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sábado, 5 de dezembro de 2015
Contra o aborto
Argumentaram que meu discurso anterior estava
cheio de ideologia.
Sim, ideologia todo discurso tem. Simplesmente por que as ideologias baseiam o raciocínio humano. Seja qual for. Mesmo que uma pessoa não se identifique com alguma ideia ou conceito, ela, mesmo aí, traz consigo uma série de ideologias subjacentes. Conscientes e, as piores, inconscientes.
Sim, ideologia todo discurso tem. Simplesmente por que as ideologias baseiam o raciocínio humano. Seja qual for. Mesmo que uma pessoa não se identifique com alguma ideia ou conceito, ela, mesmo aí, traz consigo uma série de ideologias subjacentes. Conscientes e, as piores, inconscientes.
Não utilizei, por acaso, na longa
argumentação apresentada anteriormente , ideias reencarnacionistas, por acaso
não utilizei dessa vez, poderia ter usado. Mas quis basear meus s argumentos queriam
ou pretendiam ser em cima da consciência crítica. Tentando pretensiosamente
fazer uma relação entre os novos discursos utilitaristas, forjados pela
sociedade pós-moderna que, baseada no lucro, formata idéias em que o humano tem
valor menor.
Lembrando a eugenia do nazismo e a
Igreja respaldando a escravidão negra colonial. Discursos ditos confiáveis em
suas épocas e utilizados para respaldar ações contra o ser humano. O aborto que
leva a um argumento que tenta dizer que a criança no útero tem menos direitos
do que a criança fora do útero e que já que não se vê a criança ela pode ser
morta, digas os argumentos que quiserem dizer , me parece que fere Estado
democrático de Direito que tem como apanágio o princípio da igualdade e da
justiça que busca dar aos desiguais um tratamento que busque minimizar as discrepâncias
seja no campo dos direitos, seja no campo social.
Quando disse que ao abortista foi dado a
chance de viver, em momento algum estava me referindo a Deus. Mas aos pais dos
abortistas. Eles, os pais, deram essa chance. Estava pensando em mim que quase
fui abortado, e por sorte meu pai soube e "abortou a ideia" de suas
irmãs. Então peço que leia o que escrevi aí em cima, não para concordar nem
nada, mas você verá que não houve um suposto reencarnacionista ou religioso nos
argumentos.
Também não manipulei argumentos
científicos para me dar razão. Eu usei o argumento científico para relatar um
fato simples: Quando a vida humana surge. E o que li e tenho artigos na
scientific american para respaldar é que isso é medido no momento que cessam as
fusões, e mutações celulares. Quando o que está ali é aquilo que sairá, apenas
com a diferença do desenvolvimento embriogênico, mas sem maiores adendos em sua
composição e isso ocorre após o surgimento do embrião.
Como provavelmente vc não leu o longo
texto que escrevi repito, utilizei a argumentação confrontando o utilitarismo.
O NEOLIBERALISMO como forma de conquista
e ascese demarcou um fracasso moral DA pós-modernidade, como modelo para
relações entre seres humanos e não um fracasso da ética NA pós modernidade. Por
que a organização neoliberal da sociedade deixa as pessoas isoladas, egoístas,
indiferentes, agressivas. Em que os atrativos ao lúdico e ao prazer numa
sofreguidão por viver intensamente, no prazer sem fim, num narcisismo que vai
dar lá no aborto como forma de " se livrar" dos transtornos causados
pelos atos inconseqüentes.
Daí o discurso feminista de levar a
questão do aborto como direito que a mulher tem sobre o seu corpo. Um discurso
cínico, pois o corpo da mulher não implica o filho, a criança que está alie tem
como força biológica natural um impulso à vida. Tente parar de respirar que se
entenderá o que quero dizer, o corpo conspira para querer respirar...impulso
para a vida.
O individualismo, construído pelas
exigências neoliberais, jogou o povo que trabalha na situação atual. Para que
as empresas e as elites prosperem mais e mais, todos sofremos as ameaças de um
recrudescimento da selvageria capitalista que havia no início Revolução
Industrial, antes das idéias de Bem Estar Social que distencionaram as relações
entre trabalhador e empregador. Agora, caminhamos para um caminho que se não
for questionado nos levará a o retorno da barbárie nas relações. Isso já ocorre
com o alargamento do número de horas do trabalho na medida em que precisamos
ter mais de um emprego para se manter....
A China, outrora socialista mercadeja
produtos a preço de banana com mão de obra semi escrava. Laissez faire torna as
relações humanas um salve-se quem puder e uma conseqüente busca por prazer como
processo de compensação fugaz, ao sucesso alcançado ou não alcançado ou
impossível de se alcançar, a atividade lúdica se lastreia e se torna uma grande
indústria de consumo movimentando bilhões de dólares e tudo isso , se reflete
no aborto, pois os efeitos do mercantilismo sem peias, em que as mega
organizações elegem os presidentes das nações tem permitido que discursos de
base utilitarista assemelhem-se aos antigos discursos eugênicos que respaldou o
nazismo com "pseudo-ciência".
Ou seja, falácia. O mesmo imperativo
cínico utilizado pela Igreja para dizer que negro não tinha alma e portanto
poderia ser escravizado.
Para respaldar a cultura do prazer, o
aborto é jogado ao campo da defesa religiosa e portanto lá deve ficar
confinado, deixando que os não religiosos façam o que quiser com "o seu
corpo".
O problema do aborto, no entanto, não é
um problema religioso. É um debate da sociedade e deve ser encarado em toda sua
amplitude. Achar que as questões éticas e morais são questões religiosas é
maximizar o alcance das religiões que nem são tão éticas assim....
O argumento aqui é sobre a vida humana.
A vida em sociedade leva a um questionamento constante aos valores que
cultivamos. A existência cobra de nós, a cada minuto uma tomada de posição
seguindo escolha de valores. Não temos como retirar a idéia de valor nas ações
das coisas por que isso na verdade é impossível, os valores estão permeados de
intenções, crenças, metas, condicionamentos, ideologias. Fazer uma crítica aos
valores que desvalorizam o humano é fundamental em uma sociedade em que somos
colocados no papel secundário de : havidos consumidores. Crentes que é uma
livre escolha entre a Tv de 54 polegadas e a TV de 42 polegadas e a TV wifi ou
a Tv 3d...
Todo ser humano em qualquer lugar do
mundo busca realizar um fim, permeado por valores, a crítica ao aborto aqui
feita pretende denunciar o utilitarismo consumista e hedonista como ponta de
lança de um discurso que minimiza o humano em detrimento do prazer.
O problema é, repito: Eu, você e todos
os abortistas nasceram por que nossos pais o permitiram. E, depois que saímos
do útero, mostramos nossa cara lindinha para todos. Dizer que o ser humano só
se torna ser humano quando mostra a cara para o mundo, é sim, uma falácia
cínica inconsistente cientificamente, e isso , nada tem que ver com acreditar
em Deus ou não ou saber que a reencarnação é um fato ou não.
Isso tem a ver com valores humanos
essenciais que não podem se perder devido as pressões mercantilistas da
pós-modernidade. O discurso relativista absoluto é apenas uma forma cínica de
voltarmos À barbárie nas relações em que os vitoriosos classe média deificam a
si mesmos e acabam com mínimas regras morais que balizam as relações sociais em
nome do prazer imediato e desvairado.
Quem não quer ter filhos após uma
relação sexual deve se organizar para isso. Antes. Isso sim deve ser dito. Sexo
pressupõe um mínimo de responsabilidade com seus resultados. E isso não só é
relativo Às questões do prazer, mas também das conseqüências pós relação.
Sonegar essa informação e estimular campanhas pró-aborto é ao meu ver um
caminho fácil e de adesão rápida, mas irresponsável éticamente com relação aos
valores humanos.
Faça sexo sem matar crianças. Simples
assim
Já parou pra pensar
Já nasceu e não foi abortado. Foi dado aos abortistas a chance de viver
para expressar a sua própria opinião. A questão do aborto é simples e passa por
uma questão ética: A mulher e o homem tem direito de matar uma terceira vida?
Por ser essa terceira vida indesejada? esse imperativo ético é a grande
questão. Discutir proibições de bailes funk, infelizmente só desviam da questão
básica: Eu nasci, o abortista nasceu e sobrevivemos. Será que transtorno é um
motivo suficiente para matar? O aborto é uma tendência crescente numa sociedade
em que o lucro, o individualismo e o bem estar pessoal, imediato e exclusivo
são a busca de todos.
Os valores humanos sempre se modificaram ao longo do tempo. A questão
agora é saber: Para onde vai esse discurso hedonista e individualista. Sim o
estímulo que a mídia dá ao sexo é muito grande. Mas o ser humano só faz,
realmente aquilo que quer fazer. Só dá atenção ao que lhe interessa. E o fato é
que sexo dá muito lucro. Seja em forma de consumo direto, filmes, internet,
sexshop, é uma industria que movimenta mais de 1 trilhão de dólares/ano. Numa
sociedade sem peias morais, sem um idealismo teórico, uma utopia ou melhor em
que os ideais espirituais são considerados utopias, a questão dos limites são
questionáveis e não está de todo errado.
Crenças de uns sejam quais forem não podem estabelecer regras com
relação Àqueles que dela não compartilham. O Estado é laico e deve permanecer
para o bem de todos. Mas....
A questão do aborto ultrapassa os limites das ideologias e esbarra na
realidade científica dos fatos. A tecnologia atual nos trouxe a grata
informação. Após a fecundação o que existe ali o ser humano que nós somos. Vida
humana, desprotegida, mas um ser humano. Nomes diferentes servem apenas para
maquiar, acobertar, fugir da realidade: Nenhum discurso falacioso hedonista,
materialista, idealista, feminista que seja, pode ir contra a vida humana. As
crenças destes não podem ter validade ética quando a questão que está em voga é
a vida humana.
A questão é que a gravidez é um transtorno. Que fazer?
Não traz lucro, embaraça minha vida, é inoportuno; para os abortistas a
questão é simples: mata.
É a desvalorização da vida humana. Tão bem trabalhada pelo catolicismo
brasileiro com relação aos negros no Brasil. Tão bem trabalhada pelo sionismo
israelita com relação aos palestinos, tão bem trabalhada pela eugenia americana
com relação aos negros, tão bem trabalhada pelos nazistas com relação aos
judeus na 2º Guerra. Hoje o aborto é o discurso falacioso das meias verdades
cínicas dos que querem o prazer, o lucro e bem estar, sem compromissos com o
coletivo, com o social.
BOm, nem todos concordam com isso e isso independe de ser
reencarnacionista, espírita, ateu, agnóstico, socialista, darwinista,
protestante, budista, etc...A questão é de sensibilidade.
Legitimar uma lei que parte de uma premissa falsa: Meu corpo me
pertence, logo o bebê que ali está não tem direitos, eu é que tenho. Para
referendar a postura cínica da sociedade de que ela não deve ter
responsabilidade pelo seu ato sexual. Pelas consequências do seu ato sexual me
parece um erro, diria eu, eugênico. lembrando os discursos cínicos dos
eugenistas, dos nazistas e dos escravocratas de todos os tempos: Não é um igual
a mim, não tem direitos.
E os discursos utilizados para referendar essa postura cínica vem com
diversos "supostos" que na história conhecemos bem, por suas
capacidades de inventar realidades ou verdades (pseudo): supostos religiosos,
culturais, sociais, políticos, etc...ao longo dos tempos.
Hoje vivemos um momento glorioso em que não só os vencedores da
história, no caso, o capitalismo utilitarista, hedonista e cego, têm o direito
de dizer o que pensa, mas também, os contra a história vencedora, tenham o
nomeou a ideologia que quiserem ter que não aceitam que o imperativo político
-econômico hegemônico atual defina , com todas as falácias possíveis decisões
sobre a vida humana.
Quem deve viver, quem merece
sobreviver a gestação ou não.
Ao feminino
A todos que são e foram mulheres, que a Força da Vida encha vossas almas de Gloriosa inspiração realizadora.
Que as maravilhosas forças arquetipais do Aspecto feminino do Cosmos nos preencham de sublime inspiração, fazendo desabrochar em nós, a clara visão das coisas.
Mulher, te ver para além das formas, rostos , corpos, imposições midiáticas e usos, que todas as nossas ancestrais que nos pariram, que oportunizaram estarmos aqui, sejam abençoadas, com a Força de nossas energias de gratidão.
Que as Forças do Cosmos que é feminino despertem, sensibilizem nosso ser para os ideais de profunda fraternidade.
Oh Mulheres, que nós saibamos te amar, te respeitar, respeitar seu ser, suas decisões, sua liberdade. Que nós, homens, empreendamos a descoisificação de tua imagem e desreprimamos o nosso yin,
caminhando para nossa completude existencial.
violência: o maior desafio do mundo hoje
Por Viviane Mosé
A violência é o maior desafio do mundo hoje.
De um lado, a intolerância, a segregação, o ódio tanto tempo acumulado; de outro, e este é o nosso caso, a cruel desigualdade social, o abismo entre as classes. Tudo isso invade a escola. A sala de aula é um espaço que reproduz o mundo dos alunos, professores, funcionários, vizinhos. Se a violência do mundo já se evidencia nas escolas, mesmo as particulares da Zona Sul do Rio, imaginem uma sala de aula em uma área de conflito armado?
Conheço professores incríveis que optaram por trabalhar em comunidades violentas, para tentar sanar o imenso prejuízo desses alunos, grande parte das vezes empurrados, por total falta de perspectiva, para o crime. Em outras palavras, para a morte. Mas não há muito mais o que fazer por essas escolas, por essas crianças, a não ser lutar, de modo sistemático e preventivo, contra a violência, essa violência tão nossa, causada pelo descaso histórico do poder público com as classes populares, pelo total abandono de territórios hoje dominados pelo crime.
Resolver esse impasse exige um pacto entre todos, afinal o prejuízo daqueles jovens é também o nosso. Isso, de um modo perverso, hoje já sabemos.
[Viviane Mosé para O Globo - 29.11.2015]
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