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segunda-feira, 11 de abril de 2011

O caso Otilia Diogo e as materializações de Uberaba



O QUE EU VI EM UBERABA ATRAVÉS DE OTÍLIA DIOGO

Extraído do livro Materializações em Uberaba, de Jorge Rizzini. Ed. Livro Fácil - Nova Luz Editora. Fotos de Nedyr Mendes da Rocha (quem puder obter a edição de 1964, da Edicel, terá melhores fotos do que a atual)



Ectoplasma saindo da boca (blerg!) do médium Antônio Alves Feitosa e formando a aparição de Irmã Josefa, em Uberaba, 1965, na presença de Chico Xavier. Otília Diogo também aprticipou, e se encontrava sentada dentro da cabine.
Dias após fazer publicar em um semanário de São Paulo uma reportagem sobre Dna. Otília Diogo e as materializações através de sua mediunidade (éramos, então, chefe de reportagem da Edição Extra) foi o autor deste livro convidado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira a assistir, em Uberaba, sessões com a referida médium de efeitos físicos. Era o primeiro contato que teríamos com Dna. Otília Diogo, e ansiávamos por ele. Minha incumbência específica era registrar em um documentário cinematográfico o encontro da médium com os médicos, com Chico e Waldo, etc. e, assim ampliar a Filmoteca Allan Kardec, criada por nós.

No dia marcado, em companhia do psiquiatra Alberto Calvo, dirigi-me a Uberaba, levando comigo a aparelhagem de filmar. A sessão a que assisti foi realizada no pequeno consultório médico de Waldo Vieira. E em condições capazes de evitar possibilidade de fraude. Rigorismo absoluto, inclusive entre os próprios médicos. Basta recordar que a ninguém foi permitido entrar na sala dos trabalhos trazendo lenço e nem relógio no pulso. Ainda mais: fomos obrigados a entrar na sessão sem paletó... e sem gravata! Quanto a médium Otília Diogo, devia trocar de roupa: ao invés do vestido colorido, que usavam, devia ela vestir uma camisola negra, exclusivamente. A cautela se justificava: é que o espírito de Irmã Josefa se materializa como freira, vestida totalmente de branco. A jornalista associada, Wanda Marlene, foi incumbida pelos médicos de acompanhar dna. Otília Diogo ao compartimento contíguo ao consultório e fiscalizar, também, a troca de roupa. Era a primeira vez que a jornalista se defrontava com a médium.

No consultório do médico Waldo Vieira estavam instaladas nove máquinas fotográficas: os espíritos que porventura se materializassem seriam fotografados em nove ângulos diferentes para exame e confronto. No teto, o flash eletrônico. Viam-se, também, barômetros, balanças, etc. Frente às cadeiras, dispostas em fila para os assistentes, uma jaula de aço confeccionada em Uberaba; idêntica às que se vê nos jardins zoológicos e da qual (sem exagero) nem mesmo uma pantera ou um leão poderiam escapar. Jaula esta destinada aos médiuns.

Após verificação da temperatura do ambiente e pesagem de todos os presentes, foram introduzidos na referida jaula Otília Diogo, coberta por uma camisola de cor negra, e o Sr. Feitosa. Em seguida foram amarrados pelos próprios médicos. Nos pés, foram colocadas fortes correias com cadeados; nos pulsos, ao invés de correias, algemas policiais prendendo também o braço da cadeira. Algemas do tipo espanhol: quanto mais o preso procura libertar-se, mais apertam os pulsos.

Penalizou-me ver Dna. Otília Diogo naquela situação humilhante: vestida com roupa preta, dentro de uma jaula e algemada, como uma criminosa. Mas, a mesma pedira aos médicos rigor excessivo na fiscalização de sua pessoa, e esse pe-dido ela o fez com espontaneidade admirável, pois médium autêntica que é, sujeita-se a tudo, sem nada temer. Tudo pronto, os médicos sentaram-se em seus lugares. Waldo Vieira leu um trecho do Evangelho, abrindo em nome de Deus a reunião e, em seguida, foi apagada a lâmpada do consultório. A sala ficou em escuridão total.

A pedidos, Francisco Cândido Xavier, ao nosso lado, fez uma lindíssima prece, citando várias vezes o nome de Jesus. Terminada esta, a expectativa pareceu crescer. Algo aconteceria ou não? O mundo espiritual se faria presente ali?

Acredito que todos estivessem duvidando. Quanto a mim acostumado a ver embusteiros fantasiados de "fenômeno", confesso que, não sei porque, não acreditava nos dons mediúnicos de Dna. Otília... E muitíssimo menos nos do Sr. Feitosa. Aquelas algemas policiais... A jaula zoológica... Os dezenove médicos, todos atentos com os olhos arregalados...

Mas, para grande espanto nosso, de súbito ouvimos no lado esquerdo da jaula, onde se encontrava Dna. Otília Diogo, ruídos estranhos... Ruídos guturais. Deram a impressão de alguém estava a extrair algo da boca da médium. Dna. Otília gemia. Era o transe que se iniciava. Segundos depois, começou a liberação do ectoplasma; não apenas pela boca, mas também pelos ouvidos e nariz. Agora , o ruído que chegava até nós modificou-se: palavras initeligíveis passaram a ser proferidas. Palavras gritadas. Evidentemente, o espírito manifestante estava a experimentar a garganta recém-formada com o ectoplasma fornecido pela médium.




Materialização de Irmã Josefa. Clique aqui para ver mais fotos
Que estava por suceder? E, imediatamente, mãos invisíveis puseram em movimento a vitrola localizada fora da Jaula e, ato contínuo, sob a luz de uma pequenina lâmpada vermelha, diante dos dezenove médicos surgiu a materialização total do espírito de Irmã Josefa: magnífica, toda vestida de branco, com roupa de freira. Trazia uma luz na fronte e no tórax.

- Viva Jesus! - disse ela, alegre, e sua voz com timbre brilhante e, no entanto, suavíssimo (oposto ao da médium) ecoou pelo consultório.
- Viva Jesus! - responderam todos, deslumbrados com o fenômeno.
E Irmã Josefa tornou a repetir, com seu sotaque alemão:
- Viva Jesus!
E esparziu sobre todos gotas de perfume. O ambiente parecia etéreo, não obstante vinte e poucas pessoas respirando e transpirando dentro de uma pequena sala hermeticamente fechada a cadeados.
- Sabem porque estou aqui entre vocês, meus filhos? Para dar provas de que a morte não existe. Provas verdadeiras de que todos vocês são imortais.

E Irmã Josefa, mostrando-se muito feliz, deu em verdade provas magníficas. Permitiu dezenas de fotografias; entre elas, várias curiosas, como por exemplo, uma que mostra seu corpo ectoplásmico sendo interpenetrado pelas grades da jaula. Outro fenômeno curioso, foi o transporte de três fitas coloridas para o consultório. Essas fitas de pano foram colocadas na palma da mão de Chico Xavier e, entre Chico Xavier e Irmã Josefa havia uma distância de, pelo menos, três metros; o espírito, no entanto, para colocar as fitas na mão de Chico Xavier, não caminhou um passo! Seu braço ectoplásmico é que se alongou.
Nessa noite memorável, também se materializou através de Dna. Otília o espírito de Alberto Veloso, ex-médico da marinha. Materialização integral. Antes, fez-se anunciar no recinto esparzindo gotas de éter. Foi inúmeras vezes fotografado. Também o espírito de uma criança, sem se deixar ver, conversou com os presentes. Em seguida, materializou uma gaita e tocou-a, permitindo que nós outros (inclusive eu) a examinássemos. A gaita teria uns quinze centímetros de comprimento e cinco de altura.

Por tudo o que nos foi dado ver, podemos afirmar: dna. Otília Diogo nos faz lembrar as médiuns do passado Eusápia Paladino, que também era analfabeta, Mme. D'Esperance nos seus grandes momentos de mediunidade. Principalmente, D'Esperance; inclusive, pela sua comovedora simplicidade, fora do normal. Infelizmente, Antônio Alves Feitosa, dentro da jaula algemado, nada pode oferecer aos médicos no complexo campo da mediunidade.

Esse trabalho em Uberaba, dias depois foi repetido na residência do autor deste livro. Mas, em condições privilegiadas: não foi necessário o uso intermitente da lâmpada vermelha, que as materializações de Alberto Veloso e Irmã Josefa, em nossa sala de visitas, se verificaram sob a luz branca, indireta e contínua. Iluminação excessiva; e, no entanto, Alberto Veloso, nessa noite, apresentou-se diante de nós sem véus. Com uma nitidez espantosa.

Aqui termina o que podemos chamar de primeira fase do nosso histórico. Foi ela redigida a fim de que o leitor se inteire de fatos paralelos ao escândalo de O Cruzeiro e tome conhecimento de detalhes que vão esclarecer (ainda mais) certas questões que adiante serão levantadas.


OS REPÓRTERES DA REVISTA O CRUZEIRO EM UBERABA


Agora, é chegado o momento de tocarmos em um ponto fundamental: o intrometimento da revista O Cruzeiro nas experimentações de ectoplasmia, em Uberaba.

A primeira reportagem (a favor das experiências) com catorze páginas ilustradas, traz a assinatura de José Franco e foi feita com o sentido de conquistar a simpatia dos dezenove médicos que examinaram a médium Otília Diogo. Essa primeira reportagem, porém, nasceu como?

Por incrível que pareça, de um programa de televisão... O repórter assistiu ao programa organizado por Wanda Marlene na TV Itacorumy, ouviu o depoimento de alguns médicos, viu diversas fotografias pelo vídeo e foi aos estúdios buscar o material para a reportagem, que recebeu o nome de "Fenômenos de Materialização".

Aqui começa a irresponsabilidade da revista O Cruzeiro: publicar uma vasta reportagem sobre materialização de espíritos, ilustrada com quinze fotografias, algumas ocupando página inteira, sem que seu autor, José Franco, tivesse, pelo menos, conhecimento do local das sessões!

Absurdo, evidentemente, em se tratando de uma revista que pretende ser mais ou menos honesta. Mas, má fé já estava patente nessa primeira reportagem; porque José Franco, ao fim da mesma, deu destaque à seguinte "nota do repórter" e para a qual chamo a atenção do leitor:

"Não houve neste texto (escreve o repórter) do princípio ao fim, nenhuma frase que denunciasse a opinião do repórter. Esta será expedida em outra ocasião, se me for dada a oportunidade de presenciar, com os próprios olhos, as pesquisas que a numerosa equipe médica procede na cidade de Uberaba"

Os médicos (psicologicamente pressionados por essa reportagem) se viram obrigados a convidar José Franco para uma sessão experimental com Dna. Otília Diogo. José Franco respondeu que se faria acompanhar de uma testemunha, um outro repórter de nome José Nicolau. E a data da experimentação foi marcada, que já não era possível aos médicos voltar atrás... Se desfizessem o compromisso, fatalmente seriam massacrados pela revista como "embusteiros", etc.

No dia da sessão, porém, tiveram os médicos uma surpresa: ao invés de apenas José Franco e uma testemunha José Nicolau, surgiu em Uberaba, vindo do Rio de Janeiro, um bando de repórteres e fotógrafos, "para assistir aos trabalhos".

É evidente, portanto, que a trama de O Cruzeiro já estava preparada.

Era impossível recuar; e os médicos, sem saber o que iria acontecer (mas, apoiados espiritualmente com a presença de Chico Xavier) entraram no consultório de Waldo Vieira acompanhados de Jorge Audi, Henri Ballot, José Franco, Mário Moraes, Paulo Miranda, José Nicolau e Nilo Oliveira. Ao todo, sete repórteres e fotógrafos de uma revista sensacionalista. Participaram, também, dos trabalhos Cleusa Soares e a valorosa Wanda Marlene, ambas da TV Itacolomy, de Belo Horizonte. (A sessão foi realizada na noite de 3 de janeiro de 1964).

O que foi essa sessão, vamos narrar agora; sem minúcias, mas com base em depoimentos.

Estavam presentes no consultório do Dr. Waldo Vieira (local da experimentação) treze médicos, alguns professores de faculdades. Eram eles: Dr. Eurípedes Tahan Vieira, Dr. Cleomar Borges de Oliveira, Dr. Adroaldo Modesto Gil, Dr. Alberto Calvo, Dr. Adelor Alves Gouveia, Dr. Waldo Vieira, Dr. Oswaldo de Castro, Dr. Elias Barbosa, Dr. Armando Valente de Couto, Dr. José Américo Junqueira de Mattos, Dr. Ismael Ferreira da Rezende, Dr. Milton Skaff e Dr. Sebastião de Mello, que dirigiu a sessão propriamente dita.

Treze médicos, mas a fiscalização foi entregue aos repórteres. Foi-lhes dada, para isso, ampla liberdade de ação. Começaram eles examinando, através de batidas, as paredes do consultório; depois, o teto, o piso, a porta. O ventilador e o exaustor também passaram por um revisão: por dentro e por fora. Nada de suspeito encontraram. Os próprios médicos foram revistados pelos Jornalistas; inclusive, os sapatos e, mais detidamente, os saltos de borracha...Talvez com uma pressão pulasse o salto do sapato de um médico mancomunado com Dna. Otília Diogo e surgisse o vestuário enorme da freira...

Quanto a Francisco Cândido Xavier, que participava da reunião apenas na qualidade de assistente, teve as roupas um pouco mais policialmente examinadas. Era tal a desconfiança que inspirava, que os bolsos de sua calça foram destruídos: alguém levantara a hipótese de que a vestimenta da freira poderia estar escondida na calça do médium mineiro...

Para completar a fiscalização, o próprio Dr. Adelor Alves Gouveia aconselhou que se colocasse no ombro de cada participante um pedaço de esparadrapo fosforescente a fim de evitar-se movimentos suspeitos no consultório. Isso também foi feito.

Médicos e consultório revistados com perícia pela equipe de repórteres, restava, agora, um exame completo em Dna. Otília Diogo. Já sabe o leitor que ela é uma senhora humilde, sem nenhuma instrução (não sabe sequer ler e escrever) e que a exemplo dos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, se sujeita a qualquer tipo de experimentação; inclusive, a exigida pela equipe de O Cruzeiro...

Antes de entrar na sala dos trabalhos, foi ela submetida a um exame (por razões óbvias) feito pelo Dr. Ismael Ferreira de Resende. Em seguida, para evitar qualquer suspeita de fraude, convidada a vestir uma camisola negra, visto que a roupa da freira materializada é totalmente branca, dos pés a cabeça. Tanto o exame no corpo de Dna. Otília Diogo como a troca de roupa foram feitos na presença dos repórteres Mário Moraes e Jorge Audi. Absurdo, evidentemente, mas era preciso que a verdade espiritual se manifestasse límpida e cristalina naquela noite.

Comprovado que nada de suspeito havia no corpo e nas vestes da famosa médium, foi ela conduzida ao consultório onde todos a aguardavam. A cadeira destinada a médium era do tipo "espreguiçadeira". Estava solidamente fixada ao solo, pois fora chumbada com cimento! Tranqüila, dona Otília Diogo acomodou-se e os repórteres, imediatamente, procederam a sua prisão.

Nilo Oliveira, ex-reporter policial, comandou esse trabalho. Com grossas correias a médium teve as pernas presas aos pés da cadeira. Nas correias, cadeados; e, cobrindo a fechadura dos mesmos, teve ainda o arguto Nilo Oliveira o cuidado de colocar tiras de esparadrapo, todas elas com a sua rubrica. Mas, os repórteres não comem gato por lebre: o corpo de Dna. Otília não poderia ter movimentos livres...E fizeram uso de novas correias, as quais levaram a força o corpo da médium ao encosto da cadeira; prendendo essas correias, foram colocados novos cadeados envolvidos em esparadrapos, também rubricados por Nilo Oliveira. Pés e tronco presos, restavam apenas as mãos de Dna. Otília Diogo: para impedir-lhes qualquer ação, estava reservada uma algema policial, que foi colocada nos pulsos pelo ex-reporter policial.

Tudo em perfeita ordem, os repórteres, já combinados entre si, distribuíram-se, estrategicamente, pelo consultório. Paulo Miranda foi incumbido de policiar a porta da entrada. Quanto a Nilo Oliveira, recusou-se a ficar no consultório, explicando:
- Se alguma coisa aparecer aqui dentro, é porque veio do lado de fora. Eu e o nosso motorista ficaremos vigiando o prédio.

Fechada a porta, foram as lâmpadas do consultório apagadas.

Dr. Sebastião de Mello, após fazer uma breve explanação sobre os fenômenos que certamente iriam se verificar, pediu a Francisco Cândido Xavier que abrisse a sessão com uma prece.

A experimentação foi cronometrada pelo Dr. Adroaldo Modesto Gil e teve início, exatamente, às 21:05 hs. Cinco minutos depois, porém, já a notável médium entrou em transe: primeiro, gemidos, em seguida liberação do ectoplasma pela boca, ouvidos e nariz. As 21,20 hs. (dez minutos depois) surgiu o primeiro fenômeno: aspersão de perfume em forma de chuva leve sobre os repórteres (aviso de que Irmã Josefa iria materializar-se). Sete minutos após a "chuva", com espanto observaram todos o segundo fenômeno: uma luminosidade movimentando-se nas proximidades da médium, a qual se mantinha em sono profundo. A luminosidade continuou em movimento e um minuto depois foi constatado o terceiro fenômeno: uma voz feminina ecoou no consultório. Voz com timbre metálico, porém suave, meigo.

Os repórteres, é óbvio, começavam a assustar-se.

Sete minutos após a "voz direta", para espanto e admiração de todos, foi visto o quarto fenômeno, magnífico e notável: a aparição de uma forma feminina, vestida com um volumoso e complicado traje branco de freira, trazendo luz na fronte e no tórax. E no peito um crucifixo com cerca de dez centímetros de altura. Era Irmã Josefa.

O ambiente vibratório não era dos melhores, mas, ainda assim, Irmã Josefa se manteve materializada durante meia hora. Além das provas que precederam sua aparição tangível, deu ela ainda outras: conversou com os repórteres e fotógrafos durante trinta minutos, permitiu que lhe tocassem o corpo, deixou-se fotografar ao lado de Mário Moraes, Jorge Audi e José Franco.

A conversa inteira entre Irmã Josefa e os repórteres foi registrada no gravador do Dr. Eurípedes Tahan Vieira. A fita magnética foi emprestada ao autor desta obra, que a ouviu, atentamente. Durante a conversa, houve momentos curiosos. Como este, por exemplo : estavam sendo batidas fotografias, quando um dos fotógrafos disse a Irmã Josefa:
- Eu gostaria de tirar uma foto sua em pose especial. A senhora não quer abrir os braços?

Irmã Josefa captou imediatamente o pensamento do fotógrafo e respondeu, com seu sotaque alemão:
- Oh, que bonita... Está pensando que meu braço é braço de Otília...

E, abaixando a voz, acrescentou:
- Eu vou abrir os braços... Faço isso de coração. Pronto...

E, antes do flash explodir, Irmã Josefa exclamou, alegre:
- Viva Jesus!

Essa foto prova que Irmã Josefa é independente da médium; em termos, é óbvio.


Materialização total de Alberto Veloso no consultório do Dr. Waldo Vieira

A cara de assustado do repórter é simplesmente impagável...
Minutos depois de Irmã Josefa desaparecer, verificou-se no pequeno consultório o quinto fenômeno: de súbito, caiu sobre todos os presentes uma chuva leve de éter (prenúncio de que o espírito de Alberto Veloso iria também materializar-se). Um minuto depois, o fato deslumbrante foi visto. Como de costume, apresentou-se com barbas e vestido, por assim dizer, à moda oriental. Durante nada menos que quarenta minutos o ex-médico da marinha se manteve no ambiente. Foi inúmeras vezes fotografado. De pé e com os braços abertos. Em certo momento, para provar a Nilo Oliveira, que se encontrava do lado de fora, que algo de notável estava se processando dentro do consultório, jogou éter no exaustor. Ao respirar o éter, o repórter certamente pensou: "Dna. Otília conseguiu esconder um vidro de éter e nós não percebemos!" Ao terminar a sessão, Nilo Oliveira entrou no consultório e, bastante surpreso, encontrou a médium na posição exata em que a deixara: sentada, algemada e... presa com correias e cadeados. Libertou-a, depois de constatar, cuidadoso, que todas as tiras de esparadrapo que cobriam as fechaduras continham a sua assinatura. Mas um outro repórter não se conteve e quis examinar, mais uma vez, a roupa preta que os médicos haviam dado a Dna. Otília. Forçou-a, rasgou-a: a médium, na revista O Cruzeiro, aparece de soutien! Um dos fotógrafos bateu inesperadamente uma foto...

Ainda sob a emoção, diversos repórteres deixaram suas impressões sobre os fenômenos no gravador do Dr. Eurípedes Tahan Vieira. Vamos transcreve-las, integralmente, e na ordem cronológica, a fim de que o leitor possa compará-las com os depoimentos que, dias depois, publicaram na revista O Cruzeiro.

"Eu, Nilo Oliveira, posso declarar que algemei a Dna. Otília, médium que atuou nesta sessão, rubriquei e colei o esparadrapo na fechadura dos cadeados e tomei conta do exterior da casa onde se realizava esta sessão. Não observei absolutamente nada de anormal por fora. E terminada a sessão, penetrei na sala E ENCONTREI TUDO COMO HAVIA DEIXADO: a Dna. Otília algemada, tendo eu desfeito a algema, aberto os cadeados e encontrado as rubricas que havia feito anteriormente."

"Eu (diz agora Mário Moraes) repórter de O Cruzeiro, declaro que assisti uma experimentação realmente estranha: NUNCA HAVIA VISTO NADA IGUAL, e é lógico que não sendo estudioso da matéria, NÃO TENHO EXPLICAÇÃO PARA O QUE VI. Passo a partir desse momento a me interessar pelo problema: procurarei no futuro próximo talvez dar uma explicação para o fato."

"É difícil (confessa Henri Ballot) dar uma explicação... É a primeira vez que eu assisti a uma sessão assim... Eu fiquei SURPREENDIDO pelo fenômeno, que a primeira vista não se vê uma explicação plausível.... Deve haver uma, não há dúvida. Eu tenho algumas idéias a respeito disso. Mas não tenho autoridade para falar."

"Sinceramente (diz o repórter José Franco) após essa reunião não sei o que dizer; fiquei bastante IMPRESSIONADO COM O FENÔMENO, mas ainda tenho uma explicação a respeito."

"Eu assisti a uma dessas sessões realizadas em Uberaba (diz Audi) e é REALMENTE ESPETACULAR; nós procuramos de toda forma encontrar alguma falha, algum defeito, alguma coisa que pudesse denunciar anormalidade. E, naturalmente, vai depender de algum raciocínio e, se possível, uma outra oportunidade em que a gente possa ter mais chance de observar melhor o fenômeno. No momento, o que eu posso dizer é que, para mim, FOI UMA COISA INÉDITA! EU JAMAIS HAVIA ASSISTIDO COISA IGUAL, embora na vida de um repórter essas emoções são quase que diárias. Essas emoções novas e violentas são já um lugar comum na vida de um repórter. Posso afirmar que é realmente QUALQUER COISA ASSIM EMOCIONANTE. Agora, eu gostaria de ter mais contato e mais oportunidade PARA PODER FAZER UM RACIOCÍNIO MAIS ABSOLUTO."

Essas, as declarações dos repórteres logo após a sessão com a notável médium Dna. Otília Diogo.

Depois, porém....


O ESCÂNDALO DE "O CRUZEIRO" E A MISSÃO DE IRMÃ JOSEFA


A sessão de Uberaba parecia haver terminado bem; o depoimento vibrante dos repórteres, aliás, deixa evidente que os jornalistas ficaram profundamente emocionados com o que viram e ouviram na famosa experimentação com a médium Otília Diogo. Em verdade, Irmã Josefa deu aos repórteres algumas das mais importantes provas da imortalidade do espírito. No entanto, dias depois, a revista O Cruzeiro divulgou em todo o Brasil uma reportagem (primeira de uma extensa série) assinada por seis dos sete repórteres e intitulada... "A Farsa da Materialização": uma reportagem enorme, com catorze páginas, arrasando a médium, os médicos e as reportagens subsequentes, os repórteres se tornaram ainda mais agressivos (para efeito de sensacionalismo) e taxaram os médicos de mistificadores, levianos, escroques, petulantes, gangsters (...) etc.

Essa formidanda campanha de O Cruzeiro contra o Espiritismo teve a duração de quase três meses consecutivos! Ocupou onze números seguidos da revista! Nos onze números, foram gastas cerca de setenta paginas compactas... Ilustraram a campanha um total de oitenta e sete fotografias!

Foi, em verdade, o maior golpe sofrido pelo Espiritismo, por enquanto, em toda a América do Sul!

No grande escândalo, o nome venerável de Francisco Cândido Xavier Também foi envolvido.

Vejamos as principais acusações da revista O Cruzeiro que pretenderam transformar em farsa as materializações de Uberaba:

1) O espírito masculino de Alberto Veloso se materializa com seios
2) Em baixo do turbante de Alberto Veloso se esconde uma vasta cabeleira
3) O ectoplasma que sai da boca, ouvidos e nariz de Otília Diogo é um chumaço de pano branco
4) A roupa das formas materializadas é uma só
5) A roupa das formas materializadas apresentam marcas nítidas de confecção mecânica: sinais de dobragem e costuras
6) O fio da "roupa" de Irmã Josefa, encontrado após a sessão, não era fio ectoplásmico
7) Apenas a barba diferencia Otília Diogo de Alberto Veloso
8) Otília Diogo não é filha de Irmã Josefa, e sim de Dna. Maria Luisa Barbosa
9) Otília Diogo tinha os pés praticamente soltos, após a sessão.
10) Dr. Waldo Vieira não permitiu aos repórteres o uso de infravermelho
11) As algemas e cadeados eram de propriedade dos médicos
12) Os repórteres não examinaram, antes da sessão, o corpo e as vestes da médium Otília Diogo.
13) Nilo Oliveira não pode, a sua maneira, manietar a médium
14) Os Drs. Alberto Calvo e Oswaldo de Castro também manietaram Dna. Otília Diogo
15) Os repórteres não tiveram liberdade para escolher suas cadeiras na sala de experimentação
16) A vitrola, durante a sessão, não tocou (?)
17) O espírito de Alberto Veloso não fala
18) Irmã Josefa disse, em determinado momento, que tinha apenas um dado materializado, mas na verdade tinha ela os cinco
19) As roupas das materializações apresentam vincos e dobraduras
20) As materializações, sob a luz, projetam sombras nas paredes
21) As fotografias das materializações são truques grosseiros
22) Há coleta de dinheiro nas sessões científicas
23) Nos pés de Otília Diogo, pós a sessão de Uberaba, existiam resquícios do círculo de giz feito pelos médicos
24) Não foi permitida a prova do talco
25) Chico Xavier estava "falsamente inebriado" ao lado da Irmã Josefa, em uma fotografia
26) Waldo Vieira prometeu aos repórteres inúmeras sessões com a médium Otília Diogo
27) A virgindade de Irmã Josefa é indiscutível
28) Otília Diogo abandonou vilmente o marido e filhos
29) Documentos "oficiais" provam que a materialização de Uberaba é farsa

Antes de refutarmos as acusações (a maior parte refutada aqui), digamos que essas reportagens de O Cruzeiro abalaram profundamente os espíritas de todo o país e, por mais estranho que pareça, a convicção de alguns líderes... Não obstante, Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, dois médiuns notáveis e impolutos, colunas mestras da mediunidade no Brasil (instrumentos de Emmanuel e André Luís) estarem presentes à experimentação. Esse fato, por si só, deveria ser, pelo menos para os "líderes", uma garantia da autenticidade dos fenômenos. E, apesar dos espíritas, em geral, saberem, perfeitamente, que a revista O Cruzeiro sempre foi inimiga declarada e feroz da Doutrina de Allan Kardec. Ou será, santo Deus, que não nos serviu de lição a reportagem que David Nasser (hoje, um dos diretores de O Cruzeiro) fez há alguns anos ridicularizando Francisco Cândido Xavier e o Espiritismo ?!

Aproveitamos o momento para responder à pergunta, que, certamente, o leitor já formulou: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira já foram avisados pelos Guias espirituais que a sessão com os repórteres iria transformar-se em escândalo nacional?

A resposta, em se tratando de dois médiuns missionários e com grande responsabilidade na evolução do Espiritismo no Brasil, só poderia, evidentemente, ser esta: o mundo espiritual os avisou. Mas, não podiam recuar; porque os escândalos, em nosso planeta, são necessários...

Lembremo-nos de que o próprio Cristo serviu de escândalo.... para o bem do cristianismo!

Quanto a Irmã Josefa, podemos dar nosso testemunho de que também ela sabia do que estava por suceder; e, com antecedência de meses!

Recordo-me de que em Uberaba, quando ainda não nos passava pela mente o nome da revista O Cruzeiro, Irmã Josefa, materializada, dirigiu-se nestes termos a Wanda Marlene, da TV Itacolomy de Belo Horizonte e notável defensora do Espiritismo:
- Você, minha filha, vai ser soldado de Irmã Josefa. Você gosta de ser soldado de Irmã Josefa?

Naquele momento, ninguém entendeu nem deu importância as palavras proféticas de Irmã Josefa... Se as sessões de materialização, em Uberaba, estavam se processando na mais absoluta calma e tranqüilidade...

Também, em minha residência, em São Paulo, Irmã Josefa, plenamente materializada, disse, dirigindo-se a mim:
- Você vai ser mais que um soldado de Irmã Josefa.... Você gosta, Rizzini?

Respondi automaticamente que sim; não me ocorreu interrogar a entidade... Mas, um ou dois meses depois, abria a revista O Cruzeiro guerra contra Irmã Josefa e as experiências de Uberaba: e a verdade é que nós, e Wanda Marlene, na qualidade de soldados, entramos na luta - e na linha de frente!

Já agora, na mente do leitor, se delineia a difícil missão confiada ao admirável espírito de Irmã Josefa: sacudir (e trazer) a consciência de todo o povo brasileiro para os problemas fundamentais da imortalidade. Irmã Josefa, como vimos, estava perfeitamente consciente dessa missão. Missão árdua, repetimos, pois materializando-se, como freira, agitou o clero da terra e o clero do espaço... Para bem cumprir a missão (apoiada por Emmanuel e André Luís) tinha ela de, pacientemente, criar uma série de circunstâncias: aproximar a médium Otília Diogo de Chico Xavier e Waldo Vieira, cujos nomes já eram famosos no campo da mediunidade; reunir em Uberaba uma equipe médica que se responsabilizasse cientificamente pela sua materialização e de Alberto Veloso, espírito que podemos considerar como seu assistente. Mas, esse trabalho, apenas, não bastaria: era necessária a presença de divulgação! Agora, um outro detalhe importante que mostra a inteligência e a argúcia dos espíritos: a revista O Cruzeiro chegou em Uberaba representada não apenas por um jornalista, mas por uma equipe formada por... sete repórteres! Não se tem notícia de um tema para reportagem que exigisse a colaboração de tantos jornalistas...

Prontos os preparativos, presentes às materializações os sete repórteres da mais importante revista brasileira, os fenômenos se desenrolaram e... dias depois, a consciência popular foi violentamente despertada para os problemas espirituais; inclusive, a consciência dos espíritas adormecidos e vacilantes... e sem posição firmada!

Com a revista O Cruzeiro Irmã Josefa atingiu o objetivo. E o resultado, indiscutível, é que durante a publicação da extensa série de reportagens sensacionalistas todo o povo se interessou pelo Espiritismo; e como se vendeu no Brasil livro espírita - principalmente, os que relatam fenômenos da mediunidade! Quem o diz é o próprio Departamento Editorial da Federação Espírita Brasileira. Diversas edições se esgotaram em poucas semanas... Nesse sentido, o "caso Otília Diogo" nada fica a dever ao "caso Arigó".

Mas, paralelamente ao escândalo, era preciso promover a defesa da autenticidade das materializações de Uberaba, de acordo com o plano de Irmã Josefa. E, para alegria nossa, em um local de São Paulo, recebemos das mãos de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira o material de que necessitávamos: a fita magnética que contém as declarações dos repórteres, fotocópias, filmes, fotografias, etc. E, inclusive, a roupa especial que a médium Otília Diogo usava durante a experimentação, e que foi violentada.

Agora, restava-nos, apenas, cumprir a obrigação.

E foi o que fizemos, com a ajuda dos mentores espirituais.




Fim dos trechos do livro. Para ler mais, existe um relato mais completo do livro Materializações de Uberaba aqui


Luciano do Anjos e Jorge Rizzini, em programas televisivos, desmascaram a fraude dos repórteres e expuseram tudo o que eles fizeram de errado. A desmoralização foi total, tanto que, num ato de desespero, até invocaram um repto de honra, que simplesmente foi desconsiderado pelos médicos, médium e Chico.

Seis anos depois, Otília Diogo foi presa com uma maleta recheada de roupas utilizadas nas "materializações". O hábito de irmã Josefa também estava lá. A transformista confessou até mesmo ter pago uma cirurgia plástica facial com exibições "espíritas" na casa do cirurgião. Atrás das grades, desta vez numa delegacia, ela explicou ter perdido a mediunidade em 1965, um ano após as sessões em Uberaba. Não se conformou e decidiu apelar para truques. Chico Xavier, em entrevista à revista O Cruzeiro, voltou a definir todo médium como "uma criatura humana, com defeitos, qualidades e anseios humanos". Para ele, havia os espíritas capazes de superar as vaidades e viver para o outro e havia, também, aqueles que não suportavam os baques "reservados por Deus como provação". O fato não inviabiliza a sessão de materialização que os repórteres e médicos testemunharam.


COmentários:

O fenômeno das materializações com Otília Dogo, inicialmente autêntico. Mas, tentando manipular a mediunidade e obter ganhos a médium acostumada a estar nas altas rodas sociais, preferiu continuar mesmo que isso significasse enganar.

os médiuns de materialização, mesmo muitas vezes sendo vulcões psíquicos, nem sempre conseguem ter uma visão espiritual da vida.

è o que parece ter saacontecido com Otilia, sem entender exatamente o que significava ter essas forças psíquicas como alavanca evolutiva para si e para coletividade, tentou manipular tais forças em seu próprio benefício, caido na fascinação. Suspendida suas faculdades mediúnicas, a mesma não se conforma, não entendendo que isto visava o seu próprio bem. mas tarde, mais madura e com melhor visão espiritual podria continuar exercendo as faculdades psíquicas com intuitivo espiritual de amar o próximo.

Impaciente, ingênua e interesseira caiu na onda fácil do fascínio de si mesma, coisa que acontece com muitos médiuns de faculdades psíquicas exuberantes e na falta do fenômeno, resolveu ela mesma fraldá-los.... é uma pena!

Chico Xavier e sua primeira encarnação masculina


Chico e sua primeira encarnação masculina

Nelson Moraes



R.A. Ranieri foi um dos amigos de Chico Xavier que soube desfrutar e beber a sabedoria do inigualável médium de Pedro Leopoldo.

Um dos poucos que participaram das inesquecíveis materializações luminosas produzidas através da mediunidade de Chico. Presenciou a materialização de Emmanuel quando na ocasião ordenou ao médium que não mais se prestasse ao trabalho de materializações, assinalando o compromisso com os livros.

R. A. Ranieri, publicou vários livros onde narra suas experiências vividas ao lado de Chico. Em um deles, Chico Xavier: o Santo dos Nossos Dias, publicado em 1976, pela Editora Eco, depois de ouvir de outros companheiros que estavam levantando a hipótese de Chico ter sido Allan Kardec, ele narra o seguinte:

"Nós nunca ouvimos o Chico dizer que ele era Allan Kardec e nem ouvimos dizer que ele afirmasse isso. Houve e há muita gente que acredita que ele o seja. De nossa parte, não vemos nada que pudesse impedir. Chico tem qualidades excepcionais e a humildade necessária para ser classificado entre as maiores figuras da humanidade. Se dependesse de nós escolher alguém que ele pudesse ter sido, nós escolheríamos Francisco de Assis, alma talvez mais pura que a de Allan Kardec. E isso, faríamos pela semelhança profunda que existe entre ambos. O mesmo amor às coisas simples, a mesma beleza espiritual, a mesma simplicidade e o mesmo anseio de servir a Jesus. Escolheríamos até João Evangelista que segundo alguns, é o mesmo Francisco de Assis. Há uma linha de evolução que torna essas criaturas herdeiras umas das outras. Uma identidade de sentimentos, uma compreensão igual da vida humana... Os três estão cheios de poesia. João na clarividência da ilha de Patmos, Francisco de Assis, nos poemas imortais de louvor a Deus, e Chico na poesia simples da sua alma, que recebe os poetas de nossa língua...

Kardec é Paulo, o apóstolo. E a linha evolutiva de Paulo estava noutro grau de ascensão. Guardava ainda a energia a outro trabalho no mundo. O espírito preocupado com a dialética da doutrina, classificando os dons da mediunidade, reestruturando o Cristianismo. O homem que organiza e codifica, a figura austera e sóbria, embora ardente e fervoroso. Há diferenças profundas entre Paulo e João ou Francisco. Seria possível admitir também que Chico tivesse sido o santo Francisco Xavier, que andou pelas Índias, pregando e sofrendo. Poderia ser. E poderia ser Sócrates, porque para nós Chico é o melhor Sócrates. Ninguém mais sábio, o mais sábio dos homens."

Ranieri, sempre demonstrou uma tendência a crer que Chico fosse a reencarnação do Santo Francisco Xavier. Questionado sobre isso, Chico confessou-lhe que esta era a sua primeira reencarnação masculina, tanto é que em uma narrativa que consta do mesmo livro na página 67, depois de um momento em que compartilhou da presença de Chico ouvindo as suas palavras, meditou sobre a semelhança da sabedoria e da simplicidade de Sócrates com relação à postura de Chico, logo após essas conjecturas, ele afirma: "Mas ele nos dissera que aquela era a sua primeira encarnação masculina. Assim, conformamo-nos admitindo que os espíritos passavam pelo mesmo estágio de evolução e bem poderia ser que o nosso Chico atingia agora o que se poderia chamar de ”estágio socrático"."

No livro Recordações de Chico Xavier, editado pela Editora Fraternidade, Ranieri faz uma referência sobre duas encarnações femininas de Chico em que foi filha de Emmanuel: uma como Flávia no livro Há Dois Mil Anos e outra no Ave Cristo, onde foi filha de Basílio.

Os livros citados de Ranieri, foram editados nos anos 70, portanto, Chico estava presente na Terra e em pleno vigor, isso desestimularia qualquer um publicar uma afirmação sua que não fosse verídica.

Para mim sempre esteve claro que Chico não foi a reencarnação de Allan Kardec, um espírito não muda suas características psíquicas em um período tão próximo entre uma e outra encarnação.

No livro citado primeiro, Chico afirma:

"Ranieri, você tem mais facilidade para receber espíritos europeus, franceses e ingleses, porque viveu em outras existências no meio dos escritores franceses. Eu recebo com facilidade espíritos de língua portuguesa e espanhola porque vivi em existências passadas na Espanha e em Portugal. Meu psiquismo é da língua portuguesa e espanhola.”

Essa afirmação de Chico confirma o que me foi revelado por Aurora Barba, uma trabalhadora incansável da caridade cristã, muito amiga de Chico, inclusive ele é padrinho de casamento de suas duas filhas. Disse-me ela que o Chico, ao recebê-la em Uberaba pela primeira vez, falou de uma encarnação na Espanha quando estiveram envolvidos no triste episódio da Inquisição.

Abordei esta questão apenas para que os leitores possam aguçar o discernimento e tirarem suas próprias conclusões. Chico ter sido Kardec ou não, não altera e nem diminui a sua grandeza espiritual. Chico foi um facho de luz que passou pela Terra para clarear os caminhos humanos em ter sido contemporâneo desse maravilhoso espírito que jamais será esquecido.

Com a sua partida, acredito que se encerrou a era dos fenômenos. Entramos definitivamente na era da expansão espiritual dos sentidos humanos para uma real integração do ser com a sua natureza mais ampla. Portanto, precisamos reavaliar a questão da mediunidade que passa por um período importante onde se extingue a condição orgânica para suscitar o desenvolvimento da condição natural, a qual se aprimora à medida que a moral se eleva e as intenções se enobrecem no cultivo dos ideais legítimos de caridade e de amor ao próximo.

É preciso que se entenda que Chico dedicou uma parcela do seu tempo à psicografia de entes queridos desencarnados a fim de atender a um projeto muito maior do que apenas consolar os saudosos da Terra. Nesse trabalho, expandiu a mensagem do Consolador Prometido oferecendo provas irrecusáveis aos pesquisadores e aos adversários mais ferrenhos do Espiritismo, conseguindo converter para a verdade até os mais céticos. Isso só foi possível, porque o Chico dispunha de uma mediunidade orgânica pela qual o espírito comunicante assumia o comando da mão do médium, por isso as assinaturas foram confirmadas nos exames grafológicos, somando-se a riqueza de detalhes do conteúdo das comunicações. O mesmo se deu com todas as suas obras que emolduram períodos da nossa história retratando com precisão os costumes e a cultura de épocas distantes.

Realizar um trabalho como esse, sem dispor da mecânica inerente à mediunidade mecânica orgânica, é deveras temerário. O que julgamos seja caridade, poderá redundar em fanatismo e obsessão para os crédulos, e em descrença para os mais céticos e mais esclarecidos. Mais do que nunca vamos precisar do dom do discernimento! Precisamos estar atentos às informações que chegam via "inspiração mediúnica".

Lembremo-nos do que Emmanuel disse ao Chico: “Se algum dia eu disser alguma coisa que contraria os conceitos de Jesus e Kardec, fique com eles e esquece-me.” Essa advertência é válida para todos os espíritas, principalmente para os que estão comprometidos com o esclarecimento público doutrinário.

Disse-me o espírito Aulus, certa vez: "Em se tratando de graves responsabilidades, os mornos serão tratados com maior rigor pelas leis divinas."

Neste século, o rio caudaloso de informações, continuará a descer dos céus passando por mentes brilhantes através dos canais da intuição. Porém, mais do que nunca teremos que nos tornar exímios garimpeiros, empunhando a peneira do bom senso para separarmos as jóias verdadeiras dos cascalhos que transbordam do imenso rio da imaginação e da vaidade humana, o qual corre paralelo ao cristalino rio da verdade.


(Publicado na revista Além da Vida - edição nº 8 e reproduzido com autorização do autor)

Chico foi a médium Japhet, não foi Kardec

Com Chico Xavier, passei a compreender a beleza da
Doutrina Espírita”


O confrade mineiro, que foi casado com Meimei e amigo bem próximo de Chico Xavier, fala sobre seu convívio com o saudoso médium e diz que Chico e a Srta. Japhet são reencarnações
do mesmo Espírito


Experiência aliada à cordialidade e simplicidade de alma e conselheiro da União Espírita Mineira nos últimos 64 anos, nosso companheiro de ideal espírita Arnaldo Rocha (foto) nasceu em Tiradentes (MG) no dia 29/8/1922. Era materialista e ateu. Casou-se em primeiras núpcias com Meimei, hoje conhecida trabalhadora da espiritualidade. Meimei desencarnou em outubro de 1946. Depois Arnaldo casou-se com Neuza Tófani, que também já retornou aos
planos espirituais. Um dia tomou conhecimento do Espiritismo através de uma reunião de que participou na casa do seu irmão Geraldo. A partir daí teve estreita ligação com a doutrina e com o médium Chico Xavier. Foi atleta e depois vendedor de ferro e aço da Cia. Belgo Mineira, onde se aposentou. Conversamos com ele que, solicitamente, nos atendeu para a presente entrevista.



Dentro de sua relação com Chico Xavier, durante um período muito grande, o que destacaria dessa convivência?


Com aquele convívio com a nossa alma querida Chico Xavier, fui aprendendo a ser tolerante, paciente, e passei a compreender a beleza da Doutrina Espírita.


Ter estado ao lado do médium mineiro com certeza é ter aprendido muito com a espiritualidade. Pode nos citar fatos marcantes daqueles momentos de convívio com Chico Xavier?


Em toda e qualquer situação o Chico Xavier era um homem calmo, tranquilo e simples, e com ele aprendi a ser humilde e tolerante e isto marcou muito a minha vida.


Quando e como foi que o Espiritismo entrou em sua vida?


Eu era ateu e materialista. Meus irmãos e minha mãe eram espíritas. Convidavam-me para as reuniões de estudo doutrinário e eu não tinha menor interesse pelo assunto. Casei-me aos 22 anos e fiquei viúvo aos 24. Meimei faleceu em 1º de outubro de 1946. No dia 11 do mesmo mês, escondendo-me de um temporal violento, já que estava nas proximidades da casa de meu irmão Geraldo Benício Rocha, me encaminhei para lá. Luíza, minha cunhada, me recebeu e vi que eles e mais algumas amigas estavam se preparando para uma reunião espírita. De imediato, deu-me uma vontade de ir embora, mas o carinho de Luíza insistiu para que eu ficasse. Assentei-me ao lado de uma senhora de mais de 60 anos, toda enrugada, com um sotaque italiano muito forte. Após a prece inicial diminuíram a luminosidade do ambiente e a senhora ao meu lado entrou em transe mediúnico, que eu nunca havia presenciado, apresentando reações de alguém sofrendo muito, sufocado, como se estivesse vomitando sangue. (Meimei desencarnou devido a uma hemorragia pulmonar intensa por complicações renais.)


Como se sentiu naquele instante?


Achei toda aquela situação profundamente estranha. Meu irmão Geraldo levantou-se de onde estava e começou a falar com aquela “coisa”... Palavras calmas, tranquilas e a situação desagradável apresentada por meio da médium foram desaparecendo. Olhei atentamente seu rosto e espantei-me com a aparência de jovem da mesma. Meu irmão se dirigiu àquela “coisa” perguntando se queria falar com alguém. Aí foi o meu maior susto. Ouvi a voz clara, bonita, melodiosa de Meimei. Ela disse: “Rialmente eu gostaria, mas o meu sozinho não vai entender...”. Irma de Castro Rocha, seu verdadeiro nome, nunca pronunciava a palavra “realmente”...


O que significa o termo “sozinho”?


Quando éramos noivos eu e Meimei lemos um livro chinês que se chamava “O Momento em Pequim”. Foi ali que vimos que Meimei em chinês quer dizer: Noivo(a) bem-amado(a). Então começamos a nos chamar de Meimei. Tanto eu a ela, quanto ela a mim. Depois, com a chegada de sua doença, ela começou a me chamar de “sozinho”, pois dizia que eu ficaria sozinho, uma vez que ela desencarnaria.


Após a primeira reunião de que participou, quais foram suas reações, uma vez que não acreditava em Espíritos?


Após a reunião, dialogando com meu irmão, ele aconselhou-me a estudar O Livro dos Espíritos e O Evangelho segundo o Espiritismo.


Seguiu seu conselho?


Naturalmente. Tudo aquilo era muito estranho e necessitava ser esclarecido.


Como foram os dias finais de Meimei como encarnada?


Durante os últimos três meses da sua enfermidade, a sua visão foi diminuindo aos poucos. Dormíamos em camas separadas. Era-lhe habitual orar à noite. Dizia-me sempre: “Vovó Antoninha vem me buscar para um lugar muito bonito...”. Sempre achei que ela não estava “boa da cabeça” por causa da hipertensão craniana que veio promover a sua cegueira. Na noite de 1º de outubro de 1946, ela faleceu por volta das 4h da manhã. Dez dias depois comunicava-se comigo naquela reunião já citada, na casa do meu irmão.


E como foi seu primeiro contato com Chico Xavier?


Na tarde de 22 de outubro daquele mesmo ano esbarrei-me com um senhor modestamente trajado, usando chapéu e carregando uma pasta. Ambos caíram no chão. Abaixei-me para apanhá-los, quando o homem, sorridente, alegre, passou a mão no meu rosto e me disse: “A nossa Princesinha está aqui, hoje Meimei faria 24 anos”. Fiquei profundamente assustado, sabia lá o que era um médium clarividente? Mentalmente pensei que os espíritas todos eram uns doidos... O homem nunca tinha me visto..., chamava-me de Naldinho..., falava-me de Meimei... Passado o susto, o reconheci, devido a uma reportagem da época publicada pela revista O Cruzeiro. Era o Chico. Nós nos esbarramos numa rua de Belo Horizonte. Foi esse meu primeiro contato com ele. Dali fomos para a casa do meu irmão Geraldo e, por meio da psicofonia, Meimei se manifestou e dialogamos por mais de uma hora. Então, iniciou-se minha amizade com o Chico.


Na espiritualidade, além do seu conhecido trabalho, que mais sabe sobre Meimei?


No livro “Entre a Terra e o Céu”, de autoria de André Luiz, no cap. 9, título “No Lar da Bênção”, dirigido pela sua avó materna Antoninha, Meimei colaborava com ela na assistência a crianças desencarnadas. No cap.10, título “Preciosa Conversação”, dialogando longamente com o Espírito de Clarêncio e com André Luiz, ela fala de suas tarefas no plano espiritual e assistência às mães que pedem seu auxílio para os filhos enfermos. Quando fiquei noivo de minha segunda esposa, Neuza Tófani, Chico contou-me que Emmanuel lhe dissera que Meimei o procurou solicitando o seu auxílio para sua reencarnação. Ele lhe respondeu que como minha esposa ela não poderia mais voltar, mas, como filha, seria possível. Porém, repreendeu-a para que deixasse de ter ciúmes daquela situação com vistas a centenas de creches, abrigos e centros espíritas que levam seu nome. Como é possível a senhora, por uma questão pessoal, querer abandonar todas as suas responsabilidades? Se vier alguma consulta quanto à minha aprovação, será negativa. E que ela continuasse se dedicando ao trabalho que estava realizando na espiritualidade. Que pensasse nas creches que já estavam espalhadas pelo Brasil em seu nome, nas mães aflitas que rogavam a ela bênçãos para os filhos, e ela se resignou.


Arnaldo, é sempre bom falarmos sobre reencarnação. Li, certa vez, que você participou de uma reunião com o Chico na qual foi revelado que o compositor brasileiro Radamés Gnatali era a reencarnação do compositor italiano Rossini. Pode nos falar sobre isso?


Pedro Quintão, cunhado de Chico, casado com a Geralda, telefonou-me numa noite de terça-feira convidando-me para irmos a Pedro Leopoldo. Estava em sua casa seu grande amigo Radamés Gnatali, o grande compositor. Em lá chegando, fizemos uma reunião com o Chico, onde o Espírito de Emmanuel deu uma bela mensagem na qual informava que o Radamés era a reencarnação de Rossini. Radamés e Pedro Quintão retornaram a Belo Horizonte e, como quarta-feira era feriado, permaneci. Caminhando para a casa de Chico lembrei-me de nossas conversas na reunião e de que no livroObras Póstumas existem duas mensagens de Rossini.


Existem também informações de que Chico Xavier teria sido a encarnação de Allan Kardec. Contudo você tem dito que ele foi a reencarnação da Srta. Japhet, médium contemporânea de Kardec. Pode comentar sobre essa controvérsia?


O campo da fantasia pulula lamentavelmente no meio espírita. De Hutsepsup, princesa egípcia, por volta de 3.256 a.C., até 1890 quando desencarnou na Espanha, em Barcelona, todas as reencarnações de Chico Xavier foram em corpos femininos, pois ele é um Espírito feminino. Somente agora, nesta última existência, com vistas às suas responsabilidades, ele reencarnou como homem. Dialogando com Chico, falei-lhe de uma dúvida que era constante em meu pensamento. Consta que uma vez por mês, ou na casa do Sr. Roustan ou na casa do Sr. Japhet, Kardec levava o material que seria O Livro dos Espíritos, e o Espírito Verdade fazia correções, aconselhando sua publicação em 18 de abril de 1857. Na casa do Sr. Roustan, Kardec falava sobre a médium (C), na do Sr. Japhet dava o nome todo da médium, Ruth-Céline Japhet. Chico corrigiu-me a expressão Japhet, dizendo que a pronúncia é “Japet”! A família era judia. Indaguei-lhe quem era Ruth Japet.


O que foi que o Chico lhe disse?


Respondeu-me sorrindo: “Você está conversando com ela...”


Assim, Chico Xavier foi contemporâneo de Kardec e era a Srta. Japhet?


Ele mesmo disse isto a mim.


Pode nos dizer qual foi a verdadeira relação entre Kardec e a Srta. Japhet?


A Srta. Japhet era médium e ela sempre colaborou com ele, desde o início, quando se conheceram na casa da senhora Plainemaison. Kardec consultava os Espíritos por meio dela.


Donde partiu a ideia de que Chico Xavier teria sido Kardec? Quem a postulou e em quais bases?


De onde partiu eu não sei, não presto atenção em tolices. Deve ser de pessoas que não conhecem a Doutrina Espírita e que ficam falando uma bobagem destas.


Há, em sua opinião, algo que possa dar um ponto final a essa divergência?


Em outras entrevistas que dou, procuro não dar ênfase a este assunto. Eu não dou atenção ao campo das fantasias. Tudo isto é uma ilusão muito grande que não acrescenta nada à Doutrina.


Como e qual foi a sua colaboração dentro da estrutura literária recebida pelo médium Chico Xavier?


Com a fundação do Grupo Meimei, graças à gentileza do caroável amigo Carlos Torres Pastorino, que nos doou um gravador de rolo, foi possível gravar as palestras de encerramento de nossas reuniões no Grupo. Assim, Emmanuel, Teresa de Ávila, Frei Pedro de Alcântara, Dr. Camilo Chaves e outros facultaram-nos a organização de dois livros: Instruções Psicofônicas e Vozes do Grande Além. Quando Chico foi de mudança para Uberaba, entreguei-lhe cerca de 30 mensagens devidamente organizadas para uma nova obra. Essas páginas infelizmente se perderam e não foi possível organizar um terceiro livro.


Quando Chico Xavier se mudou para Uberaba, como foi sua participação dentro do trabalho que ele desenvolveu a partir daquela cidade?


Ia lá somente para visitá-lo.


Arnaldo, algo nos intrigou bastante ao ver, na TV Globo, a minissérie Chico Xavier. A minissérie mostrou dois “Chicos” bem diferentes. O primeiro, representado por Ângelo Antônio, é uma pessoa muito simples, que se veste mal e tem um comportamento humilde, como imaginamos que o Chico tivesse. O outro, representado pelo ator Nelson Xavier, é uma pessoa aparentemente vaidosa, preocupada com seu visual e até mesmo um pouco "arrogante". É inconcebível que tenha ocorrido tal mudança. Dentro de sua convivência com o Chico, o que você pode nos dizer sobre o que foi mostrado na minissérie?


O filme e a minissérie não foram feitos por espíritas. O Chico era de uma pobreza impressionante, e Maria João de Deus, sua mãe, era negra e todos os filhos que ela teve eram de morenos para mulatos. No filme apresentam uma pessoa clarinha. Outra coisa no primeiro momento do filme: mostram ruas altas e baixas. Pedro Leopoldo é uma cidade plana. Nelson Xavier apresenta um Chico mais importante, quando na verdade era o contrário. Vejam a cópia do famoso “Pinga Fogo” e verão a veracidade do que digo. No nosso meio há de tudo o que se queira imaginar...


Apesar de tudo isso, em sua opinião o filme foi importante para o Movimento Espírita?


Sim. Muitas pessoas estão procurando os Centros Espíritas para se informarem. É preciso que os espíritas estudem mais para ajudar a quem procura os fundamentos do Espiritismo.


No filme “Nosso Lar”, Emmanuel é apresentado como morador daquela colônia. Concorda com isto?


Não. Isto é uma adaptação do livro, isso que se chama de licença poética. Emmanuel simplesmente fez a apresentação do livro Nosso Lar, bem como dos demais.


Como você vê o movimento espírita na atualidade? Que projeções percebe para o futuro do Espiritismo no Brasil?


Vejo que o Espiritismo caminha, mesmo às vezes dependendo de muitos espíritas vagarosos ou ensimesmados. Seu futuro é o do esclarecimento da Humanidade quanto à realidade do ser imortal que todos somos. Os espíritas precisam difundir mais O Livro dos Espíritos. Poucos estudam essa obra, que é principal dentre todas as obras espíritas.


Em sua opinião, como devemos estudar Kardec? Qual a melhor didática?


Para o iniciante em Doutrina, aconselham-se os livros O que é o Espiritismo eO Principiante Espírita, o que lhe dará embasamento para o estudo constante e permanente de O Livro dos Espíritos, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Livro dos Médiuns, O Céu e o Inferno e A Gênese. Digo também que não se deve confundir Espiritismo com Mediunidade. Espiritismo é um corpo doutrinário e Mediunidade é uma ferramenta de comunicação psíquica entre os seres. Falo sempre isto quando sou convidado a fazer palestras.


Pode nos deixar uma palavra sobre Chico Xavier e Meimei?


Foram as pessoas que me educaram na Doutrina Espírita. Devo muito a ambos e sou muito grato por isso.


Agradecemos imensamente pela gentileza de nos ter recebido e pedimos que nos deixe suas considerações finais.


Tenho hoje 88 anos de idade, trabalho na União Espírita Mineira nas reuniões públicas de segunda-feira, em que faço um estudo metódico de O Livro dos Espíritos, e às quartas-feiras coordeno as reuniões mediúnicas de desobsessão, com dez médiuns psicofônicos. Isto me felicita a alma. Vamos trabalhar pela divulgação do Espiritismo. Jesus no-lo ofereceu. Vamos auxiliar a quem nos pede ajuda. Nós recebemos muito todos os dias.


Nota do Autor:
Clique em http://vimeo.com/9098617 para ver a palestra “Chico, Diálogos e Recordações” proferida em 9/10/2009, em que Arnaldo Rocha fala sobre o saudoso médium Chico Xavier.


Fonte: http://www.oconsolador.com.br/ano4/204/entrevista.html

sábado, 2 de abril de 2011

WALDO VIEIRA CONFIRMA: ANDRÉ LUIZ FOI CARLOS CHAGAS!


WALDO VIEIRA CONFIRMA: ANDRÉ LUIZ FOI CARLOS CHAGAS!
EM DEPOIMENTO DADO NO DIA 21 DE JULHO DE 2010, O DR. WALDO VIEIRA CONFIRMA TER SIDO ANDRÉ LUIZ O PSEUDÔNIMO DO DR. CARLOS CHAGAS – E NÃO, COMO MUITOS ACREDITAM, OSVALDO CRUZ OU FAUSTINO ESPOSEL.


Internauta pergunta:
“Circula, na Internet, a informação que o senhor confirmou ao Sr. Osmar Ramos Filho que a “consciex” André Luiz foi o médico carioca Faustino Esposel…

Waldo Vieira: – Não! Isso é invenção! Besteira! Não tem nada que ver com isso!

Internauta pergunta: – Como eu assisti a uma conferência sua na antiga sede do IPC, na Rua Santo Amaro – então! – em que o senhor afirmou ser André Luiz o Carlos Chagas, gostaria que o senhor esclarecesse.
Afinal, para o senhor, quem foi André Luiz?”

Waldo Vieira:

- Olha aqui. Vamos clarear isso de uma vez por todas. Existem dezenas de besteirada aí na Internet, falando a meu respeito, coisa que eu nem sei o que é (…). Eu já expliquei isso há muito tempo.
A primeira coisa – vamos falar o que era o caso de Carlos Chagas.
O filho do Carlos Chagas, que era o Carlos Chagas Filho, ele era o cientista-mór, durante vários anos, do Departamento de Ciência do Vaticano. Como é que a gente ia falar que ele era o Carlos Chagas, na ocasião? (…) Agora, o que é que se passa? Eu conheci as coisas todas, André Luiz, fora do corpo, antes de conhecer o Chico Xavier no corpo. Vê se me entendem… Outra coisa: ele era de Minas Gerais, ele trabalhou lá. Outra coisa: quando eu cresci e fui fazer o curso de Medicina, o meu professor de Doenças Tropicais foi assim com ele, trabalhou com ele no mesmo laboratório, um velhinho, era meu professor, a gente sabia de tudo, conheceu o Carlos Chagas de perto! Agora, veja. Eu sabia, por exemplo, que o André Luiz era o Carlos Chagas e vi a mesma situação, mas ele não queria que eu falasse nada. Quando o Chico veio me mostrar, eu já tinha recebido um monte de mensagens dele. Era a mesma situação. (…) Agora, isso aqui eles inventaram (…). Isso tudo é besteirada! É folclore! É a lenda! A saga, as tolices que criaram em torno disso tudo (…). O André Luiz, que é o Carlos Chagas… Por que é que eu tinha contato com ele? Porque ele era médico, e é o que eu ia fazer. E a minha situação toda era essa. Quando eu conheci o Chico, já estava no curso de Medicina, mas já sabia das coisas todas, já tinha recebido mensagem dele, desde os 13 anos (…). O negócio é mais sério, é mais embaixo. Outra coisa: o próprio Chico falou que não podia falar o nome dele, porque se não… Já tinha dado um escândalo enorme a respeito de Humberto de Campos, que era o Irmão X – depois mudou –, deu até processo no Tribunal por causa disso – a gente não pode estar expondo uma pessoa que a família vem em cima. Agora, hoje eu falo isso tudo, porque muita gente já morreu, você está entendendo?! Ou muita gente já “dessomou”, o negócio aí já caminhou e eu também já não estou mais no Movimento Espírita, não tenho nada mais a ver com o assunto…
(Depoimento do Dr. Waldo Vieira, no Youtube, em 21 de julho de 2010)

O reencarne de Emmanuel


No livro , cujo título é 'Deus Conosco', publicado pela Vinha de Luz Editora, e da autoria do espírito de Emmanuel pela, até então, inédita psicografia de Chico Xavier, na pág. 43, ao falar-se sobre as vidas sucessivas de Emmanuel, encontramo-nos com os relatos do próprio Chico Xavier sobre a reencarnação do seu benfeitor espiritual, no início do século XXI.

Com a partida do médium passámos a sentir-nos órfãos, desamparados… contudo, esta informação, que a seguir se reproduz, conforta-nos e dá-nos a certeza de que Emmanuel já se encontra entre nós.

A luz da esperança volta a brilhar nas nossas vidas.



'Deus Conosco'

Segundo testemunham várias pessoas que conviveram intimamente com o médium Chico Xavier, este terá afirmado que o espírito do benfeitor Emmanuel já está na face da Terra, entre nós, pela via da reencarnação.

Um dos depoimentos, é o da D. Suzana Maia Mousinho (filha do Dr. Carlos Chagas.Ele após sua desencarnação.. escreveu com o pseudônimo de André Luis,a coleção "Nosso Lar").. presidente e fundadora do 'Lar Espírita André Luíz' (LEAL), de Petrópolis/RJ, amiga do médium desde 8 de Novembro de 1957.

Francisco Cândido Xavier, confidencialmente, contou-lhe pormenores da reencarnação de Emmanuel, dizendo-lhe que este voltaria à Terra no interior do estado de São Paulo, no seio da família que foi constituída pelo casal D. Laura e Sr. Ricardo, personagens do livro 'Nosso Lar', de André Luíz.

Mais tarde, o estimado médium Chico Xavier novamente voltou a falar do assunto com D. Suzana, afirmando ter presenciado o regresso à vida física do seu benfeitor no ano 2000, tendo visto assim confirmadas as previsões espirituais a tal respeito.

Este fato está de acordo com os depoimentos feitos em público pelo médium mineiro em três ocasiões diferentes e que se encontram inseridos nos seguintes livros:

a) No 'Entrevistas' (IDE, 1971). Ao responder à pergunta 61, sobre a futura reencarnação de Emmanuel, Chico Xavier declarou: 'Ele (Emmanuel) afirma que, indiscutivelmente, vai voltar a reencarnar, mas não diz exatamente o momento preciso em que isso se verificará. No entanto, pelas suas palavras, admitimos que deverá regressar ao nosso meio de espíritos encarnados, no fim do presente século (XX), provavelmente na última década';

b) No 'A Terra e o Semeador' (IDE, 1975). Na resposta à pergunta nº. 33, Chico Xavier disse: 'Isso tem sido objeto de conversas entre ele (Emmanuel) e nós. Ele costuma dizer que nos espera no Além para, a seguir, regressar à vida física'; e

c) A terceira confirmação de Chico, está exarada no livro organizado pela Dra. Marlene Nobre, sob o título 'Lições de Sabedoria' (FE, 1997), onde, na pág. 171 da 2ª. edição, Gugu Liberato pergunta a Chico Xavier: 'É verdade que o espírito Emmanuel, que lhe ditou a base do Espiritismo prático no Brasil, se prepara para reencarnar?' Ao que Chico respondeu: 'Ele diz que virá novamente daqui a pouco tempo, para trabalhar como professor.'

Uma vez, estando à conversa comigo em Uberaba e falando sobre a volta de Emmanuel, Chico também me comentou: 'Geraldinho, o nosso compromisso – meu e de Emmanuel – com o Espiritismo na face da Terra tem a duração de três séculos e só acabará no fim do século XXI'.

Outro depoimento público acerca da reencarnação do seu benfeitor Emmanuel, encontra-se no duplo DVD 'Chico Xavier Inédito – de Pedro Leopoldo a Uberaba', organizado por Oceano Vieira de Melo e lançado em 2007 pela Versátil. No segundo DVD estão reunidos vários testemunhos de 2007, entre eles, o do confrade Dr. Elias Barbosa, de Uberaba, onde este declara textualmente: 'Eu me lembro dele (Chico) falar uma vez, e para todo o mundo, não foi só para mim não, que quando ele desencarnasse o Emmanuel iria reencarnar. Isto é o que ele falou: 'O nosso Emmanuel, gente, vai voltar! Está só à espera de eu partir...'

Como sabemos que Chico Xavier, no fim da sua vida física, tinha recebido uma extensão de tempo, concretizada numa nova moratória, permanecendo por isso mais tempo entre nós, segue-se outro depoimento, bastante esclarecedor, e que, por causa disso mesmo, se reveste da maior importância:

A D. Suzana Maia Mousinho e a sua nora, a D. Maria Idê Cassaño Mousinho, referiram que Chico Xavier lhes revelara em Outubro de 1996, que a filha da D. Maria Idê estava grávida e que as duas em breve seriam respectivamente bisavó e avó.

Chico acrescentou ainda que o espírito de Emmanuel se tinha empenhado pessoalmente, em conjunto com o benfeitor espiritual do LEAL, Wilton Ramos Oliva, na selecção das características genéticas da futura criança (Carlos Augusto), para lhe garantirem sucesso na reencarnação.

Este ato do espírito de Emmanuel – segundo Chico Xavier lhes explicou – tinha sido o último dele na crosta terrestre, pois a partir daí (fins de 1996), Emmanuel subira aos planos mais altos da vida espiritual para, durante aproximadamente dois anos, se preparar para a sua própria reencarnação, a fim de regressar à vida física no início do século XXI.

Por último, aqui deixamos o testemunho de Sónia Barsante, residente em Uberaba (MG) e frequentadora do 'Grupo Espírita da Prece' de Chico Xavier, que referiu que num determinado dia do ano 2000, estando ela e outros companheiros reunidos com Chico, este se tinha ausentado em transe mediúnico durante alguns instantes.

Ao regressar, contou-lhes alegremente que tinha ido em desdobramento espiritual, até uma cidade do estado de São Paulo visitar um bebé, que era o espírito de Emmanuel, já reencarnado. E rematou, dizendo a todos os que estavam presentes: 'vocês ainda vão reconhecê-lo!'

Parece com ele


“- Parece com ele.”

Meses após a identificação feita por Chico Xavier, adquirimos dois volumes do livro

Meu Pai, recentemente lançado pela Casa de Oswaldo Cruz – Fundação Oswaldo Cruz, do Rio

de Janeiro, RJ, em 1993, rica biografia do cientista Carlos Chagas, fartamente ilustrado, com

294 páginas, de autoria de Carlos Chagas Filho (1911-2000), igualmente cientista famoso,

pesquisador honorário da Fundação Oswaldo Cruz, membro da Academia Brasileira de Letras,

destacando-se também como Presidente da Academia Pontifícia de Ciências do Vaticano, no

período de 1971 a 1988.

A compra de dois volumes foi com a intenção de também presentear o médium amigo

de Uberaba, com um dos dois volumes, o que fizemos na primeira oportunidade.

Ao entregar-lhe o livro, Chico agradeceu-nos e, após analisar atentamente a capa do

mesmo, ilustrada com a imagem do Dr. Carlos Chagas, em bela aquarela de Glauco Rodrigues,

disse-nos: “– Parece com ele.”, evidentemente referindo-se à semelhança da fisionomia do

biografado com André Luiz, Espírito.

“Recordações de meu Pai” – um perfil de Carlos Chagas

O último capítulo da obra acima citada (que apresenta a expressiva dedicatória: “A

Evandro, meu irmão, cujo espírito me acompanhou na elaboração deste trabalho.”) focaliza as

recordações íntimas do autor, constituindo um belo perfil da personalidade de seu genitor, do

qual transcrevemos, a seguir, alguns tópicos:

“De seu último período em Manguinhos, guardo a recordação de nossas conversas.

Eram horas e horas em que ficava a escutá-lo e, pelas suas palavras, pude penetrar em grande

parte de sua alma e conhecer episódios de sua vida. Foi o momento no qual, certamente, mais

procurou influir em mim e formar a minha personalidade, contando-me sobretudo os erros –

tão poucos! – que cometera. Ensinou-me a difícil tarefa de compreender as gentes e amá-las.”

“Guardo de meu pai a certeza de que era um homem simples, no que a palavra tem de

mais autêntico. Honrarias, louvações e atitudes de subserviência nada lhe diziam. Sendo um

homem forte, queria que os que acompanhassem assim fossem e não aceitassem suas

palavras como irrebatíveis.

Sua indiferença frente dos aspectos materiais da vida era total, a não ser a pequena

vaidade de gostar de vestir-se com esmero, vaidade que aos poucos foi desaparecendo.

Quando morreu não deixou bens, senão a casa da rua Paissandu.”

“Várias vezes procurei saber qual a sua posição em face da religião. Mostrou-se

sempre avesso a esse debate. Creio que o seu espírito se dividia entre a profunda religiosidade

de sua mãe e de seus tios – muitos dos quais sempre de terço na mão – e o agnosticismo, que

era a tônica de grande maioria dos cientistas de sua geração. Profundamente respeitador do

sentimento alheio, nunca o ouvi discutir este assunto, nem dizer uma frase de mínimo

desacordo com o fato de que, a partir de um certo momento, comecei a freqüentar a Igreja.

Não importa tentar perquirir a intimidade de seu sentimento religioso. O importante é

assinalar que a sua vida se completou dentro dos preceitos mais fundamentais do Evangelho.”

“Meu pai não foi um cientista acadêmico, um homem de laboratório, interessado

somente no seu próprio progresso intelectual e na ascensão do seu reconhecimento

internacional. O que desejou, na verdade, foi servir o povo brasileiro, tirando do seu convívio

com os filhos dos colonos das fazendas em que viveu, com as agentes com quem conviveu em

Lassance e com aqueles que amou na bacia Amazônica, a força para entregar-se ao que há de

demais importante na vida de um homem: não viver para si, mais viver para servir o seu

próximo. Analisando a vida de meu pai, penso que dele nos deixa uma grande mensagem: a de

que a vida humana só tem significação quando utilizada para servir. Esta é a lição que ele

aprendeu na freqüência da miséria que viu em Minas, na Amazônia e um pouco por todo o

Brasil.”

“Até mesmo quando, no ano de sua morte, Gustavo Pitaluga, chefiando um grupo de

patologista europeus, escreveu-lhe pedindo todas as suas publicações e o seu currículo para

apresentá-lo como candidato ao prêmio Nobel de 1936, sua emoção não chegou a modificarlhe

o clima de vida, nem mesmo suas aspirações. Seu interesse pelos de menor situação na

sociedade traduzia-se, perfeitamente, na maneira suave e carinhosa com a qual se aproximava

dos pacientes nos hospitais que o vi freqüentar. Para ele, cada ser humano tinha uma

expressão própria que devia ser respeitada no mais profundo sentido ético que tem o

substantivo “ser”. Sua vida pode traduzir-se pela oposição que deu ao “ser” em relação ao

“haver”.”

“Quando cheguei a Lassance, 21 anos depois do momento em que meu pai descobriu a

doença de Chagas, as histórias de sua devoção aos enfermos e de sua preocupação com os

pobres com quem se avistava era a moeda mais corrente dos entretenimentos que tive a parte

da população que tão bem se lembrava dele.”

“Durante o exercício da medicina, na ocasião de sua instalação, pouco duradoura, na

rua da Assembléia, muitas vezes – como já foi assinalado – tirava do seu bolso a soma

necessária para pagar a receita que prescrevera na consulta, a mais das vezes nem cobrada.

Não por uma injustificável soberba, mas porque achava que a medicina devia ser exercida

gratuitamente. (...) Chagas era um homem devotado ao seus semelhante, qualquer que fosse a

sua situação social ou econômica. Entretanto, o dinheiro que não recebia dos pacientes, ou

que lhes dava para aviamento da receita, faltava, às vezes, fortemente, ao orçamento

doméstico.”

Estas “Recordações” representam um expressivo coroamento da extensa e rica

biografia que recebeu o título carinhoso de Meu Pai. Revelam-nos o homem virtuoso que

cumpriu elevada missão na Terra, pautando sua vida à luz do Evangelho.

Portanto, ele estava preparado para desempenhar nova e sublime tarefa, sob as

bênçãos de Jesus, que se iniciou com o livro Nosso Lar, utilizando-se o pseudônimo André Luiz.

Autor de autêntica revelação dentro da Terceira Revelação

Integrando a obra literária de André Luiz(Espírito), recebida pelos médiuns Francisco

Cândido Xavier e Waldo Vieira, a Coleção “A Vida do Mundo Espiritual”, composta de 13 livros,

todos no estilo romanceado de Nosso Lar (1943) e E a Vida Continua... (1968), trouxe tantas

informações novas do Mais Além, que tem sido considerada, judiciosamente, como verdadeira

revelação dentro da Terceira Revelação.

O seus relatos preciosos, acompanhados de elevadas lições de Benfeitores abalizados,

incluindo avançadas revelações científicas, trazem sempre um importante conteúdo

evangélico.

Enaltecendo a Coleção referida, também chamada Série “Nosso Lar”, o renomado

cientista espírita Dr. Hernani Guimarães Andrade (1913-2003) fez a seguinte previsão: “As

obras de André Luiz, psicografadas por Francisco Cândido Xavier, serão, futuramente, objeto

de estudo sério e efetivo nas maiores universidades do mundo, e consideradas como a mais

perfeita informação acerca da natureza do homem e da sua vida após a morte do corpo físico.”

(A Matéria Psi, Hernani G. Andrade, O Clarim, p. 15)

Em princípios de 2000, as Organizações Candeia, de Catanduva, SP, realizou oportuna

pesquisa bibliográfica para definir quais os dez melhores livros espirituais do século XX. E, na

relação dos escolhidos, aparecem três de André Luiz: Nosso Lar, o mais votado, Evolução em

Dois Mundos e Missionários da Luz. (Anuário Espírita 2001, p. 35)

Além da Série “Nosso Lar”, André Luiz escreveu 15 obras, sendo seis (6) em parceria

com Emmanuel e uma (1) com Lucius / F.C. Xavier e Heigorina Cunha (Cidade no Além);

também participou de muitas outras de Autores Diversos.

Fonte: Mediunidade na Bíblia, Editora Ide, Autor: Hércio M. C. Arantes.

1º Edição, Junho 2006 Páginas 187 à 194.

Inserida no Anuário Espírita de 2004 - IDE - Araras, (Autor: Hércio M. C.

Arantes)

Veja também na mesma Obra Depoimento Valioso na Questão Chico Kardec

Apêndice – Identidade Espiritual Kardec/ Chico Xavier indícios Significativos

Pág: 226

Quem foi André Luiz?


Hércio M. C. Arantes

Na década de 60, quando estudava a série das obras de André Luiz, psicografadas por Francisco Cândido Xavier, naturalmente entusiasmado com a riqueza de suas informações, colhidas em estágios realizados em vários setores de aprendizagem de Mais Além, e transmitidas com atraente descrição romanceada, também tive, como muitos confrades, a curiosidade de saber quem era o autor, desencarnado há poucas décadas, que se ocultava com aquele pseudônimo.

Essa curiosidade foi aguçada por uma observação da revista Reformador, que, ao divulgar o lançamento de mais uma obra de André Luiz, pela Federação Espírita Brasileira (FEB), identificou-o como um ilustre médico do Rio de Janeiro.

Passei, então, a pesquisar sua identidade, consultando biografias de vultos da Medicina brasileira, embora lembrando sempre a advertência de Emmanuel, conforme se lê em seu prefácio para o livro Nosso Lar, o primeiro da série: “Embalde os companheiros encarnados procurariam o médico André Luiz nos catálogos da convenção. Por vezes, o anonimato é filho do legítimo entendimento e do verdadeiro amor.”

Confirmando a advertência do sábio guia espiritual do médium, minhas pesquisas foram infrutíferas. Elas indicavam, como o autor mais provável, o dr. Álvaro Alvim (1863-1928), que escreveu vários livros médicos e foi mártir da Medicina brasileira. Alguns dados biográficos e a sua fisionomia, estampada na Enciclopédia Lello Universal, levavam a essa hipótese, que não satisfazia o nosso objetivo.

Citei a fisionomia porque a imagem de André Luiz já havia sido divulgada pelo Anuário Espírita 1964, que a apresentou juntamente com a entrevista desse espírito através dos médiuns Francisco C. Xavier e Waldo Vieira. Após essa entrevista, realizada em Uberaba (MG), em 1963, com a presença do devotado confrade Jô (Joaquim Alves, S. Paulo, SP, 1911-1985), autor de numerosas capas de livros espíritas, esse conhecido artista solicitou ao dr. Waldo um esboço da imagem de André Luiz, fundamentado em sua clarividência. Atendido em seu pedido, em face de sua facilidade para desenhar, Jô efetuou a arte-final daquele retrato.

Portanto, não encontrando uma solução clara para a questão, na primeira oportunidade recorri ao médium amigo Chico Xavier, participando-lhe minha pesquisa. Ele, como sempre, ouviu-me pacientemente, e, a seguir, esclareceu-me de forma incisiva: “Não perca tempo, pois a biografia de André Luiz, em Nosso Lar, está toda truncada.”

Com essa oportuna advertência, encerrei definitivamente minhas pesquisas, entendendo que havia, de fato, razões seriíssimas para o autor se ocultar, não só com o seu pseudônimo, mas também alterando sua própria biografia, sem nenhum prejuízo na transmissão dos ensinamentos superiores dos quais era portador.

Finalmente, o médium elucida-nos completamente

Em 20 de fevereiro de 1993, num fim de semana, ao visitar o estimado médium Chico Xavier, em sua residência, tivemos uma surpresa feliz.

Juntamente com três familiares – esposa Maria de Nazareth, nosso filho Hélio Ricardo e tio Hélio – entramos na copa de sua casa, local habitual em que ele recebia os visitantes, encontrando-o assentado, em palestra com alguns confrades, dentre eles, Dorival Sortino, presidente das Casas Fraternais O Nazareno, de Santo André (SP), e um médico, já idoso, do Rio Grande do Sul, que integrou a última turma de alunos do dr. Carlos Chagas, no Rio de Janeiro. Este, quando residia nos Estados Unidos, teria auxiliado o médium quando em uma de suas viagens àquele país.

Logo depois que chegamos, Chico e o médico passaram a dialogar sobre a figura do prof. dr. Carlos Chagas (1879-1934), médico e cientista brasileiro que se tornou célebre por estabelecer, sozinho e simultaneamente, a etiologia, características patológicas e prevenção de uma nova e grave enfermidade, que em sua homenagem foi denominada doença de Chagas.

A certa altura da conversa, Chico abordou uma questão, que muito me surpreendeu, pois o seu esclarecimento nunca havia sido divulgado. Nesse momento, passamos a anotar a sua fala, como sempre fazíamos, eu e minha esposa, quando ouvíamos algo mais interessante do querido médium. Contou-nos, então, com naturalidade, que, ao terminar a psicografia do livro Nosso Lar, esperava que o seu autor usasse o seu próprio nome da última encarnação. Mas, para sua surpresa, certa noite, estando em desdobramento espiritual, mantendo um diálogo com dr. Chagas, foi informado de que, para não criar problemas ao médium, ele usaria um pseudônimo. E, dentro de um ano, Chico entenderia melhor essa decisão.

A seguir, Chico perguntou-lhe qual pseudônimo ele usaria. Então o autor olhou para o irmão do médium, chamado André Luiz, que dormia na cama ao lado, e disse-lhe que usaria o nome dele. E assim foi feito.

A primeira edição do Nosso Lar foi lançada, pela FEB, em 1944, com prefácio de Emmanuel, datado de 3 de outubro de 1943. E o que aconteceria no próximo ano?

Em 1944, a sra. viúva do renomado escritor Humberto de Campos (1886-1935) pleiteou na Justiça os direitos autorais das obras mediúnicas de Humberto de Campos (espírito) recebidas por Francisco C. Xavier e editadas pela FEB. Surgiu, então, “o caso Humberto de Campos”, caracterizado como escândalo pela grande imprensa. A propósito, disse-nos o Chico: “Foi horrível por causa do alarme da imprensa.” (Ver depoimento do médium em Chico Xavier – o Apóstolo da Fé, Carlos A. Baccelli, LEEPP, 2002, cap. Chico, 89 primaveras!)

Após longa trajetória, o processo chegou ao fim com a absolvição dos réus: o médium e a editora. A partir dessa época, Humberto de Campos, espírito, passou a usar o pseudônimo de Irmão X em seus livros psicografados.

Portanto, é fácil entender a preocupação do dr. Carlos Chagas (André Luiz) em não se identificar como autor de Nosso Lar, que, segundo a programação superior, representava o marco inicial de uma longa série de livros. Era necessário que, além do pseudônimo, o autor espiritual não fosse, de forma alguma, identificado, graças à providência de truncar dados de sua vida, sem afetar o elevado conteúdo da obra.

André Luiz é Carlos Chagas


Estimado João Cabral,

Para subsidiar a questão que você aborda sobre a identidade de André Luiz temos mais algumas considerações a fazer.

Pois bem, para que se esclareça, é preciso lembrar do momento em que André Luiz aparece na obra de Chico Xavier. Chico e a FEB haviam tido a grande desilusão de enfrentar um rumoroso processo judicial da família do escritor Humberto de Campos em disputa por direitos autorais. O próprio espírito de Humberto de Campos em mensagem íntima havia externado o seu profundo desgosto ao se deparar com as exigências descabidas dos seus depois de sua morte física. Segundo informações do próprio Chico, Carlos Chagas fora o escolhido por uma comissão de 12 sábios da Espiritualidade Maior, para ser o intérprete para o plano físico do que àquela época julgou-se possível revelar acerca da vida no mundo espiritual e sua relação direta com o mundo terrestre. Para efeito de não levar o médium Xavier e a própria FEB a novo caso rumoroso e sensacionalista com a imprensa e a justiça, o próprio Carlos Chagas optou pelo anonimato do pseudônimo, escolhendo o nome de André Luiz aleatoriamente, tal como o irmão mais novo de Chico se chamava.

Segundo Chico Xavier me contou pessoalmente alguns dados biográficos do mesmo foram alterados propositadamente para que não se intentasse àquela ocasião o "descobrimento" de sua personalidade. Assim dados como o da família, o da desencarnação, etc, foram "ajustados" por ele mesmo com o fim de se não ser descoberto. O próprio prazo de sua permanência no umbral, descrito no livro como sendo de 8 anos, na realidade foi de apenas 2 anos, e este erro deveu-se a um simples erro da tipografia gráfica da época da primeira edição, decidindo a FEB pela manutenção do mesmo nas edições seguintes. ( contrariamente ao desejo expresso de Emmanuel e Chico Xavier ) pois segundo nos dizia Chico, André Luiz apenas ficara no umbral pelo período de 2 anos aproximadamente.

O quadro a óleo pintado que mostra o rosto de Carlos Chagas, e que incluímos em nossa apresentação em pps, se refere a uma pintura encomendada pelo próprio Chico Xavier à Dona Suzana Maia Mousinho, sua grande amiga desde 1957, de origem potiguar e que mora na cidade do Rio de Janeiro e dirige o Lar Espírita André Luiz de Petrópolis. Em determinado momento Chico solicitou a ela que arranjasse um artista plástico de sua confiança e encomendasse a ele a feitura de um quadro a óleo do rosto de Carlos Chagas, e ainda que o referido pintor se baseasse na escultura em homenagem a Carlos Chagas que se encontra na praia de Botafogo na cidade do Rio de Janeiro. Este pedido lhe foi feito em Uberaba e a princípio Dona Suzana não se lembrou de nenhum artista plástico a quem pudesse recorrer. Chegando à repartição pública onde trabalhava, no Ministério da Educação, e comentando o pedido de Chico junto aos colegas de trabalho, um deles se apresentou voluntariamente para o serviço uma vez que cursava a faculdade de Belas Artes, o que até então Dona Suzana ignorava. O artista então se dirigiu à estátua de Carlos Chagas e fez o retrato do rosto do mesmo conforme havia encomendado o Chico. Quando Dona Suzana levou finalmente o quadro até Chico Xavier em Uberaba, este lhe disse : "Suzana este é o retrato de nosso benfeitor André Luiz!" Para surpresa de Dona Suzana Chico então escreveu de próprio punho esta afirmativa atrás do quadro e fez uma dedicatória a ela, dizendo-lhe que ela deveria fundar uma instituição espírita na cidade de Petrópolis com o nome dele, tendo em vista ligações do passado com o estimado benfeitor. Assim foi feito e ela veio a fundar o LEAL que funciona até hoje em Petrópolis. Não preciso dizer que o referido quadro, que conheço, está dependurado na sala de visitas de Dona Suzana em seu apartamento na cidade do Rio de Janeiro até hoje. Esta revelação foi publicada por nós no livro SEMENTEIRA DE LUZ de Neio Lúcio pela psicografia de Chico Xavier, organizado por Wanda Amorin Joviano em 2006.

Em relação ao Brasil imperial, contou Chico Xavier a Dona Suzana ( Fundadora do Lar Espírita André Luiz de Petrópolis a pedido do próprio Chico ) que André Luiz de fato havia sido em vidas passadas médico da corte brasileira, desencarnado prematuramente, e que ela Dona Suzana estava ligada espiritualmente a ele desde o passado remoto, e por isto mesmo deveria abrir uma instituição espírita naquela cidade dando a ela o nome de André Luiz, coisa que ela concretizou em 1960 e que funciona em Petrópolis até hoje. É nesta instituição que trabalha também nossa estimada Wanda Amorin Joviano, filha de Dr. Rômulo Joviano, chefe do Chico na Fazenda Modelo de Pedro Leopoldo. Os direitos autorais da obras da psicografia de Chico Xavier na época da Fazenda Modelo, organizadas por Wanda Joviano e editadas por nós na Editora Vinha de Luz ( www.vinhadeluz.com.br ) pertencem ao LEAL - Lar Espírita André Luiz de Petrópolis. Esta instituição funciona num dos bairros mais pobres da cidade e segundo Chico Xavier os nossos irmãos nela assistidos em nome de Jesus são todos reencarnações da nobreza brasileira ou francesa do século XIX.

Além dos testemunhos de Suzana Maia Mousinho, Wanda Amorin Joviano, Hércio M.C. Arantes, Carlos Baccelli, há vários outros de amigos próximos a Chico Xavier, que devem ser levados em conta, como é o caso de Corina Novelino de Sacramento. Como se vê a universalidade do ensino dos espíritos está aqui comprovada. Temos fontes fidedignas e confiáveis endossando a revelação do próprio Chico. Naturalmente que hoje, passados quase 70 anos da publicação do primeiro livro de André Luiz, o caso já não seja mais de "segredo" e pode muito bem servir aos nossos estudos doutrinários.

Outro ponto a ser esclarecido : a primeira menção de Emmanuel ao espírito de André Luiz, nas reuniões da Fazenda Modelo, foi na data de 31 de Março de 1943, data que nos relembra a desencarnação de Allan Kardec. Esta informação está no livro de nossa edição DEUS CONOSCO, publicado em Junho de 2007. Curiosamente o prefácio de Emmanuel é datado de 3 de Outubro, aniversário de Kardec. Portanto o livro foi psicografado em apenas 6 meses. Isto é um dado histórico comprovado com os originais das referidas mensagens que estão em nossa guarda, e que integram o escopo das mensagens dos livros aqui cidados : SEMENTEIRA DE LUZ e DEUS CONOSCO de nossa edição. ( vide o site : www.vinhadeluz.com.br )

Espero ter contribuído um pouco mais para a elucidação do tema.

Abraços de sempre para você e toda a família,

Geraldinho

Temos gravação em vídeo onde a própria Suzana Mouzinho afirma ser André Luiz, o Carlos Chagas, que foi seu pai em duas encarnações.

Suzana foi a única pessoa autorizada a ficar com Chico no Hospital Santa Helena em São Paulo, em 1968, quando o médium foi operado da próstata pelo Dr Osvaldo, presente também no vídeo.

Informação confirmada também por Nena e Francisco Galves, amigos íntimos por 40 anos de Chico Xavier.

Cceano Vieira de Melo




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