"Não surpreende que os que lamentem sejam os ouvintes de música clássica. Mas quem vai mais sofrer é quem nem sabe que algo foi de si retirado."
A rádio MEC e o SEU cadáver
Depois de cadernos de cultura e literatura serem eliminados de jornais, agora essa história da Rádio MEC.
Vamos repetir uma verdade difícil de ser aceita pela maioria. Digamos que você é uns dos que diz que não gosta de música clássica, ou até gosta um pouco, mas nunca ouve. Isso acontece simplesmente pelo mesmo motivo porque você, quando criança, não gostava de estudar português ou tabuada. É um tipo de arte não não atrai imediatamente, logo, não se trata simplesmente de experimentar ouvir um minuto e ver se agrada. Se você não teve estímulo e educação para ouvir (e quem teve isso na vida?), ou, como foi o meu caso e de muitos amigos, se você não se esforçou, por si mesmo, para ouvir, você não vai gostar nunca.
Mas possivelmente você já se esforçou por muita coisa na vida, não vai fazer mais isso. Ok. Então você precisaria do estímulo, da ocasião, no mínimo de uma rádio que sempre tocasse esse tipo de música, uma entre as dezenas que tocam tudo menos isso e, num dia que você tivesse mais disposição, poderia colocar e experimentar uma audição. Essa rádio não pode, evidentemente, ser privada, tem de ser do governo. Mas e se o governo resolve, primeiro, sucatear a rádio e, depois, eliminá-la, como faz com tudo o que deveria funcionar para saúde, educação e qualidade de vida?
Aí você nunca vai saber o que é ouvir uma música de outra época. Você vai ouvir, a vida inteira, músicas da velha mesmice do seu presente, até virar cadáver. Cadáver, que nem a rádio MEC.
Eduardo Guerreiro Losso.
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/a_radio_mec_nao_acabara
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