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quinta-feira, 27 de setembro de 2007
zen
Zen
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Dosho Saikawa Roshi da Escola Soto Zen, localizado na cidade de São Paulo.Zen é o nome
japonês de um ramo do Budismo Mahayana, praticado sobretudo na China, Japão, Vietnam e
Coréia. A prática básica do Zen é o Zazen, um tipo de meditação contemplativa que visa a
levar o praticante à "experiência direta da realidade".
No Zen japonês há duas vertentes principais: Soto e Rinzai. Enquanto a escola Soto dá maior
ênfase à meditação silenciosa, a escola Rinzai faz amplo uso dos koans. Atualmente, o Zen é
uma das escolas budistas mais conhecidas e de maior expansão no Ocidente.
Como todas as escolas budistas, o Zen remete suas raízes ao budismo indiano. A palavra zen
vem do termo sânscrito dhyana, que denota o estado de concentração típico da prática
meditativa. Na China, esse termo foi transliterado como channa, e logo reduzido à sua forma
mais curta, chan (禪). Daí para o coreano como sŏn (선), e finalmente para o japonês como zen.
Segundo os relatos tradicionais, o estilo de prática Zen foi levado da Índia à China pelo
monge indiano Bodhidharma (em japonês, Daruma), por volta do ano 520 d.C. Embora a
historicidade desse relato tenha sido colocada em dúvida por estudiosos modernos, a história
(ou lenda) de Bodhidharma é a metáfora fundamental do Zen sobre o cerne de sua prática.
Segundo conta o Registro da Transmissão da Lâmpada, um dos mais antigos textos do Zen,
Bodhidharma chegou à China pelo território da Dinastia Liang e, devido à sua fama de sábio,
foi imediatamente convocado à corte do famoso Imperador Wu. O imperador, que havia apoiado
enormemente o budismo na China, perguntou a Bodhidharma sobre o mérito que havia ganhado por
apoiar o budismo, esperando que esse mérito lhe garantisse uma boa vida em sua encarnação
seguinte. Bodhidharma, porém, respondeu: "Nenhum mérito". O imperador, enraivecido,
perguntou então: "Quem é esse que está diante de mim?" (em linguagem atual, algo como "Quem
você pensa que é?") Bodhidharma respondeu: "Não sei". Aturdido, o imperador concluiu que
Bodhidharma devia ser louco, e o expulsou da corte. Outras pessoas, porém, ficaram
intrigadas com sua resposta e o seguiram até a caverna aonde ele havia ido viver. Lá, se
tornaram seus discípulos, e descobriram que Bodhidharma era o herdeiro espiritual de
Mahakashyapa, um dos grandes discípulos de Buda.
De acordo com os ensinamentos tradicionais, Bodhidharma não sabia responder porque sua
verdadeira natureza, assim como a verdadeira natureza de todas as coisas, estava além do
conhecimento discursivo, de definições e de palavras. É a esta experiência direta da
realidade que aspira o Zen.
Mahakashyapa, de quem Bodhidharma era herdeiro espiritual e sucessor, havia ele mesmo tido
essa experiência, e se iluminado. Segundos os sutras, Mahakashyapa foi o único discípulo de
Buda a compreender seu Discurso do Lótus, em que Buda, sem dizer nada, apenas levantou uma
flor. Era a realidade imediata, além das palavras.
Depois de treinar seus discípulos por muitos anos, Bodhidharma morreu, deixando seu aluno
Huike (em japonês, Daiso Eka) como sucessor. Huike foi o Segundo Patriarca do Zen, e também
deixou uma linha de sucessão da qual pouco se sabe, até chegar a Huineng (em japonês, Daikan
Eno, 638-713), o Sexto e último Patriarca. Huineng, um dos maiores mestres da história do
Zen, participou de uma famosa disputa quando sucedeu seu mestre: um grupo de monges
recusava-se a aceitá-lo como patriarca, e propunha outro praticante, Shenxiu, em seu lugar.
Sob ameaças, Huineng foi obrigado a fugir para um templo no sul da China; no final, apoiado
pela maioria dos monges, foi reconhecido como patriarca.
Algumas décadas depois, porém, a contenda foi ressucitada. Um grupo de monges, dizendo-se
sucessor de Shenxiu, enfrentou um outro grupo, a Escola do Sul, que se apresentava como
sucessora de Huineng. Depois de debates acalorados, a Escola do Sul acabou prevalecendo, e
seus rivais desapareceram. Os registros dessa disputa são os mais antigos documentos
históricos fiéis sobre a escola Zen de que dispomos hoje.
Mais tarde, monges coreanos foram à China para estudar as práticas da escola de Bodhidharma.
Quando chegaram, o que encontraram foi uma escola que já havia desenvolvido identidade
própria, com fortes influências do Taoísmo, e que já era conhecida pelo nome Chan. Com o
tempo, o Chan acabou se estabelecendo na Coréia, onde recebeu o nome Seon.
Da mesma forma, monges chegavam de outros países da Ásia para estudar o Chan, e a escola foi
se espalhando pelos países vizinhos. No Vietnã, recebeu o nome Thien, e, no Japão, ficou
conhecida como Zen. Através da história, essas escolas cresceram de maneira independente,
tendo desenvolvido identidades próprias e características bastante diferentes umas das
outras.
[editar] Zazen
Para o Zen, experimentar a realidade diretamente é experimentar o nirvana. Para experimentar
a realidade diretamente, é preciso desapegar-se de palavras, conceitos e discursos. E, para
desapegar-se disso, é preciso meditar. Por isso, o zazen ("meditação sentada") é a prática
fundamental do Zen.
Ao meditar, o praticante senta-se sobre uma pequena almofada redonda (o zafu) e assume a
postura de lótus, a postura de meio lótus, a postura burmanesa ou a postura de seiza. Unindo
as mãos um pouco abaixo do umbigo (fazendo o mudra cósmico), ele semicerra suas pálpebras,
pousando a vista cerca de um metro à sua frente. Na escola Rinzai, os praticantes sentam-se
virados para o centro da sala. Na escola Soto, sentam-se virados para a parede.
Então o praticante "segue sua respiração", contando cada ciclo de inspiração e expiração,
até chegar a dez. Então o ciclo recomeça. Enquanto isso, sua única tarefa é manter uma mente
relaxada, aberta, concentrada mas sem tensão, e estar presente no "agora" do momento, sem se
deixar levar por pensamentos ou ruminações. Quando isso acontece, ele volta a se concentrar
na contagem. Os praticantes mais experientes, cujo poder de concentração (samadhi) é maior,
podem abster-se de contar ou seguir sua respiração. Fazendo assim, eles estarão praticando o
tipo de zazen chamado shikantaza, "apenas sentar-se".
A duração de um período de meditação varia de acordo com a escola. Embora o período
tradicional de meditação seja o tempo que uma vareta de incenso leva para queimar (de 35 a
40 minutos), escolas como a Sanbo Kyodan recomendam a seus alunos que não meditem por mais
de 25 minutos por vez, pois a meditação pode tornar-se inerte. Na maioria das escolas,
porém, os monges rotineiramente meditam entre quatro e seis períodos de 30-40 minutos todos
os dias. Quanto a leigos, o mestre Dogen dizia que cinco minutos diários já eram benéficos
-- o que importa é a constância.
Durante os retiros (sesshins) mensais, porém, as atividades são intensificadas. Com duração
de um, três, cinco ou sete dias, a rotina dos retiros prevê de nove a 12 períodos de 30-40
minutos por dia, ou até mais. Entre cada período de zazen, os praticantes "descansam"
fazendo kinhin (meditação andando).
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