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sexta-feira, 18 de julho de 2014

Breve reflexão sobre a crença na vida após a morte

por Maurício Abdalla

Acredito firmemente que há vida após a morte. Isso, porém, não passa de uma crença, mesmo que justificada por um conjunto de outras crenças e sustentada em outras firmes convicções. Há, no entanto, os que não creem em vida pós-morte e pensam que a morte é o fim absoluto. Estes também sustentam nada mais que uma crença, sustentada em outras crenças e algumas convicções. Não há elemento racional e objetivo que defina a questão a favor de uma ou outra crença, pois não há relação possível entre nosso conhecimento e a realidade pós-morte. Trata-se, por princípio, de uma questão irrespondível e inalcançável no plano racional. Qualquer discussão a esse respeito é um confronto entre crenças.

Contudo, sob o aspecto pragmático, a crença na vida após a morte pode apresentar algumas vantagens. Ajuda a afastar o medo do fim absoluto, contribui para a coragem da entrega a uma causa que possa lhe custara vida, proporciona a superação do caráter trágico e lúgubre da própria morte ou a de pessoas próximas e pode dar à vida um sentido mais transcendente. Por que razão eu abriria mão de uma crença vantajosa por uma que não a supera em termos de objetividade e racionalidade?

Além disso, a crença na vida após a morte é a única que pode ser confirmada no nosso futuro individual. A crença no fim absoluto, por princípio, só pode vir a ser frustrada. Pois, se creio que há vida pós-morte e ela realmente existir, confirmarei minha crença; caso contrário, não existirei para ser frustrado. De modo reverso, se não creio e ela, porém, existe, serei frustrado em minha crença no dia da morte; se estiver certo, não existirei mais para saber que estava certo.

Assim, penso que, em minha vida pessoal, essa é uma crença que não vale a pena submeter a dúvidas. 

Idealizações do passado - lembranças e representações

Tem um conceito que, a priori, foi desenvolvido por Aristóteles, mas que foi aprofundado pelos sociólogos, psicólogos, linguistas, e pelo pessoal da fenomenologia. É o conceito de “Hábitus”, que “nada mais” seria do que um estado mental entre as experiências passadas e as que estão para acontecer, ou seja, todas as experiências que tivemos no passado servem como referência, como um tipo de capital pessoal histórico acumulado, para que eu possa usar como critério para as coisas que ocorrem agora no meu presente, e o que é presente será o capital acumulado para o que é futuro. Ou seja, pelo menos do ponto de vista da atividade mental, retirando qualquer interpretação religiosa ou espiritualista, é impossível que a gente viva sem abrir mão desse “porão” de pensamentos. 

No entanto, se a gente parar pra pensar, passado e futuro só existem enquanto representações, mas não muito enquanto realidade, então, o saudosismo seria esse apego a representação de coisas que fazem parte do passado, que geralmente idealizamos. Veja, geralmente o primeiro beijo não é uma grande experiência pra grande parte das pessoas, mas quando elas envelhecem, a lembrança do primeiro beijo surge de forma idealizada, assim como as recordações da época de nossa infância.

 Nenhuma criança é super, hiper, mega feliz e satisfeita em ser criança, tanto que sonham com a chegada rápida da vida adulta, mas o adulto tende a pensar a sua infância como algo “florido”, porque ele não tá mais vivendo a infância, mas a representando com a finalidade de dá algum sentido ou significação a própria vida. E os prejuízos do saudosismo em demasia? É que o saudosismo em demasia é a negação da vida. 


(anônimo - não achei o nome do autor)