Total de visualizações de página

domingo, 30 de novembro de 2014

PREVENIR A DIABETES




Juliana Conte


diabete_2


O que é melhor para prevenir o diabetes: evitar comer muito açúcar, ter uma dieta balanceada ou fazer atividade física? Se a primeira opção for a mais correta para você, cuidado. Alguns velhos mitos ainda estão claramente associados à enfermidade, conforme evidencia uma pesquisa inédita realizada pelo Ibope a pedido da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes).

O levantamento, feito com 1.106 pessoas entre homens e mulheres de 18 a 60 anos, em seis capitais do Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre e Recife), mostrou que quase 90% dos entrevistados têm a falsa ideia de que basta evitar o consumo de açúcar (e somente este ingrediente) para se ver livre do diabetes. Na verdade, segundo o endocrinologista Luiz Turatti, vice presidente da SBD, atividade física regular, parar de fumar e dieta adequada é que são os fatores primordiais da prevenção.

“Especificamente, não existe nenhum alimento que programe o desenvolvimento do diabetes. Dieta inadequada, incluindo os açúcares e gorduras, mais sedentarismo, predispõe ao sobrepeso. Esses sim são os grandes vilões”.

“Mesmo entre os pacientes diabéticos, há o mito de que o carboidrato não pode ser ingerido, o que não é real. Eles são importantes em uma dieta, pois fornecem energia ao organismo. Mas o que existem são os carboidratos bons, como uma fatia de pão integral, arroz, legumes ou frutas, por exemplo, e os ruins, como o açúcar refinado, bolachas e pães brancos, que devem ser consumidos com parcimônia”, completa.

No Brasil, o diabetes tipo II já virou uma epidemia que somente no ano passado matou quase 14 milhões de indivíduos. Acomete em especial pessoas obesas com mais de 40 anos, sedentárias e se caracteriza quando a insulina produzida pelas células do pâncreas não é suficiente ou simplesmente não consegue agir de maneira adequada. Com isso, começa a haver acúmulo de glicose (açúcar) na corrente sanguínea.

Ainda de acordo com a pesquisa, somente 30% acreditam que é fundamental fazer atividades físicas diárias para se prevenir e 80% pensam que o peso ideal não tem correlação com a enfermidade.

“A mudança no estilo de vida é fundamental para a prevenção. Praticar exercícios físicos pelo menos três vezes por semana durante 30 minutos é uma arma poderosa, seja você diabético ou não”, destaca Turatti. Outra questão que preocupa os brasileiros é em relação ao tratamento. Mais da metade tem medo e o considera muito complicado, o que não é verdade. “A doença pode muito bem ser controlada com a dobradinha medicamentos mais mudança de hábitos. Não é preciso ter medo do diabetes, e sim aprender a conviver com o problema”.

Diabetes: mude seus valores

Além da divulgação da pesquisa, a SBD lançou oficialmente a campanha “Diabetes: mude seus valores”, que tem como objetivo conscientizar a população de que a doença pode ser prevenida, além de lembrar aqueles que já são portadores que mudanças de hábitos são fundamentais para o sucesso no tratamento. Haverá a distribuição de folders, cartazes e anúncios em diversos estabelecimentos públicos, como aeroportos e estações de metrô, e campanha no meio digital, além de ações diretas voltadas à comunidade. O foco da campanha é atingir principalmente um público que se considera imune à enfermidade: os adultos jovens a partir dos 30 anos.

Saiba como evitar um AVC

 


A maioria dos fatores de risco, como colesterol alto e hipertensão, pode ser controlada

LETÍCIA GONÇALVES 

O AVC é responsável pela morte de cinco milhões de pessoas no mundo a cada ano, de acordo com a OMS. No Brasil, a doença mata mais que o infarto: são mais de 100 mil pessoas por ano, segundo o Ministério da Saúde. Outro dado alarmante é que um em cada seis brasileiros corre risco de sofrer um derrame. 


"Popularmente conhecido como derrame, o acidente vascular cerebral é uma alteração do fluxo de sangue no cérebro, que ocorre por falta ou extravasamento de sangue em alguma região do corpo", explica o neurologista André Lima, do Hospital Barra D'or, especialista em prevenção dessa doença. 

Mas é possível se prevenir de um AVC, já que a maioria dos fatores de risco para o quadro clínico pode ser evitada. "Quanto mais idade a pessoa tiver, maiores são as chances de derrame e, por isso, os cuidados devem ser redobrados", alerta o 

neurologista Maurício Hoshino, do Hospital das Clínicas e Santa Catarina. Conheça esses fatores e saiba como combatê-los, além de ficar atento aos sintomas. 

Colesterol alto


O excesso de colesterol no sangue aumenta o espessamento e endurecimento das artérias. "Placas de colesterol e conteúdos gordurosos se depositam lentamente na artéria, fazendo com que ela se feche aos poucos e impeça a passagem de fluxo sanguíneo", explica Maurício Hoshino. Esse processo provoca arteriosclerose - endurecimento das artérias - e prejudica a oxigenação do cérebro, aumentando o risco de AVC. 


Sedentarismo e obesidade


A prática de exercícios físicos é fundamental para controlar praticamente todos os fatores de risco de AVC. Por outro lado, 


a falta desse hábito e a obesidade só aumentam as chances. "Pressão alta, colesterol elevado, diabetes e doenças cardíacas 


são complicações decorrentes do excesso de peso e precisam ser prevenidas e controladas com bons hábitos, o que inclui 


atividade física regular", alerta Maurício Hoshino.  


Má alimentação


Uma vez que diabetes, colesterol, obesidade e hipertensão aumentam as chances de AVC, todos os cuidados para controlar 


essas doenças servem de prevenção - e a alimentação ganha destaque. Fazer uma dieta balanceada, moderar o consumo de sódio 


(para pressão alta), evitar alimentos ricos em colesterol e gorduras saturadas (frituras), controlar o consumo de açúcar 


(para diabetes) são alguns dos hábitos que devem fazer parte da rotina.



Pressão alta


A pressão alta ocupa o topo do ranking de maiores causas de acidente vascular cerebral. O neurologista André Lima explica que as paredes internas das artérias sofrem traumas por causa do fluxo do sangue mais forte. "Esses traumas formam pequenos ferimentos nas paredes, que podem obstruir a passagem do sangue (AVC isquêmico) ou romper a parede da artéria (AVC hemorrágico)", explica.


 É possível, entretanto, controlar a hipertensão com medicação e hábitos saudáveis, como reduzir o consumo de sal da alimentação e praticar exercícios. 







Excesso de açúcar no sangue


O excesso de glicose no sangue - característica do diabetes - aumenta a coagulação do sangue e o deixa mais viscoso. "Isso diminui o fluxo de sangue das artérias e pode levar a um AVC", conta André Lima. Além disso, é comum que pessoas com diabetes também apresentem sobrepeso, colesterol alto e pressão alta - todos fatores de risco de derrame cerebral. Mas vale lembrar que esses problemas - inclusive diabetes - podem ser controlados com tratamento médico regular e hábitos de vida saudáveis.


Os riscos que a Diabetes Tipo 2 representará em sua vida serão muito importantes para motivá-lo a evitar uma dieta pobre. 


Algumas complicações surgem rapidamente, enquanto outras progridem muito devagar. Os tipos de complicações que podem surgir com a diabetes incluem:

Diminuição do fornecimento de sangue à pele e aos nervos. 

Substâncias gordurosas e manchas de sangue nos vasos sanguíneos 9chamado de Aterosclerose).

Risco aumentado de falha cardíaca e convulsões,cãibras durante caminhadas.


Visão permanentemente prejudicada.


Falha renal (rins).


Danos nos nervos (com dormência, dores e perda de funções).


Inflamação, infecções e pele quebradiça.


Angina (dor cardíaca), etc.


Tabagismo


Substâncias do cigarro fazem com que a coagulação do sangue aumente. Com isso, o sangue fica mais grosso e fluxo nas artérias, por sua vez, fica prejudicado, aumentando as chances de um derrame. "Pessoas que fumam e usam contraceptivos orais têm riscos maiores ainda, pois os hormônios dos anticoncepcionais também interferem na coagulação sanguínea", explica André Lima.  


Doenças do coração


De acordo com o neurologista André Lima, arritmias cardíacas podem formar pequenos coágulos dentro das artérias e veias do coração. "Esses coágulos podem ser enviados às artérias cerebrais, provocando um AVC isquêmico", explica. 

O neurologista Maurício Hoshino, do Hospital das Clínicas, de São Paulo, também lembra que há uma série de problemas do coração que podem atrapalhar o fluxo sanguíneo e aumentar as chances de derrame. "Um deles é o Forame Oval Patente (FOP), uma má formação do coração que atinge 15% da população e faz com que coágulos que deveriam ser filtrados pelo pulmão permaneçam na circulação, aumentando o risco de AVC, inclusive, em jovens", explica.  


Sintomas do AVC


Quem sofrer um AVC do tipo isquêmico (com incidência três vezes maior que o tipo hemorrágico) tem até quatro horas e meia para ser socorrido e reduzir o risco de sequelas ou risco de morte, como explica o neurologista Maurício Hoshino. "É possível perceber os sintomas através da sigla SAMU, que significa dar um Sorriso, para verificar desvios na boca; tentar dar um Abraço, para ver se há dificuldade de levantar os braços e tentar cantar uma Música, para ver se há dificuldade de fala e processamento do cérebro", conta.  

Infelizmente, Hoshino conta que menos de 5% dos pacientes que frequentam o Hospital Santa Catarina e Hospital das Clínicas, onde ele trabalha, chegam antes do período de quatro horas. 



Deus está falando com você


(Prece indígena – tradução e adaptação do livro By San Etioy)




Um homem sussurrou: Deus fale comigo
E um rouxinol começou a cantar
Mas o homem não ouviu

Então o homem repetiu:
Deus fale comigo!
E um trovão ecoou nos céus
Mas o homem foi incapaz de ouvir

O homem olhou em volta e disse:
Deus deixe-me vê-lo
E uma estrela brilhou no céu
Mas o homem não a notou

O homem começou a gritar:
Deus mostre-me um milagre
E uma criança nasceu
Mas o homem não sentiu o pulsar da vida

Então o homem começou a chorar e a se desesperar:
Deus toque-me e deixe-me sentir que você está aqui comigo…
E uma borboleta pousou suavemente em seu ombro
O homem espantou a borboleta com a mão e desiludido continuou o seu caminho triste, sozinho e com medo

Até quando teremos que sofrer para compreendermos que Deus está sempre aonde está a vida?
Até quando manteremos nossos olhos e nossos corações fechados para o milagre da vida que se apresenta diante de nós em todos os momentos??
Para você meu abraço hoje com sabor de… VIDA!!!



sábado, 29 de novembro de 2014

Preservação – distinguindo as dimensões de Verdade e de Amor




...a Verdade não depõe contra o Amor; em realidade, ela é o pano de fundo onde este se faz possível. A Verdade depõe, outrossim, contra o mundo do controle – a compreensível, mas perigosa dimensão de esperar que a realidade toda possa ser reduzida apenas à realidade do Amor.
(...)
Para que um indivíduo se entregue à esperança e não ao desespero, é imprescindível algum nível de integração da realidade da Verdade a do Amor. Como céus e terra que se beijam suavemente no horizonte, a Verdade é irredutível ao Amor, mas a partir de um se pode chegar ao outro. O simples conhecimento da realidade da Verdade não é em si um antídoto para o desespero. Muitas vezes esta dimensão é confundida como sendo a própria dimensão da desordem, do caos. Somente através da integração e incorporação da dimensão da Verdade a nossas vidas como a expressão de uma ordem de natureza distinta, é que se consegue conter o impulso ao desespero. A fé, portanto, não é a capacidade de esperar por aquilo que gostaríamos que acontecesse, mas acima de tudo é a capacidade de integração daquilo que está além de nosso querer. É a quase impossível tarefa de encontrar alegria na concretização daquilo que deve ser. É um nível de entrega que não se alcança através da reflexão, mas através da constante arte de saber honrar e celebrar as perdas e os ganhos da vida. (*Trecho do livro A arte de se salvar, de Nilton Bonder)

Nilton Bonder

A ORIGEM DA VIDA DO SER HUMANO E O ABORTO




Dra. Alice Teixeira Ferreira*

Embriologia quer dizer o estudo dos embriões. Entretanto, refere-se, atualmente, ao estudo do desenvolvimento de embriões e fetos.

Surgiu com o aumento da sensibilidade dos microscópios. Karl Ernst von Baer observou, em 1827, o ovo ou zigoto em divisão na tuba uterina e o blastocisto no útero de animais. Nas suas obras, Ueber Entwicklungsgeschiechteb der Tiere e Beabachtung and Reflexion descreveu os estágios correspondentes do desenvolvimento do embrião. Por isto é chamado de "pai da Embriologia moderna".

Em 1839, Schleiden e Schwan, ao formularem a Teoria Celular, foram responsáveis por grandes avanços da Embriologia. Conforme tal conceito, o corpo é composto por células, o que leva à compreensão de que o embrião se forma a partir de uma ÚNICA célula, o zigoto, que por muitas divisões celulares forma os tecidos e órgãos de todo ser vivo, em particular o humano. Com base nestas evidências experimentais, o Papa Pio IX aceitou a concepção como a origem do ser humano, em 1869. Não se trata, portanto, de um dogma religioso, mas da aceitação de um fato cientificamente comprovado. Para não dizer que se trata de conceitos ultrapassados, pode-se verificar que TODOS os textos de Embriologia Humana consultados, nas suas últimas edições, afirmam que o desenvolvimento humano se inicia quando o ovócito é fertilizado pelo espermatozóide. TODOS afirmam que o desenvolvimento humano é a expressão do fluxo irreversível de eventos biológicos ao longo do tempo, que só pára com a morte. TODOS nós passamos pelas mesmas fases do desenvolvimento intra-uterino: fomos um ovo, uma mórula, um blastocisto, um feto. Em todos os textos, os autores expressam sua admiração de como uma célula, o ovo, dá origem a algo tão complexo como o ser humano. Alguns afirmam tratar-se de um milagre.

Em 2002, na revista Nature, Helen Pearson relata os experimentos de R. Gardener e Magdalena Zernicka-Goetz, onde demonstram que o nosso destino está determinado no primeiro dia, no momento da concepção. Mais recentemente, também na Nature (2005), Y. Sasai descreve os fatores/proteínas que controlam o desenvolvimento do embrião a partir da concepção, descobertos por Dupont e colaboradores. O embriologista Lewis Wolpert chega a afirmar que o momento em que o ovo começa a se dividir é o momento mais importante de nossa vida, mais que o nascimento, casamento ou morte.

Tenta-se atualmente, através de uma retórica ideológica, justificar a morte de embriões e fetos com argumentos despidos de fundamentos científicos, tais como: "Não sabemos quando começa a vida do ser humano". Pelo visto acima, não é verdade. "O embrião humano é um montinho de células". Se fossem células comuns, certos pesquisadores não estariam tão interessados nelas. São tão extraordinárias que dão origem a um indivíduo completo. "O embrião humano não tem cérebro e é comparável à morte cerebral". Comparação absurda, pois a morte cerebral é uma situação irreversível — não há maneira de recuperar os neurônios mortos — e o embrião dispõe das células pluripotentes, que vão originar o cérebro. "O embrião com menos de 14 dias não tem consciência porque não tem tecido neural". Mas este argumento decorre apenas e tão somente da separação entre mente/alma e o corpo operada pela filosofia cartesiana.

PRIMEIRA CONCLUSÃO: O ser humano, desde o ovo até o adulto, passa por diversas fases do desenvolvimento (ontogenia), mas em todas elas trata-se do mesmo indivíduo que, continuamente, se auto-constrói e se auto-organiza. Por ser o ciclo do desenvolvimento humano relativamente longo, podemos perder a visão do todo, fixando-nos em suas partes. Daí o surgimento de estatutos que regulam fases da vida humana: o das crianças e adolescentes e o dos idosos. Torna-se necessário agora o "Estatuto dos Embriões e Fetos" ou o "Estatuto do Nascituro", para evitar que os mesmos sejam assassinados por qualquer motivo. 

Alguns utilitaristas, frente à realidade destes fatos, passam agora à sociedade a responsabilidade de decidir sobre a morte do embrião e fetos humanos, já que são aceitos transplantes de órgãos de um indivíduo com morte encefálica. Contrapondo, há católicos, evangélicos, espíritas, budistas que, por motivação religiosa, têm a obrigação de se colocarem em defesa de uma população tão vulnerável como a dos nascituros, em defesa, enfim, da dignidade humana.

Assim, ser a favor da descriminalização do aborto equivale a ser conivente com o assassinato de embriões e fetos que, como vimos, já são vidas humanas. E, com isso, não há como concordar.

Atualmente, não se discute a realidade dos fatos biologicamente comprovados. Aceita-se que se está matando um ser humano através do aborto. Buscam agora justificativas "sociais" e para isto dão números falsos: O DataSUS relata 115 mortes de mulheres em 2004, no Brasil, causadas por aborto (a pesquisa não especifica se foram abortos provocados, ilegais, etc.). São enganosas as estatísticas de milhões de mortes referidas pelos que são favoráveis ao aborto.

Com relação às mulheres grávidas pobres das favelas de São Paulo, e principalmente as adolescentes, quando entrevistadas, afirmaram que seus filhos são desejados, recusaram o aborto. Querem atendimento médico e melhores condições de vida para criar seus filhos.

Ao precário atendimento do SUS quer se acrescentar o aborto. Nesta fila de espera, a gestante que deseja abortar poderá dar à luz a criança quando chegar a sua vez de ser atendida. Além disso, com tantos problemas de saúde mal atendidos ou mal resolvidos pelo SUS, não há sentido em priorizar o aborto, como querem as feministas.

Quanto às vítimas de estupro, que já sofreram um ato de grande violência, não tem cabimento se propor outro ato de igual violência, como o aborto. Num levantamento realizado em 2004 na UNIFESP, verificou-se que 80% destas mulheres grávidas por estupro se recusaram a abortar, e estão contentes com os filhos, enquanto que as 20% que realizaram o aborto estão arrependidas.

SEGUNDA CONCLUSÃO: Não há justificativas, seja éticas, seja científicas ou sociais, para se legalizar este proposto holocausto em nosso país.

* Dra. Alice Teixeira Ferreira

Médica formada em 1967 na Escola Paulista de Medicina, Livre Docente de Biofísica e coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Bioética da UNIFESP.

Aborto - Visão Científica e Espiritual



Aborto - Visão Científica e Espiritual
1. O direito do ser humano à vida é um direito indisponível, desde a concepção, a partir do momento em que o espermatozóide penetra no óvulo, fertilizando-o.

Esse direito é defensável cientificamente, tanto no campo do Direito quanto no âmbito da Medicina.

Essa posição da Ciência é coincidente com a dos Espíritos reveladores, quando, em O Livro dos Espíritos, responderam à pergunta 358:

"Constitui crime a provocação do aborto, em qualquer período da gestação?

"Há crime sempre que transgredis a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando."

No que respeita à ligação do Espírito ao corpo, em nova encarnação, quando se inicia, de fato, uma nova existência física, na Terra, a resposta à questão 344, de O Livro dos Espíritos, é incisiva:

"Em que momento a alma se une ao corpo?

"A união começa na concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento. Desde o instante da concepção, o Espírito designado a habitar certo corpo a este se liga por um laço fluídico, que cada vez mais se vai apertando até ao instante em que a criança vê a luz [...]."

O art. 5o, caput, do cap. I, dos Direitos e Garantias Individuais, da Constituição Federal de 1988, inscreve o cânone da "inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade [...]", que, ipso facto, estende-se, sem dúvida, ao nascituro. Isso significa que a Constituição vigente revogou a legislação ordinária (Código Penal) quanto à descriminação do aborto provocado nos casos previstos. Essa exegese é partilhada por Ives Gandra da Silva Martins, dos mais renomados constitucionalistas pátrios, que assevera: "A lei penal, que permitia o aborto em duas hipóteses (estupro e perigo de vida para a mãe) não foi recepcionada pela Constituição de 1988". Comunga também da mesma opinião Zalmino Zimmermann, presidente da Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas (Abrame), em trabalho jurídico elaborado a pedido da Federação Espírita Brasileira (FEB) e distribuído a todos os magistrados brasileiros[1]. E está com a razão ao
asseverar, quanto à legalização do aborto no Brasil: "Só restaria a hipótese de uma emenda constitucional". E acrescenta:

"Todavia, o art. 60, § 4o, da Constituição, impede totalmente a deliberação em torno de qualquer proposta de emenda tendente a abolir ‘os direitos e garantias individuais’", citando Ives Gandra, mais uma vez, quando este proclama que o nascituro "não pode ser condenado à morte por lei ordinária".

2.No que tange às razões médico- científicas, Marlene Rossi Severino Nobre, presidente da Associação Médico-Espírita do Brasil (AME-Brasil), em trabalho do gênero, elaborado também a pedido da FEB e que fora, por sua vez, encaminhado a todos os magistrados do Brasil, demonstra o anticientificismo do aborto, mesmo tratando-se do anencéfalo, citando cientistas de nomeada, em nações consideradas muito civilizadas[2], Assinala, em seu trabalho, uma espécie de síntese de seu livro O Clamor da Vida[3], que nossa caminhada evolutiva, desde o princípio, através dos ciclos planetários, até ao advento da razão, ascende à cifra ciclópica de 3 bilhões e 800 milhões de anos, segundo dados da Ciência (Geologia, Biologia, Paleontologia, etc.) .Acrescenta, depois, que no zigoto ou célula-ovo (o óvulo depois de fertilizado) estão os germens de sua evolução fisiológica, até que ocorra o nascimento, repetindo, na gestação, por via da ontogênese, toda a sua evolução
filogenética de bilhões de anos. Daí poder-se afirmar que "a ontogênese recapitula a filogênese".

No livro citado, à página 126, diz Marlene Nobre:

"Do zigoto ao feto, o ser parte de uma única célula, para a extraordinária complexidade multicelular do surpreendente recém-nascido, passando, nas primeiras semanas do desenvolvimento embrionário, por todas as etapas principais que atravessou: ser unicelular, peixe, anfíbio, réptil, ave, e, finalmente, mamífero superior."

É preciso que fique claro que, à luz da revelação espírita, a evolução do ser se processa nos dois planos, físico e extrafísico, em obediência a um Planejamento Inteligente.

O corpo espiritual, ou perispírito, funciona como um depósito psíquico, na infinda caminhada evolutiva do ser, arquivando o acervo arquimilenar das experiências adquiridas, refletindo, relativamente, no corpo físico, toda vez que o Espírito retoma a existência corpórea. Assim, toda a embriogênese obedece ao molde do Espírito - o perispírito. De estrutura tridimensional, nele está registrada a súmula das fases evolutivas pelas quais transitou a espécie, no passado, até chegar
à época atual. Na verdade, é o perispírito que guarda a forma específica de cada ser. É esta, noutras palavras, a lição do prof. Hernane Guimarães Andrade, de saudosa memória, que preleciona:

"Ao efetuar sua ligação com o ovo - organismo monocelular - o MOB [Modelo Organizador Biológico] inicia a recapitulação da

história de sua espécie, nele gravada em forma de estruturas espaço-tempo sucessivas. A estrutura espaço-tempo total do MOB apresenta uma organização definida e característica para cada espécie viva[4]."

No mesmo sentido, André Luiz, em Evolução em Dois Mundos[5], informa:

"É assim que dos organismos monocelulares aos organismos complexos, em que a inteligência disciplina as células, colocando-as a seu serviço, o ser viaja no rumo da elevada destinação que lhe foi traçada no Plano Superior, tecendo com os fios da experiência a túnica da própria exteriorização, segundo o molde mental que traz consigo [...]."

Na visão espírita, os argumentos de cunho científico e filosófico, somando- se ao sentimento de amor e solidariedade universais (Religião no sentido cósmico), revigoram a convicção de que o aborto, em qualquer das alternativas, é crime, crime hediondo, contra quem não tem como se defender.

Realizado o aborto, mesmo no caso de pretensa permissão legal, o Espírito reencarnante, revoltado pela perda da oportunidade de retornar à liça da experiência física, que lhe seria tão útil e necessária, pode voltar-se, odioso, contra a mãe e todos os partícipes da interrupção da gravidez. Daí Emmanuel dizer:

"Admitimos seja suficiente breve meditação, em torno do aborto delituoso, para reconhecermos nele um dos grandes fornecedores das moléstias de etiologia obscura e das obsessões catalogáveis na patologia da mente, ocupando vastos

departamentos de hospitais e prisões[6]."

REFERÊNCIAS

[1] O Direito à Vida no Ordenamento Jurídico Brasileiro - Abrame.

[2] A Vida contra o Aborto - AME-Brasil.

[3] O Clamor da Vida. Editora e Gráfica Vida & Consciência, 2000.

[4] ANDRADE, Hernane G. Espírito, perispírito e alma. Cap. IX, p. 216-217.

[5] XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Evolução em dois mundos. Pelo Espírito André Luiz. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB,

2007. Cap. "Evolução e corpo espiritual", item Evolução no tempo, p. 42.

[6] XAVIER, Francisco C. Vida e sexo. Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 17, p. 76.

Weimar Muniz de Oliveira. Reformador de Março de 2008.

Suicídio: prevenção possível em 90% dos casos



por André Trigueiro

Prevenção de doenças se faz com informação. E que o que vale para dengue, AIDS, câncer de mama, tuberculose e hanseníase vale também para suicídio. Em 90% dos casos, os casos oficialmente registrados de suicídio estão relacionados a transtornos mentais como depressão, reações ao uso de drogas lícitas ou ilícitas, esquizofrenia, transtornos de personalidade e outros males que podem ser tratados se houver diagnóstico e acompanhamento médico. O apoio de familiares e amigos é considerado fundamental.

O assunto merece atenção porque tanto no Brasil quanto no mundo, suicídio é caso de saúde pública. Quando a Organização Mundial de Saúde revelou que aproximadamente três mil pessoas se matam por dia; que esse número cresceu 60% nos últimos cinquenta anos, especialmente nos países em desenvolvimento; e que o suicídio já é uma das três principais causas de morte entre os jovens e adultos de 15 a 34 anos, poucos veículos de comunicação se interessaram em abrir espaço para essas informações.

Talvez tenha prevalecido a tese de que qualquer menção ao suicídio na mídia possa fomentar a ocorrência de novos casos. O risco de fato existe quando se explora o assunto de forma sensacionalista, dando visibilidade a detalhes mórbidos que possam inspirar a repetição do gesto fatal. Mas a própria OMS recomenda enfaticamente a veiculação através da mídia de informações que ajudem na prevenção do suicídio. "A disseminação de informação educativa é elemento essencial para os programas de prevenção; nesse sentido, a imprensa tem um papel relevante", é o que se lê na apresentação do manual de prevenção do suicídio dirigido aos profissionais de imprensa pelo Ministério da Saúde em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde.

E quais são as informações relevantes que precisam ter mais espaço na mídia? Além do fato de que o suicídio é prevenível na maioria absoluta dos casos, é igualmente importante reconhecer as circunstâncias em que há "risco de suicídio", principalmente quando a pessoa verbaliza o desejo de se matar − nesses casos os profissionais de saúde informam que a maioria das pessoas que tiraram a própria vida comunicou a intenção previamente − ou quando apresenta os sintomas de depressão, que, nas manifestações mais graves, requer cuidados redobrados. No enfrentamento da depressão, estima-se que dois terços das pessoas tratadas respondem satisfatoriamente ao primeiro antidepressivo prescrito.

Embora este seja um assunto ausente na mídia, estima-se que ocorram 24 casos por dia no Brasil. Aqui ainda se registram taxas pequenas em relação a outros países (3,9 a 4,5 para cada cem mil habitantes), mas em números absolutos já estamos entre os dez países do mundo onde ocorrem mais suicídios (aproximadamente oito mil casos por ano), uma quantidade certamente bem superior, considerando que muitos atestados de óbito omitem a intenção do suicídio em mortes oficialmente causadas por acidentes de trânsito, overdose, quedas etc. Há outros números que deveriam justificar uma preocupação maior da sociedade em relação ao problema: as tentativas de suicídio ocorrem numa proporção pelo menos dez vezes superior ao dos casos consumados e para cada suicídio, há em média cinco ou seis pessoas próximas ao falecido que sofrem consequências emocionais, sociais e econômicas.

Omitir essas informações da sociedade significa esconder a sujeira debaixo do tapete e fingir que o problema não existe. Se prevenção se faz com informação, é preciso enfrentar com coragem o tabu que envolve o suicídio. Tão importante quanto rastrear as causas desse problema de saúde pública − incentivando a realização de pesquisas, seminários e congressos científicos − é apoiar e divulgar o trabalho realizado nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do Ministério da Saúde espalhados por todo o país (informações através DISQUE SAÚDE: 0800 61 1997) e também pelas redes de proteção que trabalham em favor da vida, como é o caso dos grupos de apoio que reúnem os "sobreviventes de si mesmo", aqueles que tentaram, mas não conseguiram se matar; familiares e amigos de suicidas que compartilham suas experiências em dinâmicas de grupo conduzidas por terapeutas; e organizações voluntárias que realizam gratuitamente um serviço de apoio emocional e prevenção do suicídio por telefone como é o caso do Centro de Valorização da Vida (CVV) pelo número 141.  https://www.facebook.com/issomefazseguir

Para saber mais:

Suicídio: uma morte evitável (Ed. Atheneu; Henrique Côrrea e Sérgio Perez Barrero)
O suicídio (Ed. Martin Claret; Emile Durkheim)
Tentativa de suicídio - Um prisma para compreensão da adolescência (Ed. Revinter; Enio Resmini)
Comportamento suicida (Ed. Artmed; Blanca Guevara Werlang; Neury Botega)
O demônio do meio-dia - Uma anatomia da depressão (Ed. Objetiva; Andrew Solomon)

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Ave, Cristo, ontem e hoje.

Personagens do livro, renasceram no século XX. Auxiliando na construção do mundo novo.


Personagens do livro:

Basílio - Emmanuel

Lívia   -  Chico Xavier

Taciano  - Arnaldo Rocha

Apio Corvino - Bezerra de menezes

Quinto Varro - S. Pedro de Alcântara

Rufo - Eurípedes Barsanulfo


Quinto Varro é Pedro de Alcântara. BEzerra é Apio CUrvino



No livro de Clóvis Tavares 30 anos com Chico Xavier, ele queprivou da amizade de Chico afirmava que Quinto Varro era Pedro de Alcântara. Sabendo da autoridade moral de Clóvis Tavares e da amizade e privacidade que teve com Chico Xavier, fiquei triste ao ver desde os anos 90, Divasldo informando algo o contrário, disseminando no movimento espírita, a ideia de que Quinto Varro seria Bezerra de Menezes. PEla primeira vez havia uma contradição entre o que Chico teria dito e Divaldo, por que nunca duvidei de que Clóvis Tavares escreveria algo que não tivesse de fato ouvido do próprio Chico. Eu não sei quantas vezes o Divaldo afirmou isso, mas eu mesmo o ouvi afirmar tal coisa em palestra aqui no Rio.

Agora soube que outra pessoa que privou de GRANDE amizade com Chico Xavier e que sobretudo, do livro Ave Cristo conhece o "quem foi quem", por ter sido ele, um dos personagens principais do livro , Arnaldo Rocha que foi a encarnação de Taciano, personagem do livro, confirma Clóvis Tavares.

Ele, Arnaldo Rocha, mais do que ninguém sabe quem foi a alma que o resgatou das trevas da ignorância.

E, Arnaldo Rocha afirma que QUINTO VARRO FOI PEDRO DE ALCÂNTARA, CONHECIDO NOS MEIOS CATÓLICOS COMO SÃO PEDRO DE ALCÂNTARA. BEZERRA DE MENEZES FOI ÁPIO CURVINO, QUE INSPIROU VARRO NA TERRA.

 Fiquei  feliz em saber que Divaldo P. Franco  afirma que não obteve tal informação por via mediúnica, mas pelo amigo Jô, que deve ter feito a  confusão com o fato de que QUinto Varro assumiu num dado momento o nome de Apio Corvino no livro, homenageando o grande apóstolo, e Ápio foi Dr. Bezerra de Menezes, confundiu-se os dados….

E fiquei feliz com sua humildade e desapego ao deixar claro que não obteve tal informação por via mediúnica, mas por terceiros. Retratando-se e também achando mais coerente que Dr. Bezerra fosse Apio Curvino.

Agradeço a Francisco Carlos da Silva  da União Espírita Mineira por ter feito essa pergunta ao nosso querido Divaldo. Essa informação deveria ser mais divulgada, por que está disseminada a ideia falsa no movimento espírita de que Dr. Bezerra seria Quinto Varro. Dr. Bezerra foi Apio Curvino, também personagem do livro, Quinto Varro reencarnou-se séculos depois como São Pedro de Alcântara, na Espanha.

Reproduzo abaixo a entrevista em que Divaldo deixa claro que mudou de opinião:


Queridos amigos Jesus sempre! Atendendo uma indação registrada neste blog , enviada pelo nosso Francisco Carlos da Silva, fomos brindados pelo  oportuno e bendito esclarecimento do nobre tribuno Divaldo Pereira Franco. A publicação deste depoimento histórico objetiva ressaltar o cuidado e a seriedade que procuramos ter com os nossos estudos neste espaço cristão, além de manter a credibilidade que respalda as ações no Bem.  Abaixo transcreveremos a pergunta do Francisco e a resposta de Divaldo Franco.

Sobre a duvida, se Quinto Varro reencarnou como Pedro de Alcântara, como afirma Arnaldo Rocha, ou como Bezerra Menezes, como afirma Divaldo Franco (ver comentario em  neste blog de 30-05-2012, sem resposta ), gostaria de saber se a algum registro que comprove a afirmativa do nosso irmão Arnaldo, pois estamos diante de dois irmão muito respeitados, e esta dúvida é extremamente desagradavel, e mesmo coloca em dúvida a mediunidade do nosso irmão amado Divaldo. que por duas vezes que eu saiba afirma que Quinto Varro é uma das encarnações do amigo Bezerra. Afirmativa esta que conta com o apoio de vários amigos de credibilidade no movimento espirita, tais como Jorge Damas, Newton Borchat.  Se possivel me mandar uma resposta lhe ficaria muito grato, pois tenho uma palestra sobre A casa dos beneficios, que esta vinculada a Bezerra de Menezes e suas reencarnações, e não gostaria de dar informações erroneas aos irmãos.

Grato, e que Jesus estaje sempre contigo.

Francisco Carlos da Silva

Resposta:
Em realidade, a informação que passei em torno do tema, não é de natureza mediúnica de minha parte, nem me foi apresentada pelo venerando Chico.

Historiando: havendo sido muito amigo de Joaquim Alves – o Jô – que teria sido o meninozinho Silvano, vítima dos cães que Taciano mandou o servo atiçar nos pequeninos que foram visitá-lo, no momento em que orava o Pai Nosso, ante o olhar terno do paizinho (de Taciano e espiritual da criancinha), informação essa que lhe teria sido transmitida pelo próprio Emmanuel através do Chico, numa ocasião, quando conversando comigo sobre outras personagens do livro AVE CRISTO, elucidou-me que Quinto Varro se reencarnaria mais tarde no Brasil como dr. Bezerra de Menezes. Penso que, três vezes apenas, em palestras públicas repeti a informação.

Evito, quanto possível, essas referências, pela dificuldade de poder comprovar a revelação, exceto, quando dispondo apenas da palavra nobre do informante…

Posteriormente, conversando com Arnaldo, ele explicou-me que havia um equívoco na informação do Jo e que dr. Bezerra teria sido Apio Corvino, segundo revelação do apóstolo Xavier, o que me pareceu mais coerente, face à sua abnegação e caridade desde aquela época…
A partir de então, não mais referi-me ao assunto, evitando, inclusive, notícias outras sobre reencarnações não documentadas.
Desse modo, podendo esclarecer a ocorrência, face à solicitação do nosso caro irmão Francisco Carlos da Silva, agradeço sinceramente. Sempre às ordens, o servidor em Jesus.
Divaldo

sábado, 15 de novembro de 2014

SERVIÇO DE NEGRO





Um garoto  negro  termina  um  serviço  que  lhe  havia  sido solicitado e, orgulhosamente, garante ter feito “serviço de branco”. Várias  moças  respondem  a  anúncio  para  secretária;  algumas perguntam se podem ser entrevistadas, “mesmo sendo negras”. Ser negro  ou  mulato  e  caminhar  pela  cidade  é  considerado  “atitude suspeita” por muitos policiais. Como dizia um conhecido – para meu horror  e  indiferença  dos  demais  participantes  da  conversa:  “Não tenho nada  contra  o negro ou nordestino,  desde  que  saibam  seu lugar”. E esse lugar, claro, é uma posição subalterna na sociedade.

Numa sociedade competitiva como a nossa o ato de etiquetar o outro  como  diferente  e  inferior  tem  por  função  definir-nos,  por comparação, como superiores. Atribuir características negativas aos que nos cercam significa  ressaltar as nossas qualidades, reais ou

imaginárias. Quando passamos da ideia à ação, isto é, quando não apenas dizemos que o outro é inferior, mas agimos como se de fato ele o fosse, estamos discriminando as pessoas e os grupos por conta de uma característica que atribuímos a eles.

De uma forma mais precisa podemos dizer que o discurso preconceituoso procura enquadrar as diferentes minorias, a partir de um pré-julgamento decorrente da generalização não demonstrada. Mas isso não importa à pessoa preconceituosa. Afirmações do tipo “os portugueses são burros”, “os italianos são grossos”, “os árabes, desonestos”, “os judeus, sovinas”,  “os negros, inferiores”, “os nordestinos, atrasados”, e assim por diante, têm a função de contrapor o autor da afirmativa  como a negação, o oposto das  características  atribuídas  ao  membro  da  minoria.  Assim, o preconceituoso, não sendo português, considera-se inteligente; não sendo italiano, acredita-se fino; não sendo árabe, julga-se honesto; não sendo judeu, se crê generoso. É convicto de sua superioridade racial, por não ser negro, e de sua superioridade cultural por não ser nordestino.

É  importante  notar  que,  a  partir  de  uma  generalização,  o preconceito enquadra toda uma minoria. Assim, por exemplo, “todos” os negros seriam inferiores, não só alguns. A inferioridade passaria a ser uma característica “racial” inerente a todos os negros. [...] E o preconceito é tão forte que acaba assimilado pela própria vítima. É o caso do garoto que garantiu ter feito “serviço de branco”. Ou do imigrante que nega sua origem. Ou, ainda, da mulher que reconhece sua “inferioridade”.

Quando se fala de minorias tem sempre um gaiato que diz que minorias são maioria, pois se somarmos as mulheres aos negros, aos imigrantes e aos outros já teríamos uma ampla maioria. Teríamos, sim, se estivéssemos falando de matemática e não de preconceito. [...] É evidente que o total de pessoas atingidas pelo preconceito constitui a maioria numérica da sociedade, principalmente se nela incluirmos as mulheres, ainda fruto de preconceitos machistas elementares (“mulher não sabe dirigir”, “mulher é objeto”, são apenas alguns dos mais correntes). Se somarmos as mulheres aos negros, aos nordestinos e descendentes de algumas nacionalidades já mencionadas, as “minorias” se transformarão numa esmagadora maioria.

Seria, pois, errado falar em minorias? Não, uma vez que o conceito de minoria é ideológico, socialmente elaborado e não aritmeticamente constituído. Isto quer dizer que o negro de que se fala não é o negro concreto, palpável, mas aquele que está na cabeça do preconceituoso. E isso tem raízes históricas profundas.

[...]

(Jaime Pinsk – 12 faces do preconceito. São Paulo: Contexto, 2000)