórter de nome José Nicolau. E a data da experimentação foi marcada, que já não era possível aos médicos voltar atrás... Se desfizessem o compromisso, fatalmente seriam massacrados pela revista como "embusteiros", etc.

No dia da sessão, porém, tiveram os médicos uma surpresa: ao invés de apenas José Franco e uma testemunha José Nicolau, surgiu em Uberaba, vindo do Rio de Janeiro, um bando de repórteres e fotógrafos, "para assistir aos trabalhos".

É evidente, portanto, que a trama de O Cruzeiro já estava preparada.

Era impossível recuar; e os médicos, sem saber o que iria acontecer (mas, apoiados espiritualmente com a presença de Chico Xavier) entraram no consultório de Waldo Vieira acompanhados de Jorge Audi, Henri Ballot, José Franco, Mário Moraes, Paulo Miranda, José Nicolau e Nilo Oliveira. Ao todo, sete repórteres e fotógrafos de uma revista sensacionalista. Participaram, também, dos trabalhos Cleusa Soares e a valorosa Wanda Marlene, ambas da TV Itacolomy, de Belo Horizonte. (A sessão foi realizada na noite de 3 de janeiro de 1964).

O que foi essa sessão, vamos narrar agora; sem minúcias, mas com base em depoimentos.

Estavam presentes no consultório do Dr. Waldo Vieira (local da experimentação) treze médicos, alguns professores de faculdades. Eram eles: Dr. Eurípedes Tahan Vieira, Dr. Cleomar Borges de Oliveira, Dr. Adroaldo Modesto Gil, Dr. Alberto Calvo, Dr. Adelor Alves Gouveia, Dr. Waldo Vieira, Dr. Oswaldo de Castro, Dr. Elias Barbosa, Dr. Armando Valente de Couto, Dr. José Américo Junqueira de Mattos, Dr. Ismael Ferreira da Rezende, Dr. Milton Skaff e Dr. Sebastião de Mello, que dirigiu a sessão propriamente dita.

Treze médicos, mas a fiscalização foi entregue aos repórteres. Foi-lhes dada, para isso, ampla liberdade de ação. Começaram eles examinando, através de batidas, as paredes do consultório; depois, o teto, o piso, a porta. O ventilador e o exaustor também passaram por um revisão: por dentro e por fora. Nada de suspeito encontraram. Os próprios médicos foram revistados pelos Jornalistas; inclusive, os sapatos e, mais detidamente, os saltos de borracha...Talvez com uma pressão pulasse o salto do sapato de um médico mancomunado com Dna. Otília Diogo e surgisse o vestuário enorme da freira...

Quanto a Francisco Cândido Xavier, que participava da reunião apenas na qualidade de assistente, teve as roupas um pouco mais policialmente examinadas. Era tal a desconfiança que inspirava, que os bolsos de sua calça foram destruídos: alguém levantara a hipótese de que a vestimenta da freira poderia estar escondida na calça do médium mineiro...

Para completar a fiscalização, o próprio Dr. Adelor Alves Gouveia aconselhou que se colocasse no ombro de cada participante um pedaço de esparadrapo fosforescente a fim de evitar-se movimentos suspeitos no consultório. Isso também foi feito.

Médicos e consultório revistados com perícia pela equipe de repórteres, restava, agora, um exame completo em Dna. Otília Diogo. Já sabe o leitor que ela é uma senhora humilde, sem nenhuma instrução (não sabe sequer ler e escrever) e que a exemplo dos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, se sujeita a qualquer tipo de experimentação; inclusive, a exigida pela equipe de O Cruzeiro...

Antes de entrar na sala dos trabalhos, foi ela submetida a um exame (por razões óbvias) feito pelo Dr. Ismael Ferreira de Resende. Em seguida, para evitar qualquer suspeita de fraude, convidada a vestir uma camisola negra, visto que a roupa da freira materializada é totalmente branca, dos pés a cabeça. Tanto o exame no corpo de Dna. Otília Diogo como a troca de roupa foram feitos na presença dos repórteres Mário Moraes e Jorge Audi. Absurdo, evidentemente, mas era preciso que a verdade espiritual se manifestasse límpida e cristalina naquela noite.

Comprovado que nada de suspeito havia no corpo e nas vestes da famosa médium, foi ela conduzida ao consultório onde todos a aguardavam. A cadeira destinada a médium era do tipo "espreguiçadeira". Estava solidamente fixada ao solo, pois fora chumbada com cimento! Tranqüila, dona Otília Diogo acomodou-se e os repórteres, imediatamente, procederam a sua prisão.

Nilo Oliveira, ex-reporter policial, comandou esse trabalho. Com grossas correias a médium teve as pernas presas aos pés da cadeira. Nas correias, cadeados; e, cobrindo a fechadura dos mesmos, teve ainda o arguto Nilo Oliveira o cuidado de colocar tiras de esparadrapo, todas elas com a sua rubrica. Mas, os repórteres não comem gato por lebre: o corpo de Dna. Otília não poderia ter movimentos livres...E fizeram uso de novas correias, as quais levaram a força o corpo da médium ao encosto da cadeira; prendendo essas correias, foram colocados novos cadeados envolvidos em esparadrapos, também rubricados por Nilo Oliveira. Pés e tronco presos, restavam apenas as mãos de Dna. Otília Diogo: para impedir-lhes qualquer ação, estava reservada uma algema policial, que foi colocada nos pulsos pelo ex-reporter policial.

Tudo em perfeita ordem, os repórteres, já combinados entre si, distribuíram-se, estrategicamente, pelo consultório. Paulo Miranda foi incumbido de policiar a porta da entrada. Quanto a Nilo Oliveira, recusou-se a ficar no consultório, explicando:
- Se alguma coisa aparecer aqui dentro, é porque veio do lado de fora. Eu e o nosso motorista ficaremos vigiando o prédio.

Fechada a porta, foram as lâmpadas do consultório apagadas.

Dr. Sebastião de Mello, após fazer uma breve explanação sobre os fenômenos que certamente iriam se verificar, pediu a Francisco Cândido Xavier que abrisse a sessão com uma prece.

A experimentação foi cronometrada pelo Dr. Adroaldo Modesto Gil e teve início, exatamente, às 21:05 hs. Cinco minutos depois, porém, já a notável médium entrou em transe: primeiro, gemidos, em seguida liberação do ectoplasma pela boca, ouvidos e nariz. As 21,20 hs. (dez minutos depois) surgiu o primeiro fenômeno: aspersão de perfume em forma de chuva leve sobre os repórteres (aviso de que Irmã Josefa iria materializar-se). Sete minutos após a "chuva", com espanto observaram todos o segundo fenômeno: uma luminosidade movimentando-se nas proximidades da médium, a qual se mantinha em sono profundo. A luminosidade continuou em movimento e um minuto depois foi constatado o terceiro fenômeno: uma voz feminina ecoou no consultório. Voz com timbre metálico, porém suave, meigo.

Os repórteres, é óbvio, começavam a assustar-se.

Sete minutos após a "voz direta", para espanto e admiração de todos, foi visto o quarto fenômeno, magnífico e notável: a aparição de uma forma feminina, vestida com um volumoso e complicado traje branco de freira, trazendo luz na fronte e no tórax. E no peito um crucifixo com cerca de dez centímetros de altura. Era Irmã Josefa.

O ambiente vibratório não era dos melhores, mas, ainda assim, Irmã Josefa se manteve materializada durante meia hora. Além das provas que precederam sua aparição tangível, deu ela ainda outras: conversou com os repórteres e fotógrafos durante trinta minutos, permitiu que lhe tocassem o corpo, deixou-se fotografar ao lado de Mário Moraes, Jorge Audi e José Franco.

A conversa inteira entre Irmã Josefa e os repórteres foi registrada no gravador do Dr. Eurípedes Tahan Vieira. A fita magnética foi emprestada ao autor desta obra, que a ouviu, atentamente. Durante a conversa, houve momentos curiosos. Como este, por exemplo : estavam sendo batidas fotografias, quando um dos fotógrafos disse a Irmã Josefa:
- Eu gostaria de tirar uma foto sua em pose especial. A senhora não quer abrir os braços?

Irmã Josefa captou imediatamente o pensamento do fotógrafo e respondeu, com seu sotaque alemão:
- Oh, que bonita... Está pensando que meu braço é braço de Otília...

E, abaixando a voz, acrescentou:
- Eu vou abrir os braços... Faço isso de coração. Pronto...

E, antes do flash explodir, Irmã Josefa exclamou, alegre:
- Viva Jesus!

Essa foto prova que Irmã Josefa é independente da médium; em termos, é óbvio.


Materialização total de Alberto Veloso no consultório do Dr. Waldo Vieira

A cara de assustado do repórter é simplesmente impagável...
Minutos depois de Irmã Josefa desaparecer, verificou-se no pequeno consultório o quinto fenômeno: de súbito, caiu sobre todos os presentes uma chuva leve de éter (prenúncio de que o espírito de Alberto Veloso iria também materializar-se). Um minuto depois, o fato deslumbrante foi visto. Como de costume, apresentou-se com barbas e vestido, por assim dizer, à moda oriental. Durante nada menos que quarenta minutos o ex-médico da marinha se manteve no ambiente. Foi inúmeras vezes fotografado. De pé e com os braços abertos. Em certo momento, para provar a Nilo Oliveira, que se encontrava do lado de fora, que algo de notável estava se processando dentro do consultório, jogou éter no exaustor. Ao respirar o éter, o repórter certamente pensou: "Dna. Otília conseguiu esconder um vidro de éter e nós não percebemos!" Ao terminar a sessão, Nilo Oliveira entrou no consultório e, bastante surpreso, encontrou a médium na posição exata em que a deixara: sentada, algemada e... presa com correias e cadeados. Libertou-a, depois de constatar, cuidadoso, que todas as tiras de esparadrapo que cobriam as fechaduras continham a sua assinatura. Mas um outro repórter não se conteve e quis examinar, mais uma vez, a roupa preta que os médicos haviam dado a Dna. Otília. Forçou-a, rasgou-a: a médium, na revista O Cruzeiro, aparece de soutien! Um dos fotógrafos bateu inesperadamente uma foto...

Ainda sob a emoção, diversos repórteres deixaram suas impressões sobre os fenômenos no gravador do Dr. Eurípedes Tahan Vieira. Vamos transcreve-las, integralmente, e na ordem cronológica, a fim de que o leitor possa compará-las com os depoimentos que, dias depois, publicaram na revista O Cruzeiro.

"Eu, Nilo Oliveira, posso declarar que algemei a Dna. Otília, médium que atuou nesta sessão, rubriquei e colei o esparadrapo na fechadura dos cadeados e tomei conta do exterior da casa onde se realizava esta sessão. Não observei absolutamente nada de anormal por fora. E terminada a sessão, penetrei na sala E ENCONTREI TUDO COMO HAVIA DEIXADO: a Dna. Otília algemada, tendo eu desfeito a algema, aberto os cadeados e encontrado as rubricas que havia feito anteriormente."

"Eu (diz agora Mário Moraes) repórter de O Cruzeiro, declaro que assisti uma experimentação realmente estranha: NUNCA HAVIA VISTO NADA IGUAL, e é lógico que não sendo estudioso da matéria, NÃO TENHO EXPLICAÇÃO PARA O QUE VI. Passo a partir desse momento a me interessar pelo problema: procurarei no futuro próximo talvez dar uma explicação para o fato."

"É difícil (confessa Henri Ballot) dar uma explicação... É a primeira vez que eu assisti a uma sessão assim... Eu fiquei SURPREENDIDO pelo fenômeno, que a primeira vista não se vê uma explicação plausível.... Deve haver uma, não há dúvida. Eu tenho algumas idéias a respeito disso. Mas não tenho autoridade para falar."

"Sinceramente (diz o repórter José Franco) após essa reunião não sei o que dizer; fiquei bastante IMPRESSIONADO COM O FENÔMENO, mas ainda tenho uma explicação a respeito."

"Eu assisti a uma dessas sessões realizadas em Uberaba (diz Audi) e é REALMENTE ESPETACULAR; nós procuramos de toda forma encontrar alguma falha, algum defeito, alguma coisa que pudesse denunciar anormalidade. E, naturalmente, vai depender de algum raciocínio e, se possível, uma outra oportunidade em que a gente possa ter mais chance de observar melhor o fenômeno. No momento, o que eu posso dizer é que, para mim, FOI UMA COISA INÉDITA! EU JAMAIS HAVIA ASSISTIDO COISA IGUAL, embora na vida de um repórter essas emoções são quase que diárias. Essas emoções novas e violentas são já um lugar comum na vida de um repórter. Posso afirmar que é realmente QUALQUER COISA ASSIM EMOCIONANTE. Agora, eu gostaria de ter mais contato e mais oportunidade PARA PODER FAZER UM RACIOCÍNIO MAIS ABSOLUTO."

Essas, as declarações dos repórteres logo após a sessão com a notável médium Dna. Otília Diogo.

Depois, porém....


O ESCÂNDALO DE "O CRUZEIRO" E A MISSÃO DE IRMÃ JOSEFA


A sessão de Uberaba parecia haver terminado bem; o depoimento vibrante dos repórteres, aliás, deixa evidente que os jornalistas ficaram profundamente emocionados com o que viram e ouviram na famosa experimentação com a médium Otília Diogo. Em verdade, Irmã Josefa deu aos repórteres algumas das mais importantes provas da imortalidade do espírito. No entanto, dias depois, a revista O Cruzeiro divulgou em todo o Brasil uma reportagem (primeira de uma extensa série) assinada por seis dos sete repórteres e intitulada... "A Farsa da Materialização": uma reportagem enorme, com catorze páginas, arrasando a médium, os médicos e as reportagens subsequentes, os repórteres se tornaram ainda mais agressivos (para efeito de sensacionalismo) e taxaram os médicos de mistificadores, levianos, escroques, petulantes, gangsters (...) etc.

Essa formidanda campanha de O Cruzeiro contra o Espiritismo teve a duração de quase três meses consecutivos! Ocupou onze números seguidos da revista! Nos onze números, foram gastas cerca de setenta paginas compactas... Ilustraram a campanha um total de oitenta e sete fotografias!

Foi, em verdade, o maior golpe sofrido pelo Espiritismo, por enquanto, em toda a América do Sul!

No grande escândalo, o nome venerável de Francisco Cândido Xavier Também foi envolvido.

Vejamos as principais acusações da revista O Cruzeiro que pretenderam transformar em farsa as materializações de Uberaba:

1) O espírito masculino de Alberto Veloso se materializa com seios
2) Em baixo do turbante de Alberto Veloso se esconde uma vasta cabeleira
3) O ectoplasma que sai da boca, ouvidos e nariz de Otília Diogo é um chumaço de pano branco
4) A roupa das formas materializadas é uma só
5) A roupa das formas materializadas apresentam marcas nítidas de confecção mecânica: sinais de dobragem e costuras
6) O fio da "roupa" de Irmã Josefa, encontrado após a sessão, não era fio ectoplásmico
7) Apenas a barba diferencia Otília Diogo de Alberto Veloso
8) Otília Diogo não é filha de Irmã Josefa, e sim de Dna. Maria Luisa Barbosa
9) Otília Diogo tinha os pés praticamente soltos, após a sessão.
10) Dr. Waldo Vieira não permitiu aos repórteres o uso de infravermelho
11) As algemas e cadeados eram de propriedade dos médicos
12) Os repórteres não examinaram, antes da sessão, o corpo e as vestes da médium Otília Diogo.
13) Nilo Oliveira não pode, a sua maneira, manietar a médium
14) Os Drs. Alberto Calvo e Oswaldo de Castro também manietaram Dna. Otília Diogo
15) Os repórteres não tiveram liberdade para escolher suas cadeiras na sala de experimentação
16) A vitrola, durante a sessão, não tocou (?)
17) O espírito de Alberto Veloso não fala
18) Irmã Josefa disse, em determinado momento, que tinha apenas um dado materializado, mas na verdade tinha ela os cinco
19) As roupas das materializações apresentam vincos e dobraduras
20) As materializações, sob a luz, projetam sombras nas paredes
21) As fotografias das materializações são truques grosseiros
22) Há coleta de dinheiro nas sessões científicas
23) Nos pés de Otília Diogo, pós a sessão de Uberaba, existiam resquícios do círculo de giz feito pelos médicos
24) Não foi permitida a prova do talco
25) Chico Xavier estava "falsamente inebriado" ao lado da Irmã Josefa, em uma fotografia
26) Waldo Vieira prometeu aos repórteres inúmeras sessões com a médium Otília Diogo
27) A virgindade de Irmã Josefa é indiscutível
28) Otília Diogo abandonou vilmente o marido e filhos
29) Documentos "oficiais" provam que a materialização de Uberaba é farsa

Antes de refutarmos as acusações (a maior parte refutada aqui), digamos que essas reportagens de O Cruzeiro abalaram profundamente os espíritas de todo o país e, por mais estranho que pareça, a convicção de alguns líderes... Não obstante, Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, dois médiuns notáveis e impolutos, colunas mestras da mediunidade no Brasil (instrumentos de Emmanuel e André Luís) estarem presentes à experimentação. Esse fato, por si só, deveria ser, pelo menos para os "líderes", uma garantia da autenticidade dos fenômenos. E, apesar dos espíritas, em geral, saberem, perfeitamente, que a revista O Cruzeiro sempre foi inimiga declarada e feroz da Doutrina de Allan Kardec. Ou será, santo Deus, que não nos serviu de lição a reportagem que David Nasser (hoje, um dos diretores de O Cruzeiro) fez há alguns anos ridicularizando Francisco Cândido Xavier e o Espiritismo ?!

Aproveitamos o momento para responder à pergunta, que, certamente, o leitor já formulou: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira já foram avisados pelos Guias espirituais que a sessão com os repórteres iria transformar-se em escândalo nacional?

A resposta, em se tratando de dois médiuns missionários e com grande responsabilidade na evolução do Espiritismo no Brasil, só poderia, evidentemente, ser esta: o mundo espiritual os avisou. Mas, não podiam recuar; porque os escândalos, em nosso planeta, são necessários...

Lembremo-nos de que o próprio Cristo serviu de escândalo.... para o bem do cristianismo!

Quanto a Irmã Josefa, podemos dar nosso testemunho de que também ela sabia do que estava por suceder; e, com antecedência de meses!

Recordo-me de que em Uberaba, quando ainda não nos passava pela mente o nome da revista O Cruzeiro, Irmã Josefa, materializada, dirigiu-se nestes termos a Wanda Marlene, da TV Itacolomy de Belo Horizonte e notável defensora do Espiritismo:
- Você, minha filha, vai ser soldado de Irmã Josefa. Você gosta de ser soldado de Irmã Josefa?

Naquele momento, ninguém entendeu nem deu importância as palavras proféticas de Irmã Josefa... Se as sessões de materialização, em Uberaba, estavam se processando na mais absoluta calma e tranqüilidade...

Também, em minha residência, em São Paulo, Irmã Josefa, plenamente materializada, disse, dirigindo-se a mim:
- Você vai ser mais que um soldado de Irmã Josefa.... Você gosta, Rizzini?

Respondi automaticamente que sim; não me ocorreu interrogar a entidade... Mas, um ou dois meses depois, abria a revista O Cruzeiro guerra contra Irmã Josefa e as experiências de Uberaba: e a verdade é que nós, e Wanda Marlene, na qualidade de soldados, entramos na luta - e na linha de frente!

Já agora, na mente do leitor, se delineia a difícil missão confiada ao admirável espírito de Irmã Josefa: sacudir (e trazer) a consciência de todo o povo brasileiro para os problemas fundamentais da imortalidade. Irmã Josefa, como vimos, estava perfeitamente consciente dessa missão. Missão árdua, repetimos, pois materializando-se, como freira, agitou o clero da terra e o clero do espaço... Para bem cumprir a missão (apoiada por Emmanuel e André Luís) tinha ela de, pacientemente, criar uma série de circunstâncias: aproximar a médium Otília Diogo de Chico Xavier e Waldo Vieira, cujos nomes já eram famosos no campo da mediunidade; reunir em Uberaba uma equipe médica que se responsabilizasse cientificamente pela sua materialização e de Alberto Veloso, espírito que podemos considerar como seu assistente. Mas, esse trabalho, apenas, não bastaria: era necessária a presença de divulgação! Agora, um outro detalhe importante que mostra a inteligência e a argúcia dos espíritos: a revista O Cruzeiro chegou em Uberaba representada não apenas por um jornalista, mas por uma equipe formada por... sete repórteres! Não se tem notícia de um tema para reportagem que exigisse a colaboração de tantos jornalistas...

Prontos os preparativos, presentes às materializações os sete repórteres da mais importante revista brasileira, os fenômenos se desenrolaram e... dias depois, a consciência popular foi violentamente despertada para os problemas espirituais; inclusive, a consciência dos espíritas adormecidos e vacilantes... e sem posição firmada!

Com a revista O Cruzeiro Irmã Josefa atingiu o objetivo. E o resultado, indiscutível, é que durante a publicação da extensa série de reportagens sensacionalistas todo o povo se interessou pelo Espiritismo; e como se vendeu no Brasil livro espírita - principalmente, os que relatam fenômenos da mediunidade! Quem o diz é o próprio Departamento Editorial da Federação Espírita Brasileira. Diversas edições se esgotaram em poucas semanas... Nesse sentido, o "caso Otília Diogo" nada fica a dever ao "caso Arigó".

Mas, paralelamente ao escândalo, era preciso promover a defesa da autenticidade das materializações de Uberaba, de acordo com o plano de Irmã Josefa. E, para alegria nossa, em um local de São Paulo, recebemos das mãos de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira o material de que necessitávamos: a fita magnética que contém as declarações dos repórteres, fotocópias, filmes, fotografias, etc. E, inclusive, a roupa especial que a médium Otília Diogo usava durante a experimentação, e que foi violentada.

Agora, restava-nos, apenas, cumprir a obrigação.

E foi o que fizemos, com a ajuda dos mentores espirituais.




Fim dos trechos do livro. Para ler mais, existe um relato mais completo do livro Materializações de Uberaba aqui


Luciano do Anjos e Jorge Rizzini, em programas televisivos, desmascaram a fraude dos repórteres e expuseram tudo o que eles fizeram de errado. A desmoralização foi total, tanto que, num ato de desespero, até invocaram um repto de honra, que simplesmente foi desconsiderado pelos médicos, médium e Chico.

Seis anos depois, Otília Diogo foi presa com uma maleta recheada de roupas utilizadas nas "materializações". O hábito de irmã Josefa também estava lá. A transformista confessou até mesmo ter pago uma cirurgia plástica facial com exibições "espíritas" na casa do cirurgião. Atrás das grades, desta vez numa delegacia, ela explicou ter perdido a mediunidade em 1965, um ano após as sessões em Uberaba. Não se conformou e decidiu apelar para truques. Chico Xavier, em entrevista à revista O Cruzeiro, voltou a definir todo médium como "uma criatura humana, com defeitos, qualidades e anseios humanos". Para ele, havia os espíritas capazes de superar as vaidades e viver para o outro e havia, também, aqueles que não suportavam os baques "reservados por Deus como provação". O fato não inviabiliza a sessão de materialização que os repórteres e médicos testemunharam.


COmentários:

O fenômeno das materializações com Otília Dogo, inicialmente autêntico. Mas, tentando manipular a mediunidade e obter ganhos a médium acostumada a estar nas altas rodas sociais, preferiu continuar mesmo que isso significasse enganar.

os médiuns de materialização, mesmo muitas vezes sendo vulcões psíquicos, nem sempre conseguem ter uma visão espiritual da vida.

è o que parece ter saacontecido com Otilia, sem entender exatamente o que significava ter essas forças psíquicas como alavanca evolutiva para si e para coletividade, tentou manipular tais forças em seu próprio benefício, caido na fascinação. Suspendida suas faculdades mediúnicas, a mesma não se conforma, não entendendo que isto visava o seu próprio bem. mas tarde, mais madura e com melhor visão espiritual podria continuar exercendo as faculdades psíquicas com intuitivo espiritual de amar o próximo.

Impaciente, ingênua e interesseira caiu na onda fácil do fascínio de si mesma, coisa que acontece com muitos médiuns de faculdades psíquicas exuberantes e na falta do fenômeno, resolveu ela mesma fraldá-los.... é uma pena!

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